Nos �ltimos 22 anos, S�o Paulo teve duas mulheres petistas no comando da cidade: Luiza Erundina (1989-1992) e Marta Suplicy (2001-2004). Mas � Fernando Haddad, que assume nesta ter�a-feira, o prefeito que escalou a maior quantidade de mulheres para ocupar cargos no primeiro escal�o do governo. S�o sete.
Entre as 26 secretarias, cinco cadeiras est�o reservadas a elas. E duas pastas s�o consideradas estrat�gicas: Controle Urbano, sob o chefia da arquiteta Paula Motta Lara, e Planejamento, entregue � economista Leda Paulani. Na �rea social, as escaladas s�o Denise Motta Dau (Mulheres), Luciana Temer (Assist�ncia Social) e Marianne Pinotti (Pessoas com Defici�ncia).
Completam a lista feminina a vice-prefeita, N�dia Campe�o (PCdoB), que assumir� o controle das a��es entre secretarias relacionadas � Copa do Mundo de 2014, e a primeira-dama, Ana Estela Haddad, formada em Odontologia, que promete trabalhar diariamente na gest�o da cidade, apesar de n�o pleitear nenhum cargo.
Professora na Faculdade de Odontologia da Universidade de S�o Paulo (USP), a dentista planeja somar for�as em duas �reas: sa�de e educa��o. “Vou oferecer graciosamente parte do meu tempo para contribuir com esse projeto que eu acredito e, como primeira-dama, tenho um espa�o pol�tico importante a ocupar. Mas vou fazer isso sem abrir m�o da minha atividade profissional. Vou continuar dando aulas”, afirma Ana Estela.
Mas o cen�rio tra�ado em S�o Paulo ainda n�o serve de par�metro. A cientista pol�tica L�cia Avelar ressalta que a participa��o das mulheres na pol�tica est� mudando, mas lentamente. “As mudan�as na sociedade s�o mais r�pidas do que as mudan�as no ambiente pol�tico”, afirma L�cia. Pesquisadora do Centro de Estudos de Opini�o P�blica da Universidade Estadual de Campinas, ela compara os dados de educa��o e o porcentual de empregos femininos em cargos p�blicos para revelar as caracter�sticas dessa situa��o. Enquanto a popula��o feminina com t�tulo acad�mico (12%) � maior do que a masculina (10%), as mulheres s�o sub-representadas nos cargos de maior poder pol�tico.
Em sua pesquisa, L�cia levantou os cargos comissionados mais bem pagos do governo federal. Em 2010, havia 78% de homens nesses empregos e 22% de mulheres. Apesar da enorme despropor��o, em 1998 a situa��o era pior. S� 18% de mulheres estavam nos melhores cargos. “Existe um forte tradicionalismo relacionado a g�nero na pol�tica. Haddad parece escapar dessa vis�o, o que pode trazer bons resultados para a cidade.”
Antes de Haddad, a gest�o com maior participa��o feminina foi a da prefeita Luiza Erundina, hoje deputada federal pelo PSB. Ela contava com a ajuda de outras cinco mulheres em um secretariado com 21 cadeiras. Proporcionalmente, o total de secret�rias (23%) no governo Erundina � maior do que o do grupo escolhido por Haddad (19%).
“Acho que ainda falta motiva��o para que as mulheres disputem o poder com os homens. Muitas ainda acham que n�o vale a pena, pois associam equivocadamente a pol�tica com falta de moral. Mas a pol�tica � a forma que temos para melhorar a sociedade”, defende Erundina.
Paulo Maluf (PP) e Celso Pitta tiveram apenas uma mulher cada em seus respectivos secretariados. A prefeita Marta Suplicy (PT) voltou a aumentar o total de mulheres na pasta, com quatro postos, mas Jos� Serra (PSDB) reduziu, escalando apenas tr�s. O prefeito Gilberto Kassab (PSD) s� escalou Alda Marco Ant�nio, que dividiu o posto de vice-prefeita com o de secret�ria da Assist�ncia Social.