Jo�o Valadares, Edson Luiz, Adriana Caitano e �tore Medeiros

Bras�lia – Manifestantes aproveitaram a visibilidade internacional do jogo entre Brasil e M�xico pela Copa das Confedera��es, realizado ontem � tarde, na Arena Castel�o, em Fortaleza, para promover um protesto contra os elevados gastos na constru��o dos est�dios do Mundial 2014 no pa�s. Durante confrontos de mais de quatro horas, a Pol�cia Militar cearense utilizou bombas de efeito moral, spray de pimenta e balas de borracha. Oito policiais, dois rep�rteres e dezenas de integrantes do movimento ficaram feridos. Um carro da Autarquia Municipal de Tr�nsito, Servi�os P�blicos e de Cidadania (AMC) foi incendiado. Houve protestos tamb�m em cidades do interior e em outras seis capitais. Hoje, grandes atos est�o programados para as principais cidades brasileiras.
Na capital cearense 25 mil pessoas participaram da manifesta��o, segundo a pol�cia. Organizadores do movimento, entrentanto, calcularam 50 mil pessoas. Alguns torcedores, com ingresso nas m�os, desistiram de entrar no est�dio. O ato teve in�cio ao meio-dia, quando uma barreira policial foi montada para evitar que os integrantes do movimento se aproximassem da Arena Castel�o. Muitos torcedores, incluindo idosos e crian�as, que estavam entrando no local para assistir � partida, sofreram com os efeitos do spray de pimenta utilizado pelos policiais. Uma torcedora chegou a desmaiar ao inalar o g�s jogado pela pol�cia. Ela foi encaminhada a um hospital p�blico e liberada em seguida.
Parte do grupo que protestava do lado de fora gritava “N�o � viol�ncia”, al�m de palavras de ordem contra o governador do Cear�, Cid Gomes (PSB), e a presidente da Rep�blica, Dilma Rousseff (PT). As duas principais vias que d�o acesso ao Castel�o foram interditadas. Um grande congestionamento se formou em v�rios bairros de Fortaleza. Apenas duas avenidas davam acesso ao est�dio.
�s 15h30, os �nimos se arrefeceram. Ap�s o in�cio da partida, �s 16h, um pequeno grupo de manifestantes ainda resistia. Pedras e objetos foram atirados contra os policiais ap�s o Batalh�o de Choque arremessar bombas de efeito moral. Quando o grupo estava bastante reduzido, a PM avan�ou com a cavalaria e conseguiu acabar com o protesto. �s 17h, ocorreu um novo confronto, em menores propor��es. O cen�rio visto ap�s o fim do protesto era de guerra: v�rias barricadas em chamas e muita muni��o espalhada pelo ch�o. De acordo com informa��es da Pol�cia Civil do Cear�, tr�s pessoas foram presas sob justificativa de ter incitado agress�o a policiais.
Dentro do Castel�o, v�rios torcedores driblaram as regras impostas pela Fifa, que n�o permite manifesta��o pol�tica dentro dos est�dios. Diversos cartazes de protesto podiam ser vistos na arquibancada. “Queremos escolas e hospitais no padr�o Fifa”, lia-se em um deles.
Al�m de Fortaleza, Belo Horizonte, S�o Paulo, Macap�, Boa Vista, S�o Lu�s e Cuiab� tiveram passeatas com milhares de pessoas nas ruas. O movimento j� se espalhou tamb�m por pelo menos 80 cidades do interior do Brasil. Apesar de S�o Paulo ser o estado onde mais cidades tiveram as ruas ocupadas pela popula��o (33 munic�pios), no Rio de Janeiro o n�mero de manifestantes que aderiram aos protestos no interior foi o mais elevado
(28,3 mil pessoas), desde segunda-feira. O destaque de ontem foi Niter�i, na regi�o metropolitana da capital, onde o ato terminou em tumulto e a Ponte Rio-Niter�i chegou a ser interditada. Tamb�m houve tumultos em Macap�, onde 20 mil foram �s ruas.
Destrui��o
J� a capital paulista teve uma menor movimenta��o, em compara��o com os dias anteriores, enquanto contabiliza os preju�zos da destrui��o que marcou a noite de ter�a-feira, quando pelo menos 29 lojas e ag�ncias banc�rias foram depredadas, pichadas, saqueadas ou incendiados. Lixeiras pl�sticas foram arrebentadas e queimadas. Pr�dios hist�ricos, tombados, tamb�m foram alvo de viol�ncia. As imagens das cenas de saque mostram que a pol�cia demorou a agir. Quando chegou, usou o arsenal cl�ssico (exceto balas de borracha, cujo uso foi proibido pelo governo estadual): bombas de g�s lacrimog�neo e spray de pimenta.
Em nota, a Secretaria de Seguran�a de SP informou que “os epis�dios de s�o fatos isolados, provocados por uma pequena minoria”. At� a noite de ontem, 69 pessoas haviam sido detidas, entre elas o estudante de arquitetura Pierre Ramon, de 20 anos, identificado como o homem de camisa branca que aparece em v�rias imagens participando ativamente da depreda��o da fachada da Prefeitura de S�o Paulo: ele jogou pedras na guarda municipal, tentou invandir a sede do governo paulistano e, depois, usou as grades que separavam a manifesta��o para quebrar vidros do pr�dio.
Nas manchetes internacionais
O sexto dia de manifesta��es em S�o Paulo e o segundo seguido de mobiliza��es no Brasil foi destaque em jornais europeus, dos Estados Unidos e da Am�rica Latina. O americano The New York Times publicou uma foto em sua capa, em que mostra um policial jogando g�s de pimenta em uma manifestante no Rio de Janeiro. A publica��o destacou a tentativa das lideran�as brasileiras de buscar solu��es para dar fim aos protestos e citou a reuni�o entre a presidente Dilma Rousseff, o prefeito de S�o Paulo, Fernando Haddad, e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva na tarde de ter�a-feira.