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Estado de Minas

Topete de Itamar exteriorizava estilo audacioso para uns, arrogante para outros


postado em 03/07/2011 08:11 / atualizado em 03/07/2011 10:52

(foto: Quinho)
(foto: Quinho)
O topete em Itamar n�o era s� adorno. Era uma forma de exteriorizar o estilo do ex-presidente da Rep�blica, audacioso para uns, arrogante para outros, singular para todos. O que dizer de um governador que manda tropas da Pol�cia Miitar ao confronto com as do Ex�rcito na porteira da fazenda da fam�lia do presidente da Rep�blica? Ou que usa cita��es em latim para explicar o pragm�tico dia a dia da pol�tica? Ou que manda telegrama de apoio a um desafeto hist�rico quando todos est�o contra ele? Da prefer�ncia por ternos azul-marinho � persist�ncia em reeditar o velho Fusca, o jeito Itamar de ser irritou advers�rios que, repetidas vezes, o chamaram de ciclot�mico. Para os amigos e eleitores fi�is, revelava um homem firme em suas convic��es e disposto a brigar com todas as armas por elas.

A rela��o mais ruidosa com um dos mais importantes personagens da Rep�blica sintetiza a marca de Itamar: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou de apadrinhado a inimigo e novamente a aliado. Os tapas e beijos trocados foram interpretados como reflexo de uma situa��o que n�o foi criada por nenhum dos dois: a opini�o p�blica sempre enxergou no tucano o verdadeiro pai do Plano Real, apesar de o programa ter sido arquitetado por muitas m�os. At� porque o pr�prio Itamar, ao enxergar ali a melhor bandeira para eleger o sucessor, deu todos os cr�ditos a FHC durante a campanha. Depois, mordeu a l�ngua.

A vingan�a veio assim que Itamar tomou posse como governador de Minas, em 1999, no segundo mandato de FHC. Inconformado em encontrar o caixa vazio, sem verba at� para comprar len��is e fronhas para se mudar para o Pal�cio das Mangabeiras, Itamar anunciou a morat�ria. Redigiu de pr�prio punho a declara��o de guerra: “Por absoluta falta de dinheiro, deixaremos de cumprir o acordo financeiro feito com o governo anterior”. Se transformou em arauto de outros governadores que mendigavam ajuda do Planalto. Para refor�ar, chegou a mobilizar tropas da Pol�cia Militar para fazer manobras na regi�o de Capit�lio (MG), um cen�rio montado contra a privatiza��o de Furnas, marca do seu nacionalismo.

Na �poca, a revista inglesa The Economist n�o o poupou. Num artigo intitulado A vingan�a de Itamar Franco, resumiu: “Ele era conhecido como um homem ciclot�mico com cabelo desgrenhado e id�ias mais desgrenhadas ainda”. FHC fez de tudo, mandou emiss�rios, mas o mais cinematogr�fico ainda estava por vir. No ano seguinte, o ent�o governador de Minas enviou tropas da PM a Buritis, a 750 quil�metros de Belo Horizonte. O inimigo eram 300 soldados do Batalh�o da Guarda Presidencial (BGP), acantonados na Fazenda C�rrego da Ponte, de propriedade de tr�s filhos de FHC. O Ex�rcito queria impedir uma invas�o do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mas, para Itamar, se tratava de uma viola��o das normas constitucionais. Em Belo Horizonte, o Pal�cio da Liberdade foi transformado num bunker, com direito a carro blindado no port�o principal. A seguran�a foi refor�ada por atiradores de elite armados com fuzis e metralhadoras e com m�scaras tipo ninja. Ao fim da peleja, n�o houve disputa nem em Buritis nem em Belo Horizonte.

Depois de quatro anos de rompimento, as pazes foram seladas em semin�rio de comemora��o dos oito anos do Plano Real. FHC saudou o “prezado amigo governador” e Itamar o abra�ou ao fim do discurso.

CONTAGEM REGRESSIVA Itamar Franco era tamb�m obcecado em mostrar a todos que o cercavam que n�o tinha apego ao cargo e ao poder, que considerava completamente ef�meros. Como prova disso, mantinha um calend�rio pregado na parede de um pequeno escrit�rio reservado de trabalho, ao lado de seu gabinete presidencial de despachos, no terceiro andar do Pal�cio do Planalto. Nele, marcava religiosamente cada dia que passava, que considerava um dia a menos no cargo. Justamente por ter sucedido Fernando Collor de Mello, que sofreu impeachment acusado de corrup��o, Itamar imprimiu um padr�o �tico em seu governo. Desse modo, o surgimento de qualquer suspeita de irregularidades ou desvios fazia com que exclu�sse os auxiliares de seus cargos, por mais que fossem seus amigos.

O ex-presidente preocupava-se com as coisas b�sicas do dia a dia, como o pre�o do botij�o de g�s, da mensalidade escolar, da taxa de juros do cheque especial ou das passagens de �nibus. Bastava que um jornalista ou um assessor o informasse em que o pre�o do rem�dio tinha subido exageradamente – assunto que ele tinha fixa��o –, ou da gasolina, do p�o ou do leite, para ele convocar o ministro da respectiva �rea e exigir explica��es. Depois, chamava a imprensa para informar o que estava sendo feito para corrigir aquilo.

Ele odiava todos os rituais da Presid�ncia e, principalmente, o aparato de seguran�a que o cercava. N�o cansava de demonstrar isso. Tamb�m n�o se cansava de tentar driblar os seguran�as ou fugir deles. Fez isso v�rias vezes em Juiz de Fora, cidade que adotou como sua terra natal, em Bras�lia, ou at� durante viagens ao exterior.

Namoros viraram not�cia


O universo feminino � um cap�tulo � parte na trajet�ria p�blica de Itamar Franco. Supostos namoros, romances e affairs do ex-presidente se tornaram parte do notici�rio nacional, em alguns casos envoltos em aura de esc�ndalo. As imagens de Itamar ao lado de L�lian Ramos, num camarote do carnaval do Rio em 1994, correram o mundo. A modelo, que havia desfilado com os seios � mostra, mandando beijinhos para o presidente, se postou ao lado do chefe da na��o vestindo uma microssaia e sem calcinha. E foi fotografada assim.

Quando assumiu a Presid�ncia, Itamar j� era divorciado de Anna Elisa Surerus – mo�a elegante e rica da sociedade de Juiz de Fora –, com quem teve duas filhas, Giorgiana e Fabiana. Ao chegar ao Pal�cio do Planalto, Itamar mantinha um relacionamento discreto com Lisle Heusi de Lucena, filha do ex-senador Humberto Lucena.

J� no governo de Minas, surgiram rumores de um romance do ex-presidente com sua ajudante de ordens, a tenente da Pol�cia Militar, K�nia Prates, com quem o ent�o governador chegou a ser fotografado de m�os dadas. K�nia foi substitu�da pela capit� Doralice Lorentz Leal, que Itamar assumiu oficialmente como namorada. O romance do governador com a discreta e sisuda ajudante de ordem n�o chegou a incomodar a corpora��o, at� que Doralice foi promovida ao posto de major, em 2001.

No entorno de Itamar, entre os fi�is aliados de Juiz de Fora, sempre se destacavam duas mulheres: Ruth Hargreaves e Neuza Mitterhoff. A primeira � irm� do ex-ministro Henrique Hargreaves, ocupou o cargo de secret�ria da Presid�ncia e esteve ao lado do ex-presidente em todas as campanhas eleitorais que ele disputou. J� dona Neuza atuava como uma esp�cie de guardi� de Itamar, com quem trabalhava h� mais de 40 anos. Costumava fazer o papel de assessora de imprensa, comandava o escrit�rio pol�tico em Juiz de Fora e assessorava o ex-presidente inclusive em sua resid�ncia. (Com ag�ncias)


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