O ministro Carlos Ayres Britto assume nesta quinta-feira a chefia do Poder Judici�rio e fica no cargo por sete meses sem um plano de metas e estrat�gias. No entanto, ele decidiu que seu mandato primar� pelo di�logo aberto com ju�zes, representantes do Legislativo, do Executivo e de entidades diversas e com seus pr�prios colegas de Tribunal para articular assuntos de interesse do Judici�rio. O perfil � uma guinada em rela��o ao padr�o mais centralizador do antecessor, Cezar Peluso.
Preocupado com a autoestima dos ju�zes, Britto pretende direcionar seus esfor�os � frente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justi�a (CNJ) para mostrar que os “bandidos de toga” s�o exce��o. Ele n�o chegou a definir a��es espec�ficas para restaurar a unidade da categoria, mas j� � certo que defender� uma postura menos “belicosa” com os magistrados por parte da corregedora Eliana Calmon.
Uma das evid�ncias sobre essa postura conciliadora � a aproxima��o do ministro Ayres Britto de entidades de classe da magistratura, principais cr�ticas do CNJ. Britto escolheu tr�s ex-dirigentes de associa��es de ju�zes para auxili�-lo na presid�ncia do conselho.
A aproxima��o com a magistratura tamb�m prev� a retomada das negocia��es com o Executivo e com o Legislativo para o reajuste salarial da categoria, estagnado desde 2009. Ainda n�o h� defini��o sobre a articula��o de um terceiro Pacto Republicano com os demais poderes, mas � certo que, caso isso aconte�a, a pauta sugerida inicialmente por Peluso sofrer� altera��es.
Internamente, Britto quer que os colegas participem mais dos assuntos da Suprema Corte e colher� opini�es sobre a manuten��o do rigoroso sistema de seguran�a implantado na gest�o de Peluso e sobre crit�rios que restringem a transpar�ncia de processos, como o uso de iniciais para identificar investigados em inqu�ritos.
Caso o julgamento do mensal�o ocorra mesmo durante sua gest�o, ele convocar� os ministros para formatar o julgamento, que promete ser o mais extenso e complexo j� ocorrido no STF.
A imagem dos ju�zes vem sendo colocada em xeque desde o ano passado, quando a Corregedoria do Conselho Nacional de Justi�a passou a atuar de forma mais incisiva contra desvios cometidos nos tribunais. As cr�ticas acabaram provocando um racha na magistratura, especialmente entre a c�pula, resistente a interven��es externas, e a base, que n�o se identificava com as cr�ticas sobre falta de transpar�ncia.