A jornada hist�rica que varou a madrugada dessa quinta-feira encheu os deputados federais de orgulho. N�o tanto por terem aprovado a pol�mica Medida Provis�ria (MP) dos Portos. Muito mais pela cena rara, veiculada pelas TVs para todo o Brasil, em que eles foram mostrados trabalhando por tantas horas seguidas – 41 no total. O presidente da C�mara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), instalou at� um banner com o logotipo da Casa para conceder entrevista. Daqueles em que os her�is e vil�es, ap�s uma partida de futebol, posicionam-se para falar em frente �s c�meras.
Cansado, ap�s cumprir a miss�o, Alves n�o perdeu tempo. “A partir de hoje, o povo brasileiro, que assistiu a esse debate recorde na hist�ria do parlamento, vai poder se orgulhar mais desta Casa”, afirmou. O presidente da Casa suou para conseguir aprovar a mat�ria. A vota��o de todas as emendas s� foi conclu�da �s 2h17. O al�vio, no entanto, durou pouco tempo. O drama come�ou a ser desenhado quando restava apenas a vota��o do texto final da MP. Era votar e correr para o abra�o. Mas, quando a nova sess�o foi aberta, n�o havia mais qu�rum. Muitos deixaram o plen�rio no momento em que os destaques foram votados. Outros dormiam na lideran�a, ap�s serem flagrados pela imprensa roncando confortavelmente no sof� do cafezinho.
Galinhada
Para votar a reda��o final, era necess�ria a presen�a de, no m�nimo, 257 deputados. Faltavam mais de 60. De barriga cheia, depois de comerem a galinhada feita por funcion�rias do deputado F�bio Ramalho (PV-MG) e assistir � elimina��o do Corinthians na Libertadores, muitos sumiram. A derrota do governo se desenhava. Desesperados, governistas procuram os correligion�rios. Foi um festival de liga��es de celular. Todos ao mesmo tempo ligando para os colegas. Parlamentares da oposi��o, mesmo caindo de sono, j� comemoravam.
Diante da derrota que se constru�a, Henrique Eduardo Alves declarou que, se em 30 minutos o qu�rum n�o fosse atingido, a sess�o seria encerrada. V�rios deputados da oposi��o registraram a presen�a para demonstrar a derrota do governo e tamb�m n�o levarem falta numa sess�o considerada hist�rica. Os minutos se passaram e nada de qu�rum. Henrique Alves ent�o mudou a estrat�gia e avisou que esperaria o tempo que fosse necess�rio. Uma nova opera��o de resgate foi montada. Deputados foram acordados por colegas em casa. A mobiliza��o ocorreu entre as 2h20 e as 7h20.
“Teve gente que foi pego em restaurante e em festas. Um grupo chegou com cheiro de bebida alco�lica”, relata um parlamentar. E, aos poucos, a t�tica de trazer os deputados pelo bra�o foi obtendo sucesso. Mesmo a contragosto, os congressistas voltaram e encheram o plen�rio novamente. Um deles chegou a entrar no local sem gravata. Por volta das 8h, a sess�o atingiu o qu�rum e, com 353 deputados, a MP dos Portos foi aprovada �s 9h43.