A Corte Interamericana de Direitos Humanos, vinculada � Organiza��o dos Estados Americanos (OEA), pediu explica��es ao Brasil sobre a demora na localiza��o e identifica��o de restos mortais dos participantes da Guerrilha do Araguaia. O governo tem at� 31 de agosto para responder � interpela��o, explicando os motivos pelos quais as expedi��es de busca na regi�o do conflito, no sul do Par�, ainda n�o produziram resultados.
Em documento com 120 p�ginas, acusam o governo de trabalhar sem m�todos cient�ficos, desperdi�ando recursos p�blicos. Seria mais eficiente e econ�mico, argumentam, se as For�as Armadas abrissem seus arquivos secretos e revelassem quais os lugares onde foram deixados os restos mortais guerrilheiros.
Os familiares tamb�m criticam o governo por n�o investir na an�lise dos restos mortais j� localizados e transferidos para Bras�lia. No total, s�o 19 ossadas que aguardam identifica��o.
De acordo com informa��es do governo, no per�odo de 2009 a 2011 as buscas na regi�o do Rio Araguaia custaram R$ 5,4 milh�es aos cofres p�blicos. Neste ano, os gastos devem chegar a R$ 2,5 milh�es. “� muito dinheiro, se voc� considerar que as expedi��es andam de um lado para outro sem orienta��o, sem metodologia cient�fica. Se continuar dessa maneira, � melhor usar o dinheiro para a constru��o de escolas e hospitais”, diz a professora aposentada Vit�ria Grabois, filha do guerrilheiro Maur�cio Grabois, desaparecido desde 1973.
Signat�ria do documento, ela diz que boa parte dos familiares se afastou das buscas oficiais. “J� estive duas vezes na regi�o. Agora me recuso a participar de expedi��es que se destinam apenas a demonstrar a boa vontade do governo. Isso n�o basta.”
Resposta
O governo dever� enviar explica��es � Corte Interamericana dentro do prazo previsto, segundo Gilles Gomes, representante da Secretaria de Direitos Humanos no Grupo de Trabalho Araguaia, criado especialmente para realizar as buscas.
De S�o Geraldo do Araguaia, no Par�, onde se encontrava na semana passada em mais uma expedi��o, ele disse por telefone que ser�o detalhados os trabalhos j� executados, as dificuldades na localiza��o e identifica��o de corpos desaparecidos h� quase 40 anos e os avan�os obtidos.
Gomes tamb�m rebateu as cr�ticas dos familiares. “Os documentos oficiais s�o importantes, mas n�o se pode exagerar. H� um certo fetichismo em torno deles. Eles podem ter pistas, mas n�o resolvem todos os problemas. N�o est� descartada a hip�tese de j� terem sido realizadas opera��es de limpeza na regi�o.”
Essas opera��es, segundo Gomes, teriam consistido na retirada e transfer�ncia dos restos mortais dos locais onde foram originalmente depositados.