A Comiss�o da Verdade nomeada pela presidente Dilma Rousseff para apurar fatos ocorridos durante o per�odo da ditadura militar no Brasil quer acesso ao depoimento no qual a pr�pria Dilma relata torturas sofridas por ela em carceragens de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. Dois pesquisadores que apoiam os trabalhos da comiss�o, instalada no m�s passado, devem ir � sede do Conselho Estadual de Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG) ainda esta semana para analisar a documenta��o.
O depoimento foi prestado por Dilma ao Conedh-MG em 2001, quando ela ainda ocupava o cargo de secret�ria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, e foi divulgado pelo jornal Estado de Minas. O documento faz parte de um acervo de mais de 700 processos criados pelo Conedh-MG para indenizar presos pol�ticos no Estado. No depoimento, a presidente relata uma s�rie de agress�es sofridas em Minas, que incluem sess�es no pau-de-arara eletrochoques e socos e chutes que chegaram a causar deforma��o na arcada dent�ria de Dilma.
As sess�es de tortura foram motivadas por 22 bilhetes de �ngelo Pezzuti, estudante de Medicina que militou com Dilma no Comando de Liberta��o Nacional (Colina) e na Vanguarda Popular Revolucion�ria (VPR), morto em um acidente de moto no ex�lio em Paria em 1975. Nas mensagens, escritas sob o codinome "Gabriel", ele tramava a pr�pria fuga e a de outros companheiros de um pres�dio em Ribeir�o das Neves, na regi�o metropolitana de Belo Horizonte, e envolvia a companheira "Estela", um dos codinomes de Dilma.
Os bilhetes foram interceptados por agentes do governo e Dilma foi interrogada na Opera��o Bandeirantes (Oban), em S�o Paulo e, posteriormente, transferida para Juiz de Fora, onde voltou a ser torturada. Segundo a presidente, os interrogat�rios foram conduzidos por agentes "muito interessados em saber meus contatos com �ngelo Pezzuti, que, segundo eles, j� preso, mantinha comigo um conjunto de contatos para que eu viabilizasse sua fuga". "Eu n�o tinha a menor ideia do que se tratava. Desconhecia as tentativas de fuga de Pezzuti, mas eles supuseram que se tratava de uma mentira", disse Dilma.