Bras�lia – Conforme prometido na sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff resolveu a situa��o de Carlos Lupi (PDT) t�o logo chegou da Venezuela. Ontem, pela manh�, ela recebeu um e-mail do ent�o ministro do Trabalho com a carta de demiss�o. Em seguida, ele telefonou para Dilma e os dois se encontraram no Pal�cio da Alvorada no in�cio da noite, quando Lupi entregou pessoalmente a carta de demiss�o que j� havia preparado no s�bado. O gesto selou a separa��o depois de uma s�rie de den�ncias (veja quadro) e bravatas do ministro, como o “Dilma eu te amo”. O minist�rio agora fica a cargo do secret�rio executivo, Paulo Roberto Santos Pinto, interinamente, enquanto n�o vem reforma ministerial de janeiro. At� l�, a guerra nos bastidores pelo Minist�rio do Trabalho promete ser grande, uma vez que Dilma n�o deu qualquer garantia de que manter� o cargo com o PDT.
As declara��es de Dilma na Venezuela foram o tiro de miseric�rdia, ou “a bala de prata”, que levou Lupi a entender que n�o havia sa�da: ou ele pedia demiss�o ou Dilma o demitiria hoje, depois da reuni�o de coordena��o do governo — aquela em que a presidente avalia a semana com os ministros do Pal�cio do Planalto. O PDT considerou que Dilma tinha sido muito clara ao dizer que n�o era propriamente uma pessoa “rom�ntica”. Ela falou ainda que era dada a an�lises objetivas e que resolveria o assunto quando voltasse da viagem.
Para bons entendedores, o recado estava dado. “O que vale � o que diz a presidenta”, comentou com Lupi o presidente da Funda��o Leonel Brizola Alberto Pasqualini, Manoel Dias, um dos que tentou convencer o ministro de que a situa��o estava dif�cil. Lupi, ent�o, partiu para escrever a carta: “Tendo em vista a persegui��o pol�tica e pessoal da m�dia que venho sofrendo h� dois meses sem direito de defesa e sem provas; levando em conta a divulga��o do parecer da Comiss�o de �tica da Presid�ncia da Rep�blica — que tamb�m me condenou sumariamente com base neste mesmo notici�rio sem me dar direito de defesa — decidi pedir demiss�o do cargo que ocupo, em car�ter irrevog�vel”, disse Lupi, na carta. “Fa�o isso para que o �dio das for�as conservadoras e reacion�rias deste pa�s contra o trabalhismo n�o contagie outros setores do governo”, completou.
A conversa entre Dilma e Lupi foi seca e r�pida, uma vez que n�o havia muito mais o que dizer. Afinal, na quinta-feira, quando o ministro esteve coma presidente no Planalto, ele j� havia feito toda uma defesa a respeito das acusa��es, muitas das quais o governo deu os ombros. Lupi dissera inclusive que n�o sabia que era proibido acumular cargos de assessoria, como fez, sendo um na C�mara de Vereadores do Rio de Janeiro e outro em Bras�lia, na C�mara Federal.
Com a sa�da de Carlos Lupi, o PDT espera recuperar f�lego e, assim, evitar que o Minist�rio do Trabalho caia nas m�os de representantes da Central �nica dos Trabalhadores (CUT). A cada den�ncia nova sobre Lupi crescia o nome de Jos� Feij�, ex-vice-presidente da entidade, que, em abril, foi convidado para trabalhar com o ministro da Secretaria Geral da Presid�ncia da Rep�blica, Gilberto Carvalho. Nos bastidores h� quem diga que, se a presidente Dilma entregar o minist�rio para a CUT, a For�a Sindical pode reunir as demais centrais e come�ar a bagun�ar a vida no governo com manifesta��es por todo o pa�s.