Bras�lia – O ministro do Turismo, Pedro Novais, dep�e nesta ter�a-feira na Comiss�o de Turismo do Senado sob a ameaca de ser o pr�ximo titular do Executivo a ter de limpar as gavetas na Esplanada. No fio da navalha desde a deflagra��o da Opera��o Voucher, que levou � pris�o de 36 pessoas pela Pol�cia Federal, Novais enfrenta agora a press�o interna de parte da bancada de deputados, insatisfeitos com a lideran�a de Henrique Eduardo Alves (RN), principal fiador da indica��o de Novais. Para esse grupo, a situa��o do ministro na pasta ficou insustent�vel. “Ele n�o tem mais condi��es para permanecer no cargo, est� completamente enfraquecido”, declarou um deputado dissidente.
Politicamente, a situa��o de Novais est� praticamente definida. Como a indica��o dele foi endossada por Henrique Eduardo Alves, em vaga que pertencia � C�mara, todos os caminhos apontam para um ministro sem apoio no pr�prio partido. Ele vai depor nesta ter�a-feira no Senado mas ningu�m sabe ao certo por quanto tempo ele poder� ostentar o cargo de ministro. “At� a semana passada ele estava disposto a permanecer no cargo. Mas a press�o no fim de semana foi muito grande e eu n�o sei como est� o estado de esp�rito dele hoje (segunda-feira)”, disse um ministro peemedebista ao Estado de Minas.
Esse mesmo ministro garantiu que Novais � um homem honesto e que as recentes den�ncias envolvendo seu nome estariam atrapalhando seu trabalho, o que poderia fazer com que ele tomasse a mesma decis�o de Wagner Rossi, que pediu exonera��o do Minist�rio da Agricultura alegando “press�es familiares”. Os dissidentes da bancada reclamam que, visado pela Opera��o da Pol�cia Federal, o ministro do Turismo perdeu a capacidade de “operar politicamente” para o partido. Ou seja: n�o consegue mais garantir recursos de emendas nem firmar conv�nios que interessem � legenda.
Presidente em exerc�cio do partido, o senador Valdir Raupp (RR), acredita que, at� o momento, apenas uma minoria defende a exonera��o de Novais. “Ele � um deputado indicado pela maioria da bancada. Se a bancada indicou, enquanto a maioria n�o retirar esse apoio, n�o � o caso de discutir isso (a demiss�o do ministro)”, afirmou Raupp. Um assessor pemedebista lembra, no entanto, que esses movimentos tornam-se incontrol�veis de uma hora para outra. “O Eun�cio Oliveira (hoje senador pelo PMDB cearense) j� perdeu o cargo de l�der e, em outro momento, teve que deixar o Minist�rio das Comunica��es por ter ficado sem o apoio da bancada de deputados do partido”, recordou um interlocutor do partido.
Dissid�ncia
Mas o movimento dissidente preocupa a c�pula partid�ria, que come�ou a movimentar-se nessa segunda-feira para tentar conter os rebelados. Um grupo de parlamentares, dentre eles Danilo Fortes (PMDB-CE), reuniu-se na noite dessa segunda com o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP). O convite para o encontro partiu de Temer, disposto a ouvir quais os problemas identificados pelo grupo. Temer tenta evitar que a rela��o do partido com o Planalto volte a se deteriorar. Nesta ter�a-feira, ele oferecer� um jantar de todo o partido – deputados, senadores e ministros peemedebistas – para a presidente Dilma Rousseff e ministros palacianos no Pal�cio do Jaburu, resid�ncia oficial da vice-presidente.
Apesar de ter refor�ado a necessidade da parceria com o PMDB, seguindo os conselhos dados a ela pelo ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, Dilma promoveu nessa segunda-feira as altera��es que pretendia na diretoria de Furnas, retirando os �ltimos diretores ligados ao PMDB de Eduardo Cunha (RJ) e Romero Juc� (RR). Saem Mario Marcio Rogard, Marcio Porto e Luiz Hamann. Os diretores substitutos t�m um perfil t�cnico, como cobra a presidente Dilma nos cargos de dire��o no setor el�trico. Mas o diretor Luiz Fernando Paroli, da Diretoria de Gest�o Corporativa, ligado ao petista Odair Cunha (MG) permanece no cargo. (Colaborou D�bora �lvares)
O que pesa contra
Confira os principais problemas enfrentados pelo ministro do Turismo, Pedro Novais.
Pol�cia Federal prendeu 36 pessoas suspeitas de fraudes no Minist�rio do Turismo na Opera��o Voucher;
Relat�rios do Tribunal de Contas da Uni�o informaram ao ministro as irregularidades tr�s semanas antes da opera��o;
Como deputado, o ministro destinou R$ 1 milh�o de emendas ao Turismo para construir uma ponte em uma cidade no Maranh�o – Barra do Corda – sem nenhuma tradi��o tur�stica;
Antes mesmo de assumir o Turismo, Novais foi acusado de pagar despesas de um motel em S�o Lu�s (MA) com dinheiro de verba parlamentar.