
Quem convive com o ministro da Previd�ncia aponta o jeito distra�do, com um p� no humor, como o trunfo pol�tico de Garibaldi. Pelo interior do Rio Grande do Norte, os discursos inflamados que exigem palmas dos ouvintes d�o lugar �s risadas que o peemedebista arranca da plateia.
Garibaldi construiu a carreira pol�tica como especialista em rela��es interpessoais. Quando n�o est� nos gabinetes de Bras�lia, participa de formaturas, batizados e missas. Tamb�m n�o deixa de visitar doentes em hospital. Nas andan�as pelo interior, carrega um saco de moedas de R$ 1 para distribuir � crian�ada. Tudo bem diferente do estilo da presidente Dilma.
O in�cio da rela��o dos dois, ali�s, foi tensa. Aliados contam que, diante das cobran�as e da braveza da presidente, Garibaldi sa�a da linha de combate, sacando da cartola a t�tica do le�o da montanha. Era o jogo de cintura que os anos de dan�a de sal�o no clube ABC de Natal lhe ensinaram. O tempo amainou o clima entre os dois. Ele se adaptou � rigidez dela; ela se acostumou ao jeito simples e desarmado do potiguar. “Est� surgindo um respeito pelo respeito, um bom relacionamento”, relata um amigo do ministro.
Gra�as a essa boa rela��o, Garibaldi, senador licenciado, colheu os frutos de ter sido um dos poucos ministros do PMDB a atravessar o primeiro ano do governo Dilma sem passar pela tempestade das den�ncias. Ainda n�o sabe se a presidente renovar� os votos, mantendo-o � frente da Previd�ncia. Mas n�o est� preocupado, pois ainda tem longos sete anos de mandato como senador. Sem contar que assumiu a pasta atribuindo � miss�o a aspereza de um abacaxi.
Apesar de ser considerado um curinga na disputa pela presid�ncia do Senado em 2013, j� decidiu que � carta fora do baralho — ele ocupou o cargo entre dezembro de 2007 e fevereiro de 2009 —, pois n�o quer atravessar as pretens�es do primo, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que ainda sonha com a presid�ncia da C�mara. O governo n�o quer ouvir falar nas duas casas comandadas pelo todo-poderoso PMDB.
�culos
Amigos contam que uma das peculiaridades do ministro diz respeito � falta de cuidado com os �culos. Ao fim de uma reuni�o com um desembargador, Garibaldi foi interpelado pelo magistrado, que notou o sumi�o dos �culos que havia deixado em cima da mesa. “Creio que o senhor cometeu um equ�voco”, arriscou, sutil. O ministro enfiou a m�o nos bolsos do palet� e, al�m dos �culos do juiz, encontrou outros tr�s, todos distraidamente colocados no bolso por Garibaldi.
A mem�ria falha tamb�m na hora de atender pedidos de aliados. Prefeitos foram ao gabinete dele antes de deixar o Senado e pediram que entrasse em contato com a Companhia Energ�tica do Rio Grande do Norte, para resolver problemas locais. A secret�ria transferiu a liga��o para o senador, enquanto ele almo�ava no restaurante do Senado. Garibaldi atendeu e, sem titubear, admitiu: “Primeiro, eu tenho que dizer que � um prazer estar falando com o senhor. E a segunda coisa � que eu esqueci do que iria pedir”.
Mas quando o assunto � o cora��o, o ministro � mais zeloso. Durante um almo�o na casa de um prefeito do interior do Rio Grande do Norte, foi at� a cozinha cumprimentar a ajudante da casa pelo banquete. Conversa vai, conversa vem, a mo�a contou a ele que estava sofrendo por amor, pois seu namorado havia ido para Bras�lia. Ele pediu o telefone do rapaz e garantiu que mandaria not�cias. Ningu�m acreditou. Uma semana depois, Garibaldi deu um retorno ao prefeito que havia sido seu anfitri�o. “Falei com Raimundo. Ele � meio ensaboado, n�o quer mais conversa com a Socorro, n�o”, disse, para tristeza da funcion�ria do prefeito.
Trajet�ria pol�tica
» 1947 - Nasce em Natal e recebe o mesmo nome do pai
» 1966 - Aos 19 anos, � nomeado pelo tio, Alu�sio Alves, chefe da Casa Civil da prefeitura de Natal
» 1985 - � eleito prefeito da cidade
» 1987 - Chega ao Senado
» 1994 - � eleito governador do estado e reeleito quatro anos depois
» 2007 - � escolhido para presidir o Senado