Iracema Amaral
No vaiv�m dos pol�ticos em busca de poder, um ex-vereador de Mucuri, cidade localizada no Sul da Bahia, resolveu trocar de domic�lio eleitoral para conseguir se eleger em Minas Gerais. O estratagema deu certo e o ex-parlamentar baiano Agripino Botelho Barreto (PR), de 48 anos, � um dos 853 prefeitos eleitos no estado este ano para um mandato de quatro anos. Em Serra dos Aimor�s, no Nordeste de Minas, Barreto conseguiu passar pelo crivo de 2.155 eleitores, de um total de 5.928 aptos a votar, e vai comandar um munic�pio com popula��o de 8.412 habitantes, voltada, sobretudo, para a produ��o agr�cola.
Wilken Fontes de Albuquerque, um dos nomeados por Barreto para um cargo em comiss�o na C�mara – cujo nome consta na a��o civil p�blica por ato de improbidade administrativa proposta pelo Minist�rio P�blico da Bahia –, declarou que assinou a procura��o achando tratar-se de um documento para que pudesse receber benef�cios do Programa Bolsa-Fam�lia. O documento com a a��o n�o registra o valor total que o ent�o vereador recebia por meio desse expediente. Entretanto, o contracheque de Wilken est� anexado ao processo com valor destacado de R$ 1.920,20 mensais. De quebra, por meio de um vereador amigo, ele nomeou a m�e, Neide Botelho Barreto, e a mulher, Karine Almeida Aguiar, como funcion�rias do gabinete.
Barreto ainda responde na Justi�a a a��o por forma��o de quadrilha para recebimento de propina envolvendo a legaliza��o de um loteamento em Itabat�, distrito de Mucuri, por meio de projeto de lei aprovado no Legislativo municipal. O ent�o vereador e hoje prefeito eleito de Serra dos Aimor�s teve a pris�o preventiva decretada, em dezembro do ano passado, pelo juiz Leonardo Santos Vieira Coelho, da comarca de Mucuri. Outros seis vereadores locais tamb�m tiveram pris�es preventivas decretadas.
O prefeito eleito tamb�m � considerado ficha-suja pelo Tribunal de Contas da Bahia. A presta��o de contas da C�mara Municipal de Mucuri relativa a 2010, quando ele era presidente da Casa, foi rejeitada pelo tribunal. Os conselheiros apontaram irregularidades na contrata��o de servidores para o Legislativo, relat�rios de controle interno deficientes e gastos excessivos, que somam quase R$ 500 mil.
O registro da candidatura de Barreto poder� ser cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), impossibilitando-o de assumir o cargo de prefeito em janeiro. Durante a campanha, o registro foi indeferido em primeira inst�ncia, na comarca de Nanuque, cuja jurisdi��o abrange Serra dos Aimor�s. A senten�a no foro eleitoral local foi confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG). Barreto s� conseguiu continuar em campanha gra�as � concess�o de medida cautelar pelo TSE. Agora, ele aguarda o julgamento do m�rito. Se perder, a estrat�gia montada no ano passado de mudar de domicilio eleitoral ter� ido por �gua abaixo.
Outro lado O prefeito eleito de Serra dos Aimor�s, Agripino Botelho Barreto, chamou de mentiras as den�ncias contra ele. “N�o existe isso n�o. N�o tenho conhecimento”, esquivou-se, ao ser questionado sobre a contrata��o irregular de funcion�rios para o gabinete dele quando vereador em Mucuri. Ele negou tamb�m que tenha recebido propina, junto com outros seis vereadores, para aprovar o loteamento em Itabat�. A pris�o preventiva de Barreto chegou a ser decretada por um juiz da comarca de Mucuri. “N�o tenho v�nculo com isso”, recha�ou.
Sobre o fato de ser apontado como ficha-suja pelo Tribunal de Contas da Bahia, Barreto alegou: “A hist�ria n�o � bem assim”. Ele lembrou que est� se defendendo na Justi�a e garantiu n�o ter havido qualquer il�cito em sua gest�o na Presid�ncia da C�mara. J� em rela��o ao fato de ter deixado a Bahia para se fixar em Minas, ele desconversou. “Moro em Serra dos Aimor�s h� quarenta anos”, disse. Quanto a ter sido vereador em Mucuri, alegou que o pai tem uma propriedade pr�xima � cidade.