Canteiro de Belo Monte pode voltar a ser ocupado, diz l�der ind�gena

Bras�lia - Em Bras�lia desde a �ltima ter�a-feira (4) para pedir a suspens�o de empreendimentos energ�ticos na regi�o amaz�nica, um grupo de �ndios mundurukus disse que poder� voltar a ocupar o Canteiro Belo Monte, principal local de obras da Usina Hidrel�trica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), caso as obras n�o sejam paralisadas.

O principal pedido dos �ndios � a suspens�o de todos os empreendimentos hidrel�tricos na Amaz�nia at� que haja processo de consulta pr�via aos povos tradicionais da regi�o, conforme previsto na Conven��o 169 da Organiza��o Internacional do Trabalho (OIT), internalizada pelo pa�s em 2004. O grupo passou oito dias ocupando o Canteiro Belo Monte e chegou a Bras�lia em um avi�o da For�a A�rea Brasileira (FAB), ap�s acordo com o governo para desocupar o local.

“Se n�o parar [as obras], com certeza, vamos fazer novas ocupa��es. Se n�o parar, n�o vamos aceitar as consultas, que deveriam ter sido feitas antes de qualquer coisa. J� que as obras est�o em andamento, � preciso que elas parem, o governo fa�a a consulta, para s� depois dar encaminhando”, disse Valdenir Munduruku, lideran�a da Aldeia Teles Pires, em Jacareacanga (PA), ap�s participar, nesta sexta-feira, de entrevista ao programa Amaz�nia Brasileira, da R�dio Nacional da Amaz�nia, em Bras�lia.

Valdenir Munduruku enfatizou que a mobiliza��o e os protestos v�o continuar mesmo diante do risco de novos conflitos que podem levar � morte de �ndios. A estimativa, segundo Valdenir Munduruku, � que pelo menos 80 das 118 aldeias existentes na regi�o sejam inundadas.

“�ndios est�o morrendo de todo jeito, lutando por seus territ�rios. A hidrel�trica � mais um fato que vem trazer assassinatos, mas n�o podemos cruzar os bra�os. Essa luta n�o � de um povo s�, � de todo o povo brasileiro”, destacou, acrescentando que o grupo ainda n�o tem data para deixar a capital federal.

Eles esperam se reunir com o ministro da Secretaria-Geral da Presid�ncia, Gilberto Carvalho mais uma vez. Na �ltima ter�a-feira, aproximadamente 140 ind�genas mundurukus foram recebidos por ele e por representantes de outros �rg�os do governo para discutir a suspens�o de empreendimentos energ�ticos na Amaz�nia, al�m de outras reivindica��es.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presid�ncia da Rep�blica, Gilberto Carvalho, j� sinalizou que as obras da Usina Hidrel�trica de Belo Monte n�o v�o parar, embora o governo v� aceitar "todas as formas de protesto democr�tico".

Secretaria-Geral reafirmou a disposi��o do governo federal de dialogar com os mundurukus, conforme carta assinada pelo ministro Gilberto Carvalho, apresentada ontem (6). No texto, Carvalho ressalta a inten��o de “fazer um processo participativo de consulta”, com base na Conven��o 169 e na Constitui��o Federal, para que os mundurukus e outras etnias afetadas pelos projetos possam se manifestar.

A declara��o foi em resposta a uma carta entregue ao ministro, na noite de quarta-feira (5), em que os �ndios cobravam “uma manifesta��o oficial do governo brasileiro, declarando se ser� ou n�o respeitada a nossa decis�o final, de forma vinculante e aut�noma, sobre o processo de consulta proposto”. Pela mesma raz�o, os �ndios protestaram, ontem, em frente ao Pal�cio do Planalto.

A secretaria tamb�m lembrou que o ministro informou aos mundurukus, na reuni�o de ter�a-feira (4), que o governo federal tomar� as medidas necess�rias para evitar novas ocupa��es dos canteiros de obras da Usina Hidrel�trica de Belo Monte.