
A batalha contra o c�ncer de laringe fez parte da rotina de Fernando Lelis da Silva Costa h� 11 anos. Um ano depois de passar por uma cirurgia para retirada de um tumor no rim, o aposentado recebeu novamente o diagn�stico da doen�a e, por quatro meses, lutou diariamente para combater o c�ncer. Hoje, aos 72, completamente curado, o mineiro acompanha atento o drama de Lula e, por experi�ncia pr�pria, tem na ponta da l�ngua os conselhos para o ex-presidente: “Neste momento, n�o pode faltar f�. Tem de acreditar muito que voc� pode superar a doen�a e muita empatia com os m�dicos”.
Al�m das altera��es f�sicas iniciais sentidas nas sess�es de radioterapia e quimioterapia – a primeira realizada diariamente; a segunda, semanalmente –, com a queda dos cabelos e problemas nos dentes, outro desafio � manter a motiva��o elevada para continuar firme com o tratamento. “O in�cio foi o momento mais complicado, foi um susto, j� que c�ncer era uma doen�a estigmatizada como uma verdadeira senten�a de morte. Hoje, percebemos uma grande diferen�a e, se tivermos sorte de detectar o problema rapidamente, as chances de cura aumentam muito”, explica.
O oncologista Andr� Murad, que acompanhou Fernando durante o tratamento, lembra a import�ncia de discutir bem cada caso antes de tomar uma decis�o e ressalta que aconteceram avan�os significativos na �rea. “No caso de Fernando, optamos por uma a��o mais conservadora, uma alternativa diferente que se mostrou muito eficaz. H� pouco menos de seis e sete anos, est�vamos em um est�gio diferente. J� temos op��es menos t�xicas e que permitem maior precis�o para atuar em tecidos afetados”, afirma Murad.
ROUQUID�O O aposentado Rey de Paiva, 76 anos, come�ou a desconfiar de que havia alguma coisa errada da mesma forma que Lula. “De repente, comecei a sentir uma rouquid�o. Como nunca tive nada, n�o estava doente, n�o sentia dor na garganta, fui ao m�dico ver o que era”, lembra. Ap�s a bi�psia, foi constatado o tumor maligno. “Quando recebi o diagn�stico, fiquei assustado, mas aceitei e decidi enfrentar. Perdi 10 quilos e tudo o que comia tinha que ser pastoso. N�o foi f�cil, mas � poss�vel enfrentar sem desespero”, conta. De janeiro a mar�o, foram tr�s ciclos de quimioterapia, mais 28 sess�es de radioterapia, e hoje Rey, que n�o teve queda de cabelo, comemora a cura.
O aposentado Josafar Os�rio, 62 anos, recebeu, na tarde de ontem, a not�cia de que tinha vencido o c�ncer. O aposentado, que foi locutor de r�dio, n�o queria perder a fala. Passou por tr�s etapas de quimioterapia e 35 sess�es de radioterapia entre junho do ano passado e outubro deste ano. Durante esse tempo, sentiu muito enjoo e dificuldade para engolir. “Houve dias que eu cheguei a chorar de fome, mas n�o conseguia comer”, diz. Hoje, feliz com a recupera��o, Josafar n�o se incomoda nem com a rouquid�o, que permaneceu ao fim do tratamento. “N�o importa. O que importa � que estou curado”, comemora.
DIAGN�STICO As experi�ncias de Rey e de Josafar s�o frequentes na fam�lia do ex-presidente. Um hist�rico de diagn�sticos de c�ncer cerca os parentes de Lula, que, desde cedo, acostumou-se a lidar com a doen�a. Segundo a bi�grafa do ex-presidente, Denise Paran�, autora do livro Lula, o filho do Brasil, a fam�lia Silva j� encara a doen�a h� pelo menos duas gera��es. “A dona Lindu teve c�ncer no �tero e met�stase. Os tios de Lula tamb�m enfrentaram tumores”, conta Denise.
Jaime, irm�o de Lula, tamb�m teve c�ncer na laringe, mas ainda n�o se sabe se do mesmo tipo do que atinge o ex-presidente. Lulinha, filho do pai de Lula, seu Aristides, morreu v�tima de um c�ncer no c�rebro. Outra irm�, Maria, teve um tumor no seio e se curou. Segundo Denise, a irm� mais velha, Marinete, descobriu a doen�a num est�gio muito avan�ado. “Fez todos os tratamentos poss�veis, mas era muito agressivo”, explicou a bi�grafa, que aposta no sucesso do tratamento de Lula: “Ele passou no grande vestibular da vida do sertanejo, que � n�o morrer antes dos 3 anos. Vai tirar essa de letra”.