Mais do que intermediar interesses de Carlinhos Cachoeira, o senador Dem�stenes Torres (sem partido-GO) atuou como uma esp�cie de cobrador a servi�o do contraventor. Grava��es telef�nicas feitas pela Pol�cia Federal na Opera��o Monte Carlo mostram o parlamentar prestando conta de press�es que fez contra o prefeito de Aparecida de Goi�nia e o ex-governador de Goi�s, Maguito Vilela (PMDB), para que ele come�asse a quitar logo compromissos assumidos com Cachoeira.
“Acabei de falar com ele. Ele (disse que) cumpriu tudo e n�o sei o qu�, para voc� ficar tranquilo, que j� vai come�ar logo. Eu falei: ‘o rapaz l� t� uma on�a. Vai explodir. Disse que voc� n�o fez nada’. Ele disse: ‘N�o. Eu fiz. � que o trem demora a acontecer’ e tal. Deixei ele l� intranquilo”, diz Dem�stenes a Cachoeira, que, impaciente, desliga o telefone.
Desde dezembro de 2010, o servi�o de coleta de lixo e limpeza urbana de Aparecida de Goi�nia est� sob responsabilidade da Delta Constru��es. A PF descobriu que Cachoeira atuava para favorecer a construtora - que teve o seu ent�o diretor no Centro-Oeste, Claudio Abreu, denunciado pelo Minist�rio P�blico Federal. O contrato para a Delta cuidar do lixo da cidade, assinado na gest�o de Maguito, vai render R$ 51,47 milh�es � construtora num prazo de cinco anos.
A Delta deve ser um dos alvos de investiga��o da CPI do Cachoeira, prevista para come�ar nesta quarta. A assessoria de imprensa de Maguito informou que o prefeito jamais tratou de nenhum assunto relacionado a Cachoeira com Dem�stenes.
Em maio de 2009, outra conversa gravada pela PF mostra o senador marcando encontros a servi�o de Cachoeira, cujo objetivo era obter uma audi�ncia do ent�o prefeito de Goi�nia, �ris Rezende (PMDB), com o ex-governador Maguito Vilela e dois de seus parceiros, identificados como “Enimar” e “professor”.
“Fala mestre, onde voc� est�? Tem que ir l� encontrar o �ris”, diz Dem�stenes a Cachoeira. “Vai l� ent�o e a gente encontra depois. �nica coisa que eu quero depois � que voc� pede (sic) uma audi�ncia para o Enimar (...) Voc� podia marcar porque o professor, ele podia numa segunda”, orienta Cachoeira, acrescentando: “Porque tem que ser conjugado os dois, n�? O Maguito e o �ris.” Logo depois do encontro com �ris, o senador liga para Cachoeira e presta conta. Os dois, ent�o, combinam um encontro.
Procurado, o advogado de Dem�stenes, Ant�nio Carlos de Almeida Castro, diz que n�o falaria sobre grava��es pontuais. �ris Rezende disse nunca ter tratado da audi�ncia citada no grampo com o senador.