
Grava��es de encontros dela com o psiquiatra paulista Luis Altenfelder Silva Filho, captadas pelo circuito interno da casa da promotora e apreendidas com autoriza��o da Justi�a, mostram detalhes da arma��o para que ela fosse considerada doente por peritos judiciais. Deborah foi afastada em dezembro de suas fun��es no Minist�rio P�blico (MP) do DF. Al�m das a��es na Justi�a, ela responde a um processo disciplinar no Conselho Nacional do Minist�rio P�blico (CNMP), que pode aprovar sua demiss�o do servi�o p�blico. Ela ainda recebe sal�rio.
“Posso falar euf�rica?”, pergunta Deborah durante uma “aula” cujo objetivo era trein�-la para ser reprovada num teste de sanidade mental. “Pode. Muito excitada, euf�rica e com o pavio muito curto”, responde o m�dico. “N�o tem erro, e qualquer residente de primeiro ano de psiquiatria, ouvindo voc�, vai falar assim: ‘essa menina � bipolar’”, diz o psiquiatra. O marido dela, o empres�rio Jorge Guerner, que tamb�m est� preso, acompanhava tudo. As “li��es” foram dadas na sala da casa de Deborah em Bras�lia e ganharam o apelido de “teatro da loucura” nos bastidores da investiga��o.
Ao fingir uma doen�a, a estrat�gia de Deborah, segundo a investiga��o, seria evitar a aplica��o de alguma pena por envolvimento no esc�ndalo de corrup��o no DF, obstruir dilig�ncias - como faltar a depoimento - e garantir uma aposentadoria compuls�ria por invalidez, com um sal�rio de mais de R$ 20 mil. Deborah e seu marido s�o acusados, entre outras coisas, de cobrarem propina do ex-governador do DF Jos� Roberto Arruda para garantir a prote��o do Minist�rio P�blico em uma a��o que contaria com a participa��o do ex-chefe dos promotores de Bras�lia, Leonardo Bandarra.
Resposta
Procurado pela reportagem, o psiquiatra Luis Altenfelder Silva Filho negou que tenha orientado a promotora a simular uma doen�a. “N�o tem nada disso. Eu usei t�cnicas de psicodrama. Houve um trabalho psicodram�tico”, disse o m�dico. “O objetivo era tranquilizar a paciente para um depoimento."
Questionado sobre o conselho que teria dado para a promotora usar roupas chamativas nas per�cias m�dicas, o psiquiatra afirmou: “Era como ela sempre ia ao consult�rio”. O psiquiatra reafirmou que a promotora tem “transtorno bipolar”. Acrescentou ainda que n�o teve acesso aos autos e que seus advogados devem se manifestar nos pr�ximos dias.
J� o advogado da promotora, Pedro Paulo Guerra de Medeiros, informou que teve acesso ao pedido de pris�o preventiva, mas disse que n�o vai se manifestar sobre o conte�do do documento porque o caso corre sob segredo de Justi�a. Sem entrar em detalhes, Medeiros afirmou que sua cliente nunca simulou ter doen�a mental. “At� onde eu sei, os laudos m�dicos s�o reais.”