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Estado de Minas "DOM CACHOEIRA"

Carlinhos Cachoeira tinha o poder de um chef�o mafioso

Ele agia � semelhan�a de Vitor Corleone, personagem vivido no cinema por Marlon Brando, no comando de megaesquema de contraven��o, com forte influ�ncia sobre pessoas e institui��es.


postado em 20/05/2012 07:04 / atualizado em 20/05/2012 11:06

Em um dos trechos do relatório da Operação Monte Carlo, que desbaratou o esquema do contraventor, o Ministério Público destaca o que chama de
Em um dos trechos do relat�rio da Opera��o Monte Carlo, que desbaratou o esquema do contraventor, o Minist�rio P�blico destaca o que chama de "articula��o impressionante" de Cachoeira , "digna de nota". (foto: Roosewelt Pinheiro/ABr)


N�o � � toa que Carlos Augusto de Almeida Ramos, de 49 anos, o Carlinhos Cachoeira, gostava de ser chamado de dom. Como dom Vito Corleone, personagem imortalizado no cinema por Marlon Brando, em O poderoso chef�o, Cachoeira fazia favores em troca de lealdade, comandava com m�o de ferro um enorme esquema de contraven��o com a coniv�ncia da pol�cia, usava mais de cinco dezenas de empresas de fachada para dar ares legais aos neg�cios e n�o despertar suspeitas do fisco, mantinha contas e confort�veis im�veis em para�sos fiscais. E como n�o poderia deixar de ser tinha amigos importantes na pol�tica e tr�nsito entre os poderosos, que lhe pediam b�n��o e lhe desejavam sa�de e sorte sempre.

Assim como o mafioso do filme, tinha total controle sobre a organiza��o que comandava e uma grande capacidade de se infiltrar nas estruturas do Estado, principalmente nas for�as de seguran�a – pol�cias Militar, Civil, Federal e at� mesmo a Rodovi�ria Federal. N�o precisava nem mesmo, como muitos milion�rios, contar com seguran�as ou carros blindados. Quando dormia em Goi�s, na casa do sogro, ordenava aos PMs arregimentados por sua organiza��o criminosa que enviassem uma viatura para a porta da casa. Assim ficava tudo tranquilo. Uma atitude que parece natural quando se considera que mais de 70 policiais de diferentes corpora��es trabalhavam na sua estrutura criminosa.

Apesar do megaesquema do jogo e de neg�cios, Cachoeira adotava a m�xima de que o olho do dono � que engorda o gado. Fiscalizava ele mesmo desde o funcionamento das casas de jogos at� o esquema de coopta��o dos agentes p�blicos, al�m de manter vigil�ncia constante sobre a contabilidade das empresas, muitas vezes anotada improvisadamente em cadernos.

Sucesso digno de nota

Em um dos trechos do relat�rio da Opera��o Monte Carlo, que desbaratou o esquema do contraventor, o Minist�rio P�blico destaca o que chama de “articula��o impressionante” de Cachoeira , “digna de nota”. O contraventor tamb�m tinha uma cartilha para seus colaboradores, que previa puni��es para o n�o cumprimento dos tratos da jogatina. A pena era o imediato fechamento do ponto rival. Com a imita��o do modelo da m�fia italiana em seus neg�cios, o capo da jogatina, durante o tempo em que esteve na ativa, movimentou cerca de R$ 400 milh�es nos �ltimos seis anos, segundo inqu�rito da Pol�cia Federal, que monitorou a atua��o do bicheiro por meio de escutas telef�nicas e ambientais durante 2010 e 2011, em uma longa investiga��o que n�o est� conclu�da. Cachoeira chegou a usar para lavar o dinheiro da contraven��o 59 empresas, nos mais variados setores, e movimentava direta e indiretamente 17 contas-correntes. Atuava no ramo dos jogos, com m�quinas de ca�a-n�queis e cassinos e site de jogo, mas resolveu investir tamb�m no ramo da constru��o, tendo como principal cliente o poder p�blico. Ficou milion�rio. Vivia passeando em Miami, nos Estados Unidos, tinha fazendas, avi�o e helic�ptero. Planejava construir uma pista de pouso em Bras�lia, perto de sua casa, para poder viajar com mais tranquilidade. Gastava dinheiro pagando contas em seu cart�o de cr�dito e comprando presentes para os aliados.

Origem de tudo

Apesar de ter tudo para viver como um fen�meno do mundo dos neg�cios, Cachoeira mantinha alguns dos h�bitos dos tempos em que era ainda dono de uma pequena banca de bicho. Em abril do ano passado, por exemplo, falava ao telefone com um dos colaboradores enquanto tomava caf� da manh� em uma lanchonete em Goi�nia. � que nem sempre o bicheiro, hoje tido como inimigo p�blico n�mero 1 da Rep�blica, foi o todo-poderoso do Centro-Oeste brasileiro. Cachoeira � um dos 14 filhos de seu Sebasti�o Almeida Ramos, de 86 anos, mineiro de Leopoldina, na Zona da Mata, que ainda jovem caiu nas gra�as do bicheiro carioca Castor de Andrade. Foi Castor quem ofereceu a seu Sebasti�o o comando de algumas bancas de jogo em Goi�s, para onde a fam�lia se mudou.

O dono do peda�o

Carlinhos Cachoeira logo tomou gosto pela coisa e passou a ser conhecido entre os bicheiros e apontadores goianos pelo nome de uma propriedade do pai, a Fazenda Cachoeira. Astuto, prop�s aos donos de banca, que viviam disputando espa�o em Goi�s, que unissem for�as. A estrat�gia deu certo, mas Cachoeira cresceu tanto que acabou o �nico dono do peda�o. Ningu�m abria casa de jogos sem sua autoriza��o. E quem se atrevesse corria o risco de ter a banca ou o cassino fechado por policiais civis e militares que atuavam na repress�o dos jogos por determina��o do bicheiro (leia di�logos na p�gina 4). Tamb�m cobrava percentual de 30% de todos que operavam algum tipo de jogatina. O dinheiro deveria ser pago j� descontados os valores gastos com seguran�a e pagamentos dos colaboradores policiais.

Barril de p�lvora

Personagem principal de uma verdadeira cr�nica policial, que envolve jogos, corrup��o, poder, pol�tica e dinheiro, Cachoeira hoje est� preso em uma cela de 12 metros quadrados da Penitenci�ria da Papuda, em Bras�lia, bem mais magro e com o cabelo raspado, mas ainda muito poderoso. Afinal, se resolver contar tudo que sabe, pode provocar mais um grande esc�ndalo nacional.


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