"Fui um dos torturados pelo coronel Ustra", diz presidente da Comiss�o da Verdade de SP

A tomada p�blica de depoimentos promovida nesta sexta-feira pela Comiss�o Nacional da Verdade (CNV) foi marcada por momentos tensos envolvendo o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra e o presidente da Comiss�o Municipal da Verdade de S�o Paulo, vereador Gilberto Natalini (PV-SP). Questionado sobre se teria torturado Natalini, em 1972, Ustra respondeu que n�o tinha nada a dizer e negou o fato. A negativa foi rebatida por Natalini que interrompeu a fala de Ustra aos gritos: “Sou um brasileiro de bem. O senhor � que � terrorista. Eu fui torturado pelo coronel Ustra”.

Apoiadores do coronel, que foi comandante do Destacamento de Opera��es de Informa��es do Centro de Opera��es de Defesa Interna do 2º Ex�rcito em S�o Paulo (DOI-Codi-SP), entre 1970 e 1974, protestaram. O tumulto interrompeu a sess�o durante a qual Ustra negou que tenha havido tortura, sequestro, oculta��o de cad�ver e mortes durante sua passagem pelo �rg�o de repress�o da ditadura.

Antes do coronel Ustra, Natalini prestou depoimento a CNV e disse que “Ustra sempre foi muito presente nas sess�es de tortura”. Estudante de medicina e integrante do centro acad�mico � �poca, Natalini narrou um epis�dio no qual o foi colocado por Ustra nu em cima de uma po�a d'�gua com fios de choque atados ao corpo. “Ele chamou a tropa para que eu fizesse uma sess�o de poesia. Durante horas ele ficou me batendo com uma vara. Outros vinham e me davam telefone (tapa com as m�os nos ouvidos) e muito eletrochoque”, disse Natalini que tamb�m compunha poesia de protesto contra a ditadura.

Em outra ocasi�o, Ustra j� havia negado publicamente a sess�o de tortura, tendo escrito, em setembro de 2012, uma carta aberta em que questiona as afirma��es de Natalini.