S�o Paulo – A Comiss�o Nacional da Verdade (CNV) divulgou nesta segunda-feira uma lista com 140 nomes de v�timas da ditadura militar (1964-1985) que ser�o temas de dossi�s a partir das investiga��es dos crimes cometidos � �poca.
A lista inclui ainda 21 desaparecidos e 80 mortos no estado de S�o Paulo, centro de maior repress�o do regime, principalmente entre os anos 1969 a 1976.
Constam da lista nomes de 11 mortos e de 28 desaparecidos fora de S�o Paulo, mas que nasceram no estado.
De acordo com Rosa Cardoso, que integra a CNV, os trabalhos de investiga��o ter�o uma natureza mais permanente e devem se estender por mais de um ano. Alguns casos mais simb�licos, por�m, ser�o investigados de imediato, de acordo com Rosa Cardoso. “Esses casos v�o ser lembrados, principalmente na quest�o da viol�ncia, da brutalidade que essas pessoas foram v�timas”, disse.
A investiga��o far� “o caminho de volta” para chegar aos agentes dos estado respons�veis pelos crimes, de acordo com Jos� Carlos Dias, membro da CNV. Ser�o feitos levantamentos dos mortos deixados nas valas comuns de bairros da capital paulista Perus (zona oeste), Vila Formosa (zona leste) e Parelheiros (zona sul).
Dias citou um exemplo t�pico paulista, do ex-sargento Edgar Aquino Duarte, que ficou por meses preso no por�o do Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops) e, posteriormente, sumiu. A comiss�o tentar� desvendar quest�es como as circunst�ncias do desaparecimento, se houve transfer�ncia e quem foram os agentes do estado respons�veis.
Na reuni�o de hoje, ficou decidido que a Comiss�o Estadual da Verdade, criada pela Assembleia Legislativa de S�o Paulo, funcionar� como uma subse��o da comiss�o nacional, com poderes, atribui��es, divis�o de trabalho e responsabilidades. Haver� a assinatura de um termo do coopera��o entre as duas comiss�es, prevista para a segunda semana de outubro.
Segundo Jos� Carlos Dias, com o termo, a comiss�o estadual passar� a ter apoio da nacional e poder� para fazer requisi��es e convoca��es, necess�rias para colher depoimentos. “Poder� praticar os atos que a comiss�o estadual n�o tinha poderes e que a nacional, por for�a de lei, tem”, disse. Dias destacou que ambas as comiss�es manter�o a comunica��o sobre quais apura��es estar�o sendo feitas para evitar repeti��o dos trabalhos.
Rosa Cardoso declarou que a CNV tem muitos la�os com S�o Paulo. “Aqui a repress�o foi muito forte. Ent�o, n�s temos um interesse em dar prioridade a trabalhar com os fatos ocorridos em S�o Paulo, porque eles s�o vis�veis para todo o Brasil”, disse.
No estado, as comiss�es pretendem rever as certid�es de �bito das v�timas, a exemplo da revis�o na certid�o de Vladimir Herzog. J� aquelas v�timas tidas como desaparecidas, que ainda n�o t�m certid�o de �bito, ganhar�o o documento. “Vamos tentar, junto com o Minist�rio P�blico Estadual e a CNV, atualizar esses 140 atestados”, disse o deputado estadual Adriano Diogo, presidente da comiss�o estadual.
A CNV quer tamb�m o tombamento de im�veis considerados emblem�ticos da repress�o, como o pr�dio da Auditoria Militar e a sede do Destacamento de Opera��es de Informa��es do Centro de Opera��o de Defesa Interna ( DOI-Codi). De acordo com Jos� Carlos Dias, o pr�dio da Auditoria, localizado na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, nº 1249, passaria a ser sede das comiss�o da verdade estadual e nacional. Quanto ao pr�dio do DOI-Codi, onde hoje funciona uma delegacia de pol�cia, na Rua Tutoia, 921, poder� ser transformado em museu para testemunhar o per�odo de viol�ncia.
“Isso � uma homenagem que n�s prestamos a todos aqueles que foram martirizados, mortos naquele pr�dio. N�o � poss�vel que l� continue a funcionar uma simples delegacia de pol�cia. Foi um lugares onde mais se torturou no Brasil”, disse Jos� Carlos Dias.
A comiss�o deve iniciar em outubro a oitiva dos familiares das v�timas. A CNV tem at� o final de 2014 para elaborar seu relat�rio, J� a comiss�o estadual precisar� entregar o documento seis meses antes desse prazo, para que haja tempo de o texto ser incorporado ao relat�rio nacional.