
Diante de tantos pedidos, Lula est� decidido a selecionar. Vai ao 1º de Maio em S�o Paulo, mas ainda n�o confirmou se estar� presente na reuni�o do diret�rio petista em Bras�lia, onde o assunto ser� a reforma pol�tica. Nesse universo, ele promete centrar fogo em dois pontos: o financiamento p�blico exclusivo e a lista partid�ria, aquela em que o eleitor vota num partido e a legenda � quem diz a ordem dos deputados. O fato de centrar seu esfor�o nesses dois pontos tem l� suas raz�es, avisam alguns petistas. A principal delas � que o PT est� convencido de que, se houvesse financiamento p�blico, n�o haveria mensal�o.
E, para conquistar uma parcela do eleitorado em favor dessas mudan�as, a ideia de Lula � reunir movimentos sociais em breve para discutir os temas. Na avalia��o de que o ex-presidente tem feito com petistas e aliados, se n�o houver uma press�o da sociedade civil organizada, o Congresso n�o far� a reforma pol�tica. Mas, com a sociedade batendo � porta, a aprova��o da reforma se viabiliza – como foi o caso da Lei Ficha Limpa, uma proposta que os congressistas n�o queriam, mas que terminaram aprovando por press�o da sociedade.
Justamente dentro dessa perspectiva de engajar a sociedade que Lula esteve nessa segunda-feira no Rio de Janeiro. Um dos encontros previstos para troca de ideias seria nessa segunda-feira � noite, com o m�sico Chico Buarque. Os dois continuam amigos e Lula quer ouvir todas as classes e categorias que puder.
O ex-presidente est� convencido de que n�o deve concorrer � Presid�ncia da Rep�blica novamente. A um amigo, foi claro: “Primeiro, dificilmente, eu faria um mandato melhor do que j� fiz e teria a popularidade que tive. E segundo essa fase passou. Agora tenho outras miss�es”, afirmou, citando a sua inten��o de ajudar Dilma a fazer um governo “t�o bom que ela seja reeleita”.
Compromissos
O fato de achar que n�o deva concorrer � Presid�ncia da Rep�blica n�o quer dizer que ele v� deixar de lado o seu passado. Ele deseja, por exemplo, voltar mesmo �s portas das f�bricas em breve e vai aproveitar o 1º de Maio para estreitar ainda mais seus la�os com o ber�o de sua carreira pol�tica, o movimento sindical. Da elei��o em 2002 ao fim do mandato de oito anos, Lula festejou com as centrais apenas uma vez, em 2010, quando precisava do apoio das entidades trabalhistas para eleger Dilma Rousseff.
O Sindicato dos Metal�rgicos do ABC aguarda a presen�a de Lula na Festa do Trabalhador deste ano. A presen�a do ex-presidente nas missas de S�o Bernardo do Campo se repetiu ao longo dos dois mandatos. Mas os companheiros de milit�ncia planejam “reapresentar” o ex-presidente aos trabalhadores sem faixa e sem todo o aparato estatal.
Al�m da participa��o nas comemora��es do 1º de Maio, o sindicato prepara uma festa para inaugurar “a volta � porta de f�brica” no dia 12, quando a entidade que Lula j� comandou completar� 53 anos. “A gente sonhou a vida toda que um dia tivesse um presidente com essa caracter�stica. Estamos contando com a presen�a dele no 1º de Maio, mas estamos ansiosos, mesmo, � pela porta de f�brica. Primeiro de Maio � uma coisa na pra�a, o simb�lico � ir � porta, liberado daquela infraestrutura da presid�ncia, sem aquele aparato presidencial”, afirma o presidente da entidade, S�rgio Nobre.
O ex-presidente voltou a frequentar a sede do sindicato. De acordo com Nobre, Lula prometeu comparecer � vota��o marcada para os dias 4 e 5, quando ser� eleito o comando do sindicato. “Ele disse que vai votar na minha chapa”, conta o presidente do Sindicato dos Metal�rgicos do ABC.
O primeiro discurso de Lula p�s-presid�ncia na festa dos trabalhadores � aguardado como uma esp�cie de recado � presidente Dilma Rousseff, para que a sucessora abrace compromissos trabalhistas que ficaram pendentes durante os oito anos do governo do petista. Na pauta das centrais sindicais est�o pleitos como as 40 horas semanais de trabalho, fim do fator previdenci�rio e regulamenta��o dos funcion�rios terceirizados, afirma o presidente da For�a Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). “Estamos aguardando o Lula no 1º de Maio, hoje, com mais liberdade, para falar sobre essas quest�es que como presidente n�o conseguiu resolver.”