
Bras�lia – Em resposta aos protestos que explodiram pelo pa�s h� tr�s semanas e com uma queda recorde de sua popularidade, a presidente Dilma Rousseff promoveu ontem uma reuni�o com a equipe ministerial. Por mais de cinco horas, na Granja do Torto, resid�ncia oficial de campo da Presid�ncia, eles discutiram principalmente a reforma pol�tica em gesta��o. O Planalto encaminha hoje ao Congresso Nacional mensagem com sugest�es de temas a serem decididos em plebiscito pela popula��o, como financiamento das campanhas eleitorais. Apesar do otimismo de integrantes do governo em rela��o � iniciativa, deputados e senadores, inclusive da base, demonstram que n�o ser� f�cil levar o assunto adiante. H� uma insatisfa��o de parte dos parlamentares sobre como o tema foi tratado com o Congresso. Dilma gostaria de ver as mudan�as pol�ticas valendo j� nas elei��es de 2014, apesar de admitir que n�o cabe ao Executivo a defini��o de prazos nesse caso.
"N�s (governo) n�o temos como definir isso (prazo). Eu gostaria muito, para levar em conta toda essa energia que vimos nas mobiliza��es, que tivesse efeito nas elei��es (2014)", ressaltou. De acordo com a presidente, a mensagem que ser� enviada hoje ao Legislativo vai tratar basicamente de financiamento de campanha e sobre o padr�o de voto feito pelo eleitor: proporcional, distrital, misto, etc. "� �bvio que n�o daremos sugest�es de perguntas, porque n�o somos n�s que as fazemos. As perguntas ficam entre o Senado e a C�mara, de um lado, e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de outro – que formata as perguntas. Est� claro na Constitui��o: quem convoca o plebiscito � o Congresso Nacional. Por isso eu insisti na palavra sugest�o", afirmou. O TSE dever� responder ao Planalto at� o fim da semana a consulta sobre as condi��es da realiza��o de um plebiscito.
Acuada pelas cr�ticas sobre a rea��o do governo �s manifesta��es e pelas pesquisas de popularidade, Dilma saiu no meio da reuni�o em andamento para dar entrevista � imprensa — fato raro na gest�o da petista. Os temas sens�veis criticados pelos manifestantes nas ruas foram a pauta de ontem. Apesar disso, perguntada se seu governo "� padr�o Fifa", ela respondeu, sorrindo, que � "padr�o Felip�o", t�cnico da Sele��o Brasileira que conquistou no domingo o tetracampeonato da Copa das Confedera��es.
Cr�ticas
No que depender da oposi��o, as sugest�es da presidente Dilma Rousseff sobre a formula��o de um plebiscito para a reforma pol�tica n�o ter�o acolhimento no Congresso. "Dilma quer claramente retirar a crise do colo dela e focar no rumo do Congresso. Ela tem todo o direito de fazer as sugest�es que quiser, e o Congresso far� o que julgar a sua obriga��o, dentro do prazo e debates poss�veis e necess�rios", analisa Jos� Agripino, l�der do Democratas no Senado e presidente nacional da legenda.
Colega de partido de Agripino e l�der da legenda na C�mara, Ronaldo Caiado lembra que o governo tem maioria no Poder Legislativo para aprovar o que bem entender. "Lula e Dilma s� priorizam a reforma pol�tica em momentos de esc�ndalos, quando o governo est� escanteado. Foi assim no caso dos mensaleiros e agora com a movimenta��o das ruas. Eles t�m maioria para aprovar, mas n�o d�o prioridade", sustenta o deputado.
Para David Fleischer, cientista pol�tico e professor da Universidade de Bras�lia, a melhor forma de realizar a reforma pol�tica seria fazer um levantamento de projetos de lei e propostas de emenda � Constitui��o j� existentes e tentar aprov�-los. "Mas n�o sei se o Congresso tem cabe�a ou capacidade para fazer isso, neste momento", analisa. Para o especialista, Dilma ainda n�o conseguiu achar uma sa�da honrosa para a crise. "Muitas coisas levar�o semanas ou meses para serem decididas", diz. Ele lembra que, mesmo que o plebiscito seja feito, "� apenas uma consulta, depois o Congresso pode fazer o que quiser com os resultados".