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Estado de Minas

Senado, C�mara e minist�rios; praticamente tudo parado em Bras�lia

O recesso parlamentar no Congresso e as f�rias de ministros deixam esvaziada a Bras�lia do poder, com reflexos diretos no setor de servi�os


postado em 10/01/2013 14:12 / atualizado em 10/01/2013 13:43

(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

As disputas pol�ticas anunciadas para 2013 t�m potencial para tirar o sono e o sossego das principais lideran�as do pa�s. No in�cio de fevereiro, ser�o eleitos os novos presidentes da C�mara dos Deputados e do Senado. O ano tamb�m ser� decisivo para a corrida presidencial de 2014 e para a defini��o das alian�as estaduais. Mas a tens�o latente no universo pol�tico contrasta com a monotonia que impera nas estruturas do poder de Bras�lia. Quem circular pelos corredores do Congresso em janeiro dificilmente vai concluir que, nos bastidores, h� um embate ferrenho por espa�o e poder.

O recesso parlamentar, aliado �s f�rias dos titulares dos principais minist�rios da Esplanada, suscita uma debandada generalizada. Al�m de deputados, senadores e ministros, as figuras que orbitam nesse cosmo pol�tico, como lobistas, advogados e assessores, tamb�m aderem � fuga coletiva, deixando Bras�lia irreconhec�vel. O burburinho d� lugar ao marasmo. Nos ambientes de negocia��es e negociatas, h� espa�o apenas para turistas que, como coadjuvantes, fotografam solit�rios os cen�rios das tomadas de decis�es do poder.

O estouro dos fogos de artif�cio que anunciam a chegada de um novo ano � o sinal de alerta para o esvaziamento completo do universo pol�tico da cidade. A virada do calend�rio � quase um salvo-conduto para os engravatados que circulam pelos gabinetes da capital: as ruas de Bras�lia esvaziam-se na mesma propor��o em que os pol�ticos lotam o aeroporto rumo aos estados de origem ou � praia mais pr�xima.

O formato adotado nas elei��es para a Mesa Diretora das duas casas do Congresso colabora para o �xodo pol�tico. N�o h� campanha declarada, peregrina��o por gabinetes ou distribui��o de panfletos com propostas dos candidatos que pleiteiam uma vaga de comando no parlamento. Boa parte das articula��es � feita nos estados, longe do Congresso. Quem n�o tem a benesse da folga prolongada vai aos gabinetes apenas para bater o ponto, j� que o recesso branco � quase uma tradi��o oficializada.

Impacto


Bras�lia vai muito al�m da Esplanada dos Minist�rios e dos n�cleos de poder, mas � ineg�vel o impacto da aus�ncia dos pol�ticos na vida da cidade. O com�rcio � o primeiro a sentir os efeitos desse esvaziamento. Principalmente os restaurantes. Na capital federal, conversas decisivas costumam ocorrer entre goles dos vinhos indicados pelos melhores sommeliers e em meio a garfadas de pratos da haute cuisine. O recesso afeta, em especial, os estabelecimentos de gastronomia de alto padr�o. Como al�m do sal�rio polpudo os parlamentares t�m cota mensal para gastar com alimenta��o, deputados e senadores s�o clientes tratados como reis nos restaurantes da cidade, com gastos muito acima da m�dia. E o desaparecimento dos pol�ticos das mesas � como uma bomba no faturamento desses comerciantes.

O empres�rio Jorge Ferreira, dono de alguns dos bares mais badalados da capital, como o Armaz�m do Ferreira e o Feiti�o Mineiro, conta que janeiro � o pior m�s para os neg�cios. E esses preju�zos s�o causados pela fuga de pol�ticos? “N�o falo s� de pol�ticos, falo da burocracia estatal como um todo. Tem o recesso do Congresso, mas tamb�m do Judici�rio e de boa parte do Executivo. No GDF, a maioria dos servidores tira f�rias nessa �poca. Ent�o, n�o � nada inusitado, � esperado, mas � sempre muito negativo”, explica o empres�rio. Ele lembra que, no passado, restaurantes fechavam as portas nessa �poca. “Hoje em dia, a gente aproveita para dar f�rias para a maioria dos funcion�rios ou para realizar obras. Nossa prepara��o para janeiro � como a dos ursos para o inverno: a gente sabe que o mau tempo vai chegar, ent�o, a gente se organiza para hibernar”, brinca Ferreira.


Trabalho em baixa

(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
“� o pior m�s”
Em dias de vota��es disputadas no Congresso, os taxistas que trabalham no ponto em frente � chapelaria precisam de agilidade para atender toda a demanda. Eles chegam a fazer o trajeto entre a Esplanada e as quadras do Plano Piloto at� 20 vezes por dia. Parlamentares, funcion�rios e advogados recorrem sempre aos servi�os dos taxistas da regi�o. Mas, durante o recesso, o tax�metro de Claiton Batista Soares, 32 anos, fica parado praticamente o dia todo. “Fico torcendo para chegar logo o carnaval, somente depois disso � que o movimento normaliza e a gente consegue trabalhar direito”, afirma o taxista, que h� tr�s anos trabalha no ponto do Congresso. “Janeiro � o pior m�s. Quando fa�o quatro corridas por dia, eu comemoro. Normalmente, s�o pelo menos 15”, acrescenta Claiton.

(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Prefiro a agita��o”

O cafezinho do Sal�o Verde da C�mara � o grande term�metro do movimento do Congresso. Nos dias de grande agita��o pol�tica, as mesas ficam lotadas e parlamentares disputam espa�o no balc�o. J� no recesso, a �rea com vista privilegiada para o belo painel de Athos Bulc�o fica deserta. Funcion�rio do caf� h� tr�s anos, o gar�om Francisco Aguiar, 46, revela que o expediente parece mais longo diante do abandono da clientela. “Tenho que cumprir oito horas e, como a gente n�o atende praticamente ningu�m, a sensa��o � de que a hora n�o passa. Eu prefiro a agita��o dos dias que t�m sess�o no plen�rio do que esse vazio”, brincou o gar�om. Independentemente do movimento, ele precisa fazer o trajeto di�rio entre Planaltina, onde vive, e o Congresso.

(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
“Recesso � ruim”

H� 22 anos, Omar Leite faz as cabe�as mais influentes da pol�tica brasileira. O simp�tico barbeiro de 70 anos trabalha no Senado e tem mais de duas d�cadas de experi�ncia no ramo das cabeleiras (ou quase carecas) do Congresso. Diariamente, ele atende 20 pessoas na barbearia da Casa, entre senadores, deputados e servidores. Mas quando chega janeiro, o falante funcion�rio j� sabe que vai faltar trabalho — e assunto. No primeiro m�s do ano, ele recebe uma m�dia de dois clientes por dia. Normalmente, Omar d� expediente at� as 19h, mas ontem deixou o trabalho pouco depois das 14h, pois n�o havia o que fazer. “A gente s� abre em considera��o com os clientes antigos que n�o viajam. Mas o movimento � quase nulo. O recesso � muito ruim para a gente”, afirma o barbeiro.


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