Bras�lia – As intercepta��es telef�nicas dos comparsas do bicheiro Carlinhos Cachoeira, realizadas pela Pol�cia Federal com autoriza��o judicial, indicam que a quadrilha era composta por um bra�o armado respons�vel por homic�dios e a��es de intimida��o para manter os neg�cios do grupo. Duas conversas monitoradas entre quatro integrantes do grupo de Cachoeira entre 6 de abril e 25 de junho de 2011 fizeram os investigadores suspeitarem da exist�ncia de esquema de pistolagem, paralelamente � rede ilegal de Cachoeira.
Outros dois interlocutores, integrantes da quadrilha de Cachoeira, tamb�m investigados por supostamente contratar pistoleiros, tiveram telefonemas monitorados pela Pol�cia Federal. Na conversa, um relata ao outro que est� “com um problema a� pra resolver” e pede a indica��o de um policial militar ou civil da quadrilha para “resolver” o “neg�cio”. O comparsa ainda questiona se o problema seria relativo a m�quinas ca�a-n�queis, e o interlocutor responde que n�o. “N� n�o. � outro trem a�...tem um vagabundo dando trabalho a�.”
CPI
As conversas grampeadas pela pol�cia revelam um perfil violento do grupo, informa��o confirmada pelo delegado Raul Alexandre Souza, em depoimento � CPI do Cachoeira. De acordo com o delegado, integrantes da quadrilha foram flagrados durante a investiga��o discutindo sequestro de um explorador de m�quinas ca�a-n�queis que estaria enganando o grupo.
O pr�prio Cachoeira foi flagrado nos grampos ligando para um policial pedindo que a autoridade “desse um jeito” em um homem que amea�ou de morte o filho de um amigo do contraventor. Durante a desaven�a, o bicheiro pediu a interven��o policial na briga, como um favor. “Ele n�o mexe com droga, s� pode ter mexido com a mulher do cara. D� um jeito nesse cara”, pede.
De acordo com o jurista Emanuel Messias Oliveira Cacho, conselheiro da Associa��o Brasileira dos Advogados Criminalistas, as apura��es da Opera��o Monte Carlo, que focam a atua��o do contraventor, podem dar origem a diversos outros inqu�ritos, inclusive um para apurar o crime de pistolagem. “Da CPI podem se formar v�rios inqu�ritos. Se a CPI descobrir crime de pistolagem, pode mandar para a pol�cia investigar, a Pol�cia Civil ter� que conduzir, pois os homic�dios dever�o ser analisados pela Justi�a estadual.”
Dois integrantes do grupo de Cachoeira, identificados como Jefferson e Marco, conversam sobre a contrata��o de dois pistoleiros. Veja a transcri��o:
Marco: Oi, doutor
Jefferson: Oi, meu irm�o, como voc� est�, meu parceiro?
Marco: Vou indo.
Jefferson: Eu estou com dinheiro jogando fora.
Marco: O senhor mudou de �rea, est� no Plano Piloto, como est� a concorr�ncia para roubar?
Jefferson: O trem est� bonito. Estou com um neg�cio pra gente ganhar dinheiro.
Marco: � bom.
Jefferson: O cara requer dois caras bons, de profiss�o, entendeu? Eu falei pra ele que tenho uma indica��o sua, voc� leva R$ 1 mil.
Marco: O que o cara quer, � pra arrochar quem?
Jefferson: N�o � para arrochar, � para tomar ben��o l� em cima.
Marco: T� ligado.
Jefferson: Ent�o voc� indica duas pessoas pra mim, pra poder trabalhar, pra poder o pessoal subir l� pra cima.
Marco: T� ligado.
Jefferson: Amanh� vou estar entrando em contato com voc�, pra conversar diretamente com o pessoal.
Falei: Eu n�o tenho, mas tenho pessoas que trabalha j� na �rea com isso h� muito tempo e tem experi�ncia disso.
Marco: Limpinho.
Jefferson: Voc� vai passar, vai levar R$ 1 mil s� pra indicar duas pessoas.
Enquanto isso, oposi��o ataca convoca��o
A possibilidade de convoca��o do procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel, para depor na CPI do caso Cachoeira, foi duramente atacada por senadores da oposi��o e da base aliada. Em um plen�rio quase vazio, como � comum nas sextas-feiras, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), Pedro Simon (PMDB) e Rodrigo Rollemberg (PSB) criticaram o PT por tentar for�ar a convoca��o do procurador e acusaram o partido de tentar desviar o foco da CPI. "Trata-se de uma manobra para desviar as aten��es do foco principal da CPI e em rela��o ao julgamento do mensal�o, que se aproxima", disse Nunes. O presidente da CPI, senador Vital do R�go (PMDB-PB), disse que a comiss�o deve votar na quinta-feira, dia 17, um pedido para convocar Gurgel.