Em 2012, a C�mara dos Deputados ficou R$ 316 milh�es mais cara para o contribuinte brasileiro. A estrutura da Casa consumiu, dos R$ 4,4 bilh�es autorizados no Or�amento, R$ 4,2 bilh�es. A lista de gastos inclui a compra de uma escultura de bailarina, por R$ 6 mil, e DVDs infantis, por R$ 209.
A bailarina foi uma encomenda do Espa�o Cultural da C�mara. Obra do artista pl�stico Victor Brecheret, ela � feita de bronze e tem 67 cm. Para o mesmo setor – e 10 vezes mais caro –, foi comprado um tapete de l� de carneiro. A pe�a de 7 m de comprimento e 4,5 m de largura custou R$ 60,5 mil. A Coordena��o de Projetos da Casa resolveu arrumar o mobili�rio. Foram gastos R$ 110 mil na compra de 88 cadeiras para jantar e 22 mesas.
A Casa pagou ainda um curso de portugu�s para estrangeiros. De acordo com o Centro de Forma��o, Treinamento e Capacita��o, as aulas, ao custo de R$ 20,2 mil, foram ministradas para 10 analistas do poder p�blico de Timor Leste, num acordo de coopera��o entres os dois pa�ses. A produ��o de biografias � outro investimento da C�mara. Por um livro sobre Samuel Duarte, presidente da Casa e governador da Para�ba nos anos 1940, por exemplo, foram pagos R$ 30 mil a um historiador paraibano.
Deputados, servidores e visitantes tiveram � disposi��o nada menos que 62 mil quilos de caf� em p�. Por R$ 563,5 mil, a Casa se abasteceu com o item, um dos mais volumosos na cesta de compras. E, para saber se o gr�o � bom, a C�mara contratou um laborat�rio, com dispensa de licita��o. O servi�o prestado foi a an�lise macrosc�pica e sensorial do caf� em p�, ao custo de R$ 3,7 mil.
A maior parte do Or�amento da C�mara � a folha de pagamento de pessoal. Foram desembolsados R$ 3,5 bilh�es, no ano passado. No bolo, entram as despesas com os milhares de cargos comissionados. S� os parlamentares d�o emprego a 10.389 funcion�rios em cargos de confian�a, com sal�rios que variam entre R$ 601 e R$ 8 mil. Os gastos com a folha de pagamento de pessoal est�o na mira do TCU. Em auditoria feita entre 2009 e 2010, o tribunal identificou nove irregularidades. Entre elas, est� o pagamento acima do teto de R$ 26,7 mil para 1.111 funcion�rios da C�mara. O relat�rio j� est� pronto para julgamento e pede o ressarcimento das despesas provenientes de pagamentos irregulares nos �ltimos cinco anos.
Na categoria "investimentos", a C�mara gastou R$ 49,4 milh�es, sendo que R$ 9 milh�es bancaram a reforma de im�veis funcionais, destinados � moradia de deputados. Para a conserva��o dos apartamentos, foram consumidos R$ 343 milh�es. Em "outras despesas", h� mais pagamentos para reparos nas resid�ncias dos parlamentares: R$ 8,6 milh�es. A assist�ncia m�dica e odontol�gica dos servidores est� no mesmo item. Foram despendidos R$ 79 milh�es.
Outro lado
O primeiro-secret�rio da Mesa, Eduardo Gomes (PSDB-TO), alega que o aumento de custo da C�mara � "condizente" com a amplia��o de investimentos. "Focamos em tecnologia, com a moderniza��o dos plen�rios de comiss�o, por exemplo." Segundo ele, a C�mara fez gastos que v�o resultar em economia nos pr�ximos anos. "Mudamos o sistema da nossa frota de carros. Vamos passar a alugar os carros, o que vai reduzir o custo, j� que n�o pagaremos por manuten��o", avalia.
Para ele, a Casa � "um poder consciente sobre a necessidade de n�o aumentar despesas. Ele diz que a C�mara tem R$ 300 milh�es guardados para investimento, fruto de a��o estrat�gia. "Conseguimos o recurso com a venda de folha de pagamento", lembra. Em 2008, o Legislativo vendeu sua folha para o Banco do Brasil. Gomes reconhece as irregularidades e diz que a Casa estuda como corrigi-las. "Toda a intelig�ncia da Casa est� empenhada em sanar esses problemas. Temos mantido contato com o TCU", afirma.
“Fantasma” por 20 anos
O ex-funcion�rio da C�mara dos Deputados Elias Jos� Ferreira � alvo de a��o de improbidade administrativa apresentada � Justi�a pelo Minist�rio P�blico Federal no Distrito Federal, que o acusa de ter recebido sal�rios da Casa por 20 anos sem trabalhar. Ele esteve lotado na C�mara de setembro de 1980 a mar�o de 2010, em cargos como auxiliar de gabinete e t�cnico legislativo e, em julho de 1988, assumiu tamb�m o posto de defensor p�blico em Coromandel (MG), a 400 quil�metros de Bras�lia. A investiga��o come�ou com um procedimento disciplinar aberto pela pr�pria C�mara. Segundo o procurador da Rep�blica Frederico Paiva, o ex-servidor admitiu que quando esteve lotado no gabinete do deputado Ant�nio Andrade (PMDB-MG) sua fun��o era apenas conseguir votos para o parlamentar em Coromandel. Andrade negou. Paiva assegura que n�o h� provas de que o deputado soubesse das irregularidades.