Bras�lia – Passado o retiro de carnaval na base naval de Aratu, na Bahia, a presidente Dilma Rousseff retornar� a Bras�lia com alguns n�s a desatar para que 2013 comece de maneira efetiva. O primeiro desafio ser� a vota��o do Or�amento, remarcada pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), para ter�a-feira, dia 19. Al�m disso, ela dever� deflagrar a reforma ministerial necess�ria para incorporar o PSD ao governo, acomodar insatisfa��es no PMDB e reabilitar o PR.
N�o deu certo. Mais uma vez, a presidente estendeu o adiamento. Segundo conversas com pessoas pr�ximas, ela interpretou a mudan�a na vota��o � necessidade de Renan e de Henrique darem uma demonstra��o de for�a a seus eleitores, provando que o Legislativo, daqui para frente, “n�o vai mais se subordinar integralmente aos interesses do Executivo”. Ambos foram eleitos em primeiro turno, fizeram discursos para dentro do Congresso. Era natural que adotassem uma postura corporativista no primeiro dia.
Agora, espera o Planalto, ser� diferente. “Tudo bem, passou a folia, passou a elei��o, temos que come�ar a trabalhar para que o pa�s volte a crescer”, afirmou ao Estado de Minas um interlocutor da presidente. Embora acreditem que, do ponto de vista econ�mico, a n�o vota��o do Or�amento at� o momento n�o chega a ser um desastre – a Medida Provis�ria liberando R$ 42,8 bilh�es para investimentos supre as necessidades imediatas do governo —, nunca � bom governar sem uma pe�a or�ament�ria aprovada pelo Congresso.
Opini�o P�blica
Al�m disso, os tempos de rebeldia s�o curtos, analisam os aliados do Planalto. O Congresso est� espremido entre uma presidente com �ndices astr�nomicos de popularidade e um Supremo Tribunal Federal (STF) em estado de gra�a ap�s o julgamento do mensal�o, presidido por um ministro – Joaquim Barbosa – galgado � condi��o de her�i nacional. “Eles (os parlamentares) n�o v�o querer passar a impress�o de que remam contra a opini�o p�blica”, disse uma pessoa pr�xima � presidente.
Dilma tamb�m est� preocupada com os rumos da base aliada. Por precau��o, durante a visita feita por Henrique Eduardo Alves — protocolar e formal, sem grandes emo��es —, ela perguntou ao peemedebista o que esperar do novo l�der do partido na C�mara, Eduardo Cunha. Ouviu um desanimado Henrique Alves responder: “N�o sei”. H� muito os antigos aliados n�o falam a mesma l�ngua. E o deputado potiguar ficou assustado com a celeridade com que o peemedebista fluminense exonerou Francisco Bruzzi, assessor direto da lideran�a do PMDB, que teria sido flagrado pela Opera��o Navalha, em 2007, recebendo R$ 20 mil de propina da empreiteira Gautama.
Na conta de Temer
Segundo apurou o Estado de Minas, no entanto, Henrique Alves pode ficar tranquilo, mesmo que Eduardo Cunha cometa loucuras na lideran�a. N�o � dele que a presidente Dilma Rousseff vai cobrar a fidelidade do PMDB na C�mara. Os alvos, se o caldo entornar, s�o o vice-presidente Michel Temer e o governador do Rio de Janeiro, S�rgio Cabral. O primeiro empenhou a palavra � presidente de que “qualquer l�der eleito seria fiel ao Planalto”. E Cabral foi ainda mais espec�fico. “Se eleito, Eduardo Cunha ser� fiel ao Planalto.”
Toma l� um cargo
A presidente ensaiou tamb�m , na semana passada, uma reaproxima��o com PR. Recebeu primeiramente o senador Blairo Maggi (MT), que presidir� a Comiss�o de Agricultura, Meio Ambiente e Fiscaliza��o do Senadoe sempre foi o nome preferido por Dilma caso o PR retorne � Esplanada. Depois, recebeu o atual presidente da legenda, senador Alfredo Nascimento (AM), e o l�der do partido na C�mara, Anthony Garotinho (RJ). Sinalizou que deseja ter o partido mais perto do governo, mas ainda n�o prometeu nada. “Foi uma conversa muito tranquila. A ideia do partido � esperar a reforma ministerial e ver se ela vai nos colocar em algum minist�rio. Se sim, o partido vai colher os nomes poss�veis que tenham o perfil do minist�rio que ela escolher”, declarou ao Estado de Minas o deputado Lincoln Portela (MG).
O atual titular dos Transportes, Paulo S�rgio Passos, sempre foi visto como um “forasteiro” pelo PR, por n�o ter milit�ncia partid�ria. Dilma, no entanto, gosta dele. Mas Passos tem se sentido desprestigiado nos �ltimos tempos, com a cria��o da Empresa de Planejamento e Log�stica (EPL), respons�vel por conduzir as concess�es de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. “Dilma n�o prometeu nada para ningu�m. Eles (Alfredo e Garotinho) vieram aqui porque Maggi foi recebido em uma dia e eles n�o queriam parecer desprestigiados um ano antes das elei��es”, desconversou um aliado da presidente.
Enquanto isso...
… Renan ter� que controlar crise
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ter� de retomar as negocia��es para contornar o foco da primeira crise do mandato: a vota��o dos 3.059 vetos presidenciais engavetados at� hoje na Casa. No retorno dos trabalhos do Legislativo, a tentativa de votar o Or�amento Geral da Uni�o deste ano naufragou diante da insist�ncia do Congresso em esvaziar a pauta de vetos antes de deliberar a proposta or�ament�ria. A posi��o da Casa � ainda uma rea��o � liminar concedida em dezembro do ano passado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, determinando que vetos presidenciais s� poderiam ser analisados em ordem cronol�gica. Para evitar novos entraves, a Advocacia-Geral da Uni�o (AGU) quer que o Supremo se pronuncie formalmente sobre o rito para a aprova��o da pe�a or�ament�ria. O governo j� caminha para entrar no terceiro m�s do ano executando apenas 1/12 dos recursos de custeio da Uni�o e teme o impacto financeiro da derrubada de vetos como o que derrubou o fim do fator previdenci�rio.