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Estado de Minas

Anastasia promete avaliar pedido de cria��o de dois memoriais da ditadura em Minas

Solicita��o foi feita pela Comiss�o da Verdade, para que a tortura n�o seja esquecida


postado em 24/10/2012 06:00 / atualizado em 24/10/2012 08:13

Fachada da Delegacia de Furtos e Roubos, na Rua Uberaba, no Barro Preto, um dos espaços requisitados ontem pela comissão a Anastasia (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Fachada da Delegacia de Furtos e Roubos, na Rua Uberaba, no Barro Preto, um dos espa�os requisitados ontem pela comiss�o a Anastasia (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


Integrantes da Comiss�o Nacional da Verdade se reuniram nessa ter�a-feira com o governador Antonio Anastasia (PSDB) para discutir o andamento de parcerias na preserva��o de acervos no estado e apresentar novas demandas colhidas pelo grupo durante audi�ncia p�blica e encontros com representantes da sociedade civil. Entre os pedidos levados pela comiss�o � Cidade Administrativa est� a cria��o de dois novos memoriais da ditadura, que seriam instalados em antigos centros de tortura – no Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops), na Avenida Afonso Pena, Bairro Funcion�rios; e na Delegacia de Furtos e Roubos, na Rua Uberaba, no Barro Preto. Tamb�m foi pedido ao governador apoio para a cria��o de uma comiss�o na assembleia para tratar exclusivamente dos crimes cometidos no estado durante o regime militar.

“Um dos objetivos desse grupo � conseguir multiplicar os trabalhos e comiss�es locais de investiga��o em cada estado para que possamos levantar o m�ximo de informa��es poss�vel. Hoje, pedimos ao governador que nos d� as chaves das gavetas para descobrirmos o que for necess�rio sobre tudo o que se passou de fato em Minas”, pediu o ex-ministro da Justi�a e integrante da comiss�o, Jos� Carlos Dias. O ex-ministro aproveitou o encontro com Anastasia para agradecer a rapidez do governo de Minas para garantir um cuidado melhor com o acervo do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Conedh), onde em junho o Estado de Minas descobriu relatos in�ditos de presos mineiros que foram torturados no estado, entre eles a presidente Dilma Rousseff (PT).

O governador garantiu aos membros da comiss�o total empenho para preservar os acervos e prometeu analisar as possibilidades de transformar antigos centros de tortura em memoriais. “Recebi a solicita��o do ministro Gilson Dipp (integrante da comiss�o e vice-presidente do STJ) para que aqueles arquivos, antes mal acomodados, tivessem um tratamento especial, e assim fizemos imediatamente, transferindo-os para o arquivo p�blico. O material j� est� sendo catalogado e ser� digitalizado em breve. Vejo como muito adequadas as pondera��es desse grupo sobre a import�ncia de criar novos memoriais e verei com a Pol�cia Civil, que, claro, precisar� de outro im�vel para manter o que est� em funcionamento, essa possibilidade”, disse Anastaisia.

Nova frente

 
Durante o almo�o com os integrantes da comiss�o, o governador refor�ou a inten��o de trabalhar pela aprova��o do projeto que cria uma comiss�o da verdade para o estado e falou tamb�m sobre a ideia de transformar a antiga Delegacia de Furtos e Roubos em um espa�o cultural, sendo pensada a reserva de um marco no local para homenagear as v�timas mineiras da ditadura. “A chave do estado j� est� entregue � comiss�o, para pesquisar tudo nas profundidades necess�rias e defender a verdade, de forma que n�o se repita o passado nocivo que tivemos”, ressaltou o governador.

Para Rosa Maria Cardoso, integrante do grupo que acompanhou os encontros no estado, a cria��o de uma comiss�o para tratar de temas ainda obscuros no estado poder� ter grande utilidade para a elabora��o do relat�rio final que ser� entregue em maio de 2014 e evitar que pontos ainda pouco apurados fiquem esquecidos. “S�o muitas demandas apresentadas em Minas. Temos em andamento as investiga��es sobre a morte de Juscelino Kubitschek (veja insert), casos obscuros como o massacre de Ipatinga, militantes at� hoje desaparecidos e locais usados pelo regime que ainda n�o foram totalmente esclarecidos. S�o temas que est�o sendo apurados e com uma coopera��o entre novos grupos de trabalho poderemos ter avan�os significativos”, explicou Rosa.

 

Novas demandas a solucionar

Nessa ter�a-feira, uma mesa-redonda foi formada por integrantes do Memorial da Anistia da Ordem dos Advogados de Minas Gerais (OAB-MG), militantes mineiros torturados e representantes de associa��es de v�timas da ditadura militar para receber os integrantes da comiss�o. Na pauta do encontro, novos relatos de pessoas que viveram na pele as crueldades do regime militar e muitas demandas de casos ainda n�o solucionados que ocorreram no estado.

Um dos primeiros a apresentar sua hist�ria foi o padre franc�s Michel Leven, de 81 anos, que j� vivia em BH durante a ditadura e foi preso duas vezes por participar de supostas conspira��es contra os militares. Recentemente, ao descobrir que seu nome vinha sendo acompanhado por autoridades da �poca desde 1967 – um ano antes de ser preso –, a triste hist�ria vivida no per�odo voltou � tona e o fez refletir sobre como sua trajet�ria foi modificada por a��es do grupo que chegou ao poder. Ao contar sobre sua vida na capital nas d�cada de 1960 e 1970, o religioso buscou deixar de lado os motivos do sofrimento e preferiu pensar no futuro. “O que espero desse grupo � que crie uma verdadeira consci�ncia civilizat�ria para o Brasil. Que trabalhe a cultura pol�tica de nossa sociedade. Infelizmente, at� hoje n�o valorizamos nossa hist�ria e isso � um passo atr�s para nosso presente”, pediu Michel.

Massacre

A ideia de construir marcos em homenagem �s v�timas tamb�m foi o principal motivo que levou Edinho Ferramenta, presidente da Associa��o dos Trabalhadores Anistiados do Massacre de Ipatinga, a apresentar o caso que se passou no Vale do A�o em 1963, mostrando o que aconteceria nos anos seguintes. “Estamos batalhando para construir um acervo hist�rico na cidade sobre esse evento tr�gico. J� tentamos levantar esses documentos com as For�as Armadas e as respostas n�o aparecem. O n�mero oficial de mortos, dos militares, � oito, mas s� da capital vieram 30 caix�es. No ano que vem esse caso completa 50 anos com quest�es abertas e que permanecem at� hoje abafadas”, cobrou Edinho.

Os integrantes da Associa��o dos Amigos do Memorial da Anistia – que tentam a constru��o de um memorial na antiga Faculdade de Filosofia e Ci�ncias Humanas (Fafich), na Rua Carangola, Bairro Santo Ant�nio – tamb�m entregaram um documento aos integrantes da comiss�o com uma lista de pedidos para serem apurados pelo grupo. Entre eles est�o o esclarecimento do caso de 25 mineiros que foram mortos fora do estado, o paradeiro de outros 25 mineiros sequestrados que permanecem desaparecidos – 11 deles na regi�o do Araguaia –, esclarecimentos sobre 58 casos de atentados em BH feitos por grupos anticomunistas e sobre o assassinato de 16 militantes de outros estados em pris�es mineiras. (MF)

A obscura morte de jk

Um dos casos mais obscuros do regime militar envolve o ex-presidente Juscelino Kubitschek, morto em um acidente de carro em 1976. Em agosto, a OAB-MG pediu � Comiss�o da Verdade uma nova apura��o sobre o caso com base em um material documental reunido durante a tramita��o do processo, encerrada em 1996. Uma das hip�teses para a morte do ex-presidente � de que teria resultado de um atentado, sendo o acidente causado por um tiro na cabe�a do motorista de JK pouco antes de o carro perder o controle na altura do km 165 da Rodovia Presidente Dutra, pr�ximo a Resende (RJ). Uma das respons�veis pela investiga��o do caso, Rosa Maria Cardoso, explicou ontem a advogados mineiros que o caso est� sendo apurado pelo grupo, com novos documentos e laudos sendo reunidos para posi��o da comiss�o.


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