
A preval�ncia feminina em Barroso, por�m, come�ou antes, em janeiro, quando a vereadora Vera Pereira assumiu o posto de presidente do Legislativo e se somou �s outras duas que j� comandavam o Executivo e o Judici�rio. � �poca da elei��o, em 2008, foi feito acordo em que cada uma das chapas seria presidente da C�mara por um ano. Um, entretanto, acabou ficando dois anos e Vera teve que se impor, articulando situa��o e oposi��o, para se tornar a chefe da C�mara barrosense em janeiro. “N�o aceitei a puxa��o de tapete”, lembra Vera.
Apesar de articular com a oposi��o, Vera se declara da base da prefeita Eika. “Defendo os projetos que a prefeita manda”, garante a vereadora, primeira mulher a ser eleita presidente da C�mara na hist�ria da cidade desde a emancipa��o em 1953. A prefeita Eika tamb�m � pioneira e assumiu o Executivo pela primeira vez em 2001, ficando quatro anos no poder.
Eika n�o foi reeleita e, quando tentou voltar ao posto em 2008, teve que descascar um abacaxi: foi acusada de usar indevidamente as verbas da sa�de e teve a candidatura impugnada. Quem decidiu, em primeira inst�ncia, pela impugna��o foi a terceira mulher poderosa de Barroso, a ju�za Val�ria Dornelas. Eika conseguiu ser absolvida na �ltima inst�ncia, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas ficou pouco mais de um ano fora do cargo.
A prefeita diz que n�o guarda m�goas e que o relacionamento � o melhor poss�vel. Quando se encontram nos corredores do Pal�cio dos Tr�s Poderes trocam beijos, abra�os e perguntam pela fam�lia. Ali�s, a proximidade � for�ada pelo pal�cio, localizado no Centro da cidade, em frente � igreja matriz e a pra�a principal. O pr�dio de quatro andares tem a prefeitura nos dois primeiros, o f�rum no terceiro e a C�mara no �ltimo.
Na avalia��o da ju�za Val�ria, o relacionamento entre mulheres � mais f�cil, “menos formal”. Ela explica que os homens s�o mais formais, enquanto as mulheres primeiro conversam sobre a fam�lia e depois tratam dos assuntos profissionais. Ali�s, Val�ria explica que quando � necess�rio conversar com a prefeita ou com a presidente da C�mara prefere faz�-lo pessoalmente ou ao telefone. “Quando preciso encaminhar algo � assist�ncia social da prefeitura, por exemplo, converso pessoalmente antes de mandar um of�cio”, explica.
A prefeita, que j� planeja a candidatura para o pr�ximo ano, pode ter outro quiproqu� do poderio feminino para enfrentar. Isso porque a presidente da C�mara tamb�m almeja a cadeira do Executivo. Vera n�o descarta a candidatura, mesmo sendo da base da prefeita. “Vai depender do partido”, escorrega. Por�m, o brilho nos olhos diante da possibilidade de comandar o Executivo municipal n�o esconde o desejo da chefe do Legislativo. A prefeita, ao ser questionada sobre essa possibilidade, reage com certa naturalidade: “Todos podem ser candidatos”. Ela completa que antes de se decidir pela reelei��o precisa cumprir algumas promessas de campanha: “O esgotamento sanit�rio de tr�s bairros, a constru��o de uma escola municipal e a finaliza��o do distrito industrial da cidade”, detalha.
Gentileza
Nas ruas, o sentimento da popula��o � uma mistura de aprova��o com um pouco de indiferen�a. “� a mesma coisa”, diz o fiscal de obras Jo�o Reginaldo da Costa. Depois, ele reflete com calma e complementa: “O lar em que a mulher manda � um lar feliz”. J� o aposentado Cl�udio Ladeira acredita que trabalhar com as mulheres � melhor, pois obriga os homens a serem mais gentis. “� preciso ter jogo de cintura. Em mulher bater n�o pode e apanhar � triste”, filosofa Ladeira. Deixando a brincadeira de lado, o aposentado diz que a vantagem � que as mulheres est�o mais dispostas a ouvir. Em contrapartida, ele assume que diante do poder feminino em Barroso a solu��o � mudar a postura e se preparar no momento em que for abord�-las. J� a dona de casa Elizandra Maria Ferreira diz que “sinceramente” n�o v� nenhuma diferen�a no estilo de governar das mulheres e dos homens. “Em casa tem que mandar os dois. Se s� a mulher mandar, n�o d� certo”, exemplifica Elizandra.