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Estado de Minas

Evid�ncias de um genoc�dio ind�gena no Brasil t�m repercuss�o internacional

Para ONG internacional, criada a partir da publica��o dos resultados do documento, � hora de recuperar a hist�ria


postado em 24/04/2013 06:00 / atualizado em 24/04/2013 07:22

A reportagem intitulada
A reportagem intitulada "Genoc�dio" reproduziu relatos do documento do procurador brasileiro (foto: Reprodu��o/Sunday Time Magazine)

As revela��es de atrocidades cometidas contra popula��es ind�genas no Brasil entre as d�cadas de 1940 e 1960 descritas no Relat�rio Figueiredo – documento que apurou matan�as de tribos inteiras, roubos de terras e torturas – tiveram repercuss�o tamb�m fora do pa�s. Integrantes da organiza��o n�o governamental (ONG) Survival consideraram o material fundamental para esclarecer momentos obscuros da hist�ria dos povos nativos dizimados em territ�rio brasileiro. O grupo, que atua em mais de 100 pa�ses na prote��o dos direitos de povos nativos, avalia que os casos que constam no relat�rio s�o evid�ncias que permitir�o recuperar parte da mem�ria que vinha sendo deixada de lado ao longo dos anos.


O grupo come�ou a militar internacionalmente em defesa dos povos ind�genas exatamente devido aos relatos baseados no Relat�rio Figueiredo, que detalham genoc�dios de tribos na Regi�o Amaz�nica. Em 23 de fevereiro de 1969, um artigo publicado na revista brit�nica Sunday Times Magazine com base em entrevista concedida pelo ent�o ministro do Interior, Albuquerque Lima, assim que ele recebeu o relat�rio, comoveu centenas de pessoas, que decidiram criar a ONG para atuar ativamente na prote��o de �ndios.

A extensa mat�ria de Norman Lewis, intitulada “Genoc�dio” e ilustrada com fotos de Don McCullin, trata da investiga��o feita pela equipe do procurador Jader de Figueiredo em tribos de todo o pa�s entre novembro de 1967 e mar�o de 1968. Um grupo de pessoas que moravam na Inglaterra e que tinham v�nculos com o Brasil se comoveu com as descri��es brutais do relat�rio e resolveu fundar a Survival, que hoje tem representa��es em pa�ses como os Estados Unidos, It�lia, Fran�a, Holanda, Espanha e Inglaterra. Quando a diretora de Pesquisa da Survival, a brit�nica Fiona Watson, ficou sabendo que a pe�a produzida para o Minist�rio do Interior sobre chacinas de tribos brasileiras havia sido recuperado, depois de 45 anos desaparecida, ela ficou profundamente emocionada.

“Sempre ouvi falar que o Relat�rio Figueiredo tinha sido queimado num inc�ndio. Quando li a reportagem que contava sobre a descoberta dele foi muito impactante”, conta ela, que come�ou a trabalhar na organiza��o em 1990. “Senti tamb�m um certo al�vio, porque � um documento que mostra tudo que aconteceu com os �ndios naquela �poca. E tem gente no Brasil e no mundo que ainda n�o acredita que essas atrocidades aconteceram”, comentou ela num portugu�s de quem morou no Brasil por quase 20 anos, mas sem conseguir esconder o sotaque. Desde o dia 19, o Estado de Minas publica com exclusividade os segredos do Relat�rio Figueiredo, encontrado entre caixas antigas de pap�is no Museu do �ndio, no Rio de Janeiro, no ano passado.

Xavantes

Nessa ter�a-feira, a Comiss�o Nacional da Verdade recebeu outro relat�rio sobre viola��es de direitos humanos sofridas por ind�genas. Dessa vez, contra os povos Xavante entre as d�cadas de 1940 e 1960, incluindo invas�o do territ�rio com a condescend�ncia de autoridades da �poca. O “Caso dos savante de Mar�iwats�d�” narra a��es de empres�rios e poderes locais e nacionais que resultaram na invas�o de terras ind�genas no Mato Grosso. O material, de 71 p�ginas, foi entregue � coordenadora do grupo de trabalho que apura viola��es de direitos humanos no campo e contra ind�genas, Maria Rita Kehl, por sete �ndios da tribo Xavante de Mar�iwats�d�.

Segundo os ind�genas, quando a invas�o ocorreu, promovida por latifundi�rios e um projeto de coloniza��o do governo de Mato Grosso, nos anos 1960, o Servi�o de Prote��o aos �ndios (SPI) – �rg�o que antecedeu a Funai – n�o os protegeu, exceto pelos relatos de Ismael Leit�o, chefe do SPI na �rea, cujos apelos teriam sido ignorados pela dire��o do �rg�o. O resultado da remo��o for�ada, realizada em avi�es da For�a A�rea Brasileira (FAB), foi observado j� na chegada � terra ind�gena de S�o Marcos onde viviam outros xavantes: a maioria dos 263 transferidos morreram de sarampo em poucos dias. A popula��o da tribo, que era de 3 mil indiv�duos antes da invas�o, � hoje de 963 pessoas.

Maria Rita Kehl explicou que a comiss�o n�o tem atribui��o de pagar indeniza��es. “Mas ela tem o poder de escrever essa hist�ria e fazer circular essa informa��o pelo Brasil. Estamos aqui para contar essa hist�ria, que n�o � conhecida por todos os brasileiros", ressaltou ela, que se comprometeu a ler todo o documento e acrescent�-lo ao relat�rio da comiss�o.

Funai acredita em retrata��o

Em nota divulgada nessa ter�a-feira, a Funda��o Nacional do �ndio (Funai) destacou a import�ncia do reaparecimento do Relat�rio Figueiredo, como fonte para esclarecer crimes cometidos contra povos ind�genas. A institui��o afirmou tamb�m que espera que o detalhamento dos acontecimentos possibilite “apontar os respons�veis pelos crimes praticados contra essas comunidades”. A partir das comprova��es dos atos, a Funai acredita que ser�o feitas “retrata��es devidas a todos os povos que foram v�timas do autoritarismo e da intoler�ncia”.


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