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Estado de Minas

"Me deram uma inje��o e disseram para n�o bater naquele dia", conta Dilma

Presidente revela detalhes da tortura sofrida por ela em Minas Gerais


postado em 17/06/2012 07:21 / atualizado em 17/06/2012 07:51

Reportagem do EM que noticiou o julgamento em Juiz de Fora (Dilma aparece no banco dos réus, no alto à direita) (foto: Marcos Michelin/EM/D.A.Press - Reprodução)
Reportagem do EM que noticiou o julgamento em Juiz de Fora (Dilma aparece no banco dos r�us, no alto � direita) (foto: Marcos Michelin/EM/D.A.Press - Reprodu��o)
 

Tortura psicol�gica

“Tinha muito esquema de tortura psicol�gica, amea�as. Eles interrogavam assim: ‘Me d� o contato da organiza��o com a pol�cia?’ Eles queriam o concreto. ‘Voc� fica aqui pensando, daqui a pouco eu volto e vamos come�ar uma sess�o de tortura.’ A pior coisa � esperar por tortura.”

Amea�as

“Depois (vinham) as amea�as: ‘Eu vou esquecer a m�o em voc�. Voc� vai ficar deformada e ningu�m vai te querer. Ningu�m vai saber que voc� est� aqui. Voc� vai virar um ‘presunto’ e ningu�m vai saber’. Em S�o Paulo me amea�aram de fuzilamento e fizeram a encena��o. Em Minas n�o lembro, pois os lugares se confundem um pouco.”

Sequelas

“Acho que nenhum de n�s consegue explicar a sequela: a gente sempre vai ser diferente. No caso espec�fico da �poca, acho que ajudou o fato de sermos mais novos; agora, ser mais novo tem uma desvantagem: o impacto � muito grande. Mesmo que a gente consiga suportar a vida melhor quando se � jovem, fisicamente, a m�dio prazo, o efeito na gente � maior por sermos mais jovens. Quando se tem 20 anos o efeito � mais profundo, no entanto, � mais f�cil aguentar no imediato.”

Sozinha na cela

“Dentro da Bar�o de Mesquita (RJ), ningu�m via ningu�m. Havia um buraquinho na porta, por onde se acendia cigarro. Na Oban (Opera��o Bandeirantes), as mulheres ficavam junto �s celas de tortura. Em Minas sempre ficava sozinha, exceto quando fui a julgamento, quando fiquei com a Terezinha. Na ida e na vinda todas as mulheres presas no Tiradentes sabiam que eu estava presa: por exemplo, Maria Celeste Martins e Idoina de Souza Rangel, de S�o Paulo.”

Visita da m�e

“Em Minas, estava sozinha. N�o via gente. (A solid�o) era parte integrante da tortura. Mas a minha m�e me visitava �s vezes, por�m, n�o nos piores momentos. Minha m�e sabia que estava presa, mas eles n�o a deixavam me ver. Mas a doutora Rosa Maria Cardoso da Cunha, advogada, me viu em S�o Paulo, logo ap�s a minha chegada de Minas. Hoje ela mora no Rio e posso contat�-la ”

Cena da bomba

“Em Minas, fiquei s� com a Terezinha. Uma bomba foi jogada na nossa cela. Voltei em janeiro de 72 para Juiz de Fora (nunca me levaram para BH). Quando voltei para o julgamento, me colocaram numa cela, na 4ª Cia. de Pol�cia do Ex�rcito, 4ª Regi�o Militar, l� apareceu outra vez o Dops que me interrogava. Mas foi um interrogat�rio bem mais leve. Fiquei esperando o julgamento l� dentro.”

Frio de c�o

“Um dia, a gente estava nessa cela, sem vidro. Um frio de c�o. Eis que entra uma bomba de g�s lacrimog�nio, pois estavam treinando l� fora. Eu e Terezinha ficamos queimadas nas mucosas e fomos para o hospital. Tive o
‘prazer’ de conhecer o comandante general S�lvio Frota, que posteriormente me colocaria na lista dos infiltrados no poder p�blico, me levando a perder o emprego.”

Motivos

“Quando eu tinha hemorragia, na primeira vez foi na Oban (…) foi uma hemorragia de �tero. Me deram uma inje��o e disseram para n�o bater naquele dia. Em Minas, quando comecei a ter hemorragia, chamaram algu�m que me deu comprimido e depois inje��o. Mas me davam choque el�trico e depois paravam. Acho que tem registros disso no final da minha pris�o, pois fiz um tratamento no Hospital das Cl�nicas.”

Morte e solid�o

“Fiquei presa tr�s anos. O estresse � feroz, inimagin�vel. Descobri, pela primeira vez, que estava sozinha. Encarei a morte e a solid�o. Lembro-me do medo quando minha pele tremeu. Tem um lado que marca a gente o resto da vida.”

Marcas da tortura

“As marcas da tortura sou eu. Fazem parte de mim.”


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