(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas REPRESS�O

Comiss�o da Anistia pode promover a coronel cabo que foi torturado

Comiss�o da Anistia julga pedido da fam�lia de ex-policial preso e torturado em pres�dio mineiro, de promo��o e indeniza��o


postado em 21/05/2013 08:32 / atualizado em 24/05/2013 16:45

Comissão da Anistia do Ministério da Justiça leva a caravana para a Faculdade de Direito, na sexta-feira (foto: Carlos Moura/CB/D.A Press)
Comiss�o da Anistia do Minist�rio da Justi�a leva a caravana para a Faculdade de Direito, na sexta-feira (foto: Carlos Moura/CB/D.A Press)

A Comiss�o da Anistia do Minist�rio da Justi�a pode promover o cabo Cec�lio Emigdio Saturnino (1940–2001) a patente de coronel da Pol�cia Militar de Minas Gerais (PMMG). Caso atenda o pedido da fam�lia, a comiss�o, que se re�ne na Faculdade de Direito da UFMG na sexta-feira, far� algo semelhante ao que se deu com o guerrilheiro Carlos Lamarca (1937–1971), que ao ser julgado em 2007 recebeu do estado brasileiro um pedido de perd�o e foi promovido de capit�o do Ex�rcito a general de brigada. Entretanto, em 2010, duas a��es de militares da reserva conseguiram suspender na Justi�a do Rio de Janeiro o pagamento da pens�o aos familiares de Lamarca. A fam�lia aguarda decis�o sobre recurso impetrado no Superior Tribunal de Justi�a (STJ).

“Ele era muito inteligente e se n�o tivesse sido expulso da PM por quest�es pol�ticas poderia ter chegado � patente de coronel”, afirma o sobrinho de Saturnino, Reinaldo Nunes da Silva, de 56 anos. Al�m da pens�o e dos retroativos relativos ao per�odo em que ficou afastado da Pol�cia Militar (desde que foi preso em 1971), a fam�lia de Saturnino (morto em 2001) pode receber uma indeniza��o de at� R$ 100 mil, al�m de um pedido de perd�o feito pelo governo brasileiro.

Saturnino nasceu em Ribeir�o Vermelho, no Sul de Minas, em 1940. Segundo seu sobrinho, o pai do militar era ferrovi�rio e mudou-se para o Rio de Janeiro e depois para Belo Horizonte, onde Saturnino ingressou na PMMG. “Quando aconteceu o golpe militar, em 1964, meu tio n�o apoiou. Ele e outros policiais come�aram a participar de grupos de esquerda”, destacou Reinaldo. Por orienta��o da A��o Libertadora Nacional (ALN), Saturnino morava no quartel e passava informa��es aos militantes. Durante um assalto promovido pela ALN a uma ag�ncia banc�ria na esquina da Rua Guajajaras com Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, Saturnino fazia a guarda e liberou o tr�nsito na avenida, permitindo que os militantes fugissem por um caminho livre.

“Ap�s essa a��o ele foi informado por companheiros de farda que comungavam das ideias que seria preso e fugiu”, contou o sobrinho. Saturnino foi para o Rio de Janeiro, para o interior de Minas, onde deu treinamento de tiros a militantes da ALN, e para S�o Paulo, at� ser preso em S�o Vicente, no litoral paulista.

Tiros

Atividadades do cabo Cecílio aparecem registradas em ficha do Dops(foto: Arquivo Público Mineiro/Reprodução)
Atividadades do cabo Cec�lio aparecem registradas em ficha do Dops (foto: Arquivo P�blico Mineiro/Reprodu��o)
Reinaldo lembra que quando seu tio estava clandestino os �rg�os de repress�o do Ex�rcito e da pol�cia perseguiram a fam�lia. “Cada policial tinha quatro fardas e meu tio havia deixado duas na minha casa. Est�vamos esperando um momento para sumir com elas. Quando eu sa� pela janela, a pol�cia viu um movimento em um matagal pr�ximo a minha casa, no Bairro Primeiro de Maio, e atirou”, lembra Reinaldo, que tem at� hoje chumbo de estilha�os da bala em sua perna.

A ordem era matar Saturnino, segundo Reinaldo. Por�m, com a press�o da fam�lia, que fez vig�lia na porta do Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops), onde estava preso, ele n�o morreu. De Belo Horizonte, o policial seguiu para Juiz de Fora, onde ficou preso na Penitenci�ria de Linhares.

Um dos companheiros de Saturnino no pres�dio foi Gilney Viana, atual coordenador do projeto Direito � Mem�ria e � Verdade, da Secretaria de Direitos Humanos do governo federal. “A ALN tinha um aspecto militarista e o fato de ele ser militar era muito importante. Mas quem o conheceu pessoalmente pode ser surpreendido por ele ser t�o engajado em uma organiza��o guerrilheira, pois era um sujeito muito d�cil”, recorda Viana.

Ap�s sair da pris�o, em 1979, com a anistia, Saturnino se formou em jornalismo, trabalhou em jornais e revistas at� ser contratado pela empresa Construtel, segundo relato do sobrinho Reinaldo. O propriet�rio da empresa � �poca era o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), militante da Corrente Revolucion�ria, que depois se integrou � ALN, � a qual pertencia Saturnino. Lacerda tamb�m esteve preso em Linhares, em Juiz de Fora. Depois de participar de uma greve, Saturnino foi demitido.

Monumento

Al�m do julgamento promovido pela Comiss�o de Anistia do Minist�rio da Justi�a, na sexta-feira, outra atividade vai homenagear as v�timas da ditadura. Ser� inaugurado, no s�bado, um monumento lembrando o nome de 58 v�timas que morreram durante os anos de chumbo. O marco ficar� na Avenida Afonso Pena, em frente ao Departamento de Investiga��o Antidrogas, que no passado abrigou o Dops, local de pris�o e tortura.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)