Movimentos sociais, coordenados pelo Levante Popular da Juventude, fizeram na manh� desta segunda-feira manifesta��es para expor publicamente ex-militares e policiais acusados de tortura, abusos sexuais e homic�dios durante a ditadura militar (1964-1985). Os atos ocorreram em frente � casa ou no local de trabalho dos acusados. As a��es est�o programadas para ocorrer em seis estados: S�o Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Par� e Cear�.
Em S�o Paulo, a sede da empresa de seguran�a privada Dacala, do delegado aposentado do antigo Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops), David dos Santos Araujo, foi o alvo da manifesta��o. Cerca de 200 pessoas – com cartazes que traziam estampados os rostos de presos pol�ticos mortos durante a ditadura – denunciaram a participa��o do ex-delegado em assassinatos e tortura durante o regime.
Em 30 de agosto de 2010, o MPF moveu a��o p�blica para que Araujo fosse pessoalmente responsabilizado pelas pr�ticas criminosas. Segundo o relato do atual presidente do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana de S�o Paulo, Ivan Seixas, preso aos 16 anos, junto com o pai, Joaquim Alencar de Seixas, David dos Santos Araujo, o “capit�o Lisboa”, estava entre os torturadores.
“[Ele] era o que mais batia”, disse no depoimento ao MPF. Seixas tamb�m contou que, como forma de press�o, os policiais o torturaram e o levaram para uma �rea deserta e simularam seu fuzilamento. Uma das irm�s de Seixas afirmou ao MPF que foi abusada sexualmente por Araujo.
“O ato � para pressionar, para que a Comiss�o da Verdade ocorra de fato. A gente veio para dialogar com quem trabalha com o acusado de tortura. [� para] expor, constranger e denunciar o torturador para quem convive com ele”, disse um dos porta-vozes do movimento, o estudante da Faculdade de Direito da Universidade de S�o Paulo (USP) Caio Santiago.
Segundo os organizadores, a manifesta��o foi inspirada em a��es similares feitas na Argentina e no Chile, chamadas de Escracho. “Sa�mos � rua hoje para resgatar a hist�ria do nosso povo e a hist�ria do nosso pa�s. Lembramos talvez da parte mais sombria da hist�ria do Brasil e que parece ser propositadamente esquecida: a ditadura militar”, diz o texto do manifesto lido em frente � empresa de Araujo, na zona sul de S�o Paulo.
A reportagem entrou em contato com a empresa Dacala para tentar ouvir o ex-delegado, mas ainda n�o obteve retorno.
O Levante Popular da Juventude surgiu em 2006 no Rio Grande do Sul, com jovens de universidades, das periferias das cidades e do campo. Hoje conta com aproximadamente 200 militantes no pa�s. Tamb�m particiaparam do ato em S�o Paulo membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Consulta Popular e do Comit� Paulista pela Mem�ria, Verdade e Justi�a.