A troca de farpas nos �ltimos dias entre a presidente da Petrobras, Gra�a Foster, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em torno da necessidade de reajustar os pre�os da gasolina, � s� uma amostra dos embates que v�m se acumulando dentro do governo, provocados pelas falhas de condu��o dos projetos de infraestrutura. A pressa da presidente Dilma Rousseff em viabilizar, at� o come�o de 2014, um ambicioso plano de concess�es de rodovias, portos, aeroportos e ferrovias, em meio a todos os jogos de interesses, gerou desgastes entre as principais autoridades envolvidas.
A boa not�cia evitou o tombo das a��es da estatal no come�o da semana. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou mudan�as imediatas em favor do gatilho. “A sugest�o de Gra�a Foster � ben�fica para a petroleira, sobretudo diante dos compromissos de investimento. Sua postura desafia o presidente do conselho de administra��o (Mantega), que tem um olho no lucro e outro no combate a infla��o”, comentou Vin�cius Carrasco, economista da PUC-Rio.
Antes de Gra�a levar ao mercado seu plano para dar mais previsibilidade �s receitas da Petrobras, as cobran�as dos ajustes de pre�o estavam sendo feitas pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lob�o: “N�o sei se tem, nem se ter� aumento dos combust�veis”, disse certa vez, exigindo um retorno de Mantega.
Feridas
A segunda rodada de concess�es de aeroportos, com o leil�o de Confins (MG) e do Gale�o (RJ), marcada para 22 de novembro, acabou reabrindo feridas do primeiro certame, realizado no come�o de 2012, no qual foram arrematados os terminais de Bras�lia, Guarulhos (SP) e Campinas (SP). Diante da cr�tica do titular da Secretaria de Avia��o Civil (SAC), Wellington Moreira Franco, sobre o “sacrif�cio para o Tesouro” de uma participa��o compuls�ria da Infraero no capital das concession�rias dos aeroportos, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, desautorizou o colega. As opini�es de Gleisi e Moreira j� tinham trombado no plano de ajuda apresentado pelas companhias a�reas.
“As empresas envolvidas com os cons�rcios que est�o se formando para disputar os aeroportos n�o est�o preocupadas com esses atritos. O modelo est� amadurecido e vai garantir a desejada concorr�ncia”, avaliou o advogado Lucas Sant’Anna, s�cio de infraestrutura do escrit�rio Machado Meyer. Ele lembra que, contratualmente, a Infraero tem a op��o de n�o acompanhar os aumentos de capital das Sociedades de Prop�sito Espec�fico (SPE), reduzindo assim sua fatia no capital.
Estresse
No limite, as rusgas entre autoridades encarregadas de grandes projetos j� levaram a dan�as de cadeiras. O exemplo mais expl�cito foi a sa�da, agendada para at� o fim do ano, de Bernardo Figueiredo � frente da Empresa de Projetos e Log�stica (EPL). Elevado � condi��o de principal planejador dos investimentos estrat�gicos em transportes, acabou desgastado com as frustra��es que levaram a mais um adiamento do Trem de Alta Velocidade (TAV), sua maior especialidade. Nas concess�es de ferrovias, ele admitiria taxa de retorno maior que a dada pelo secret�rio do Tesouro, Arno Augustin, t�cnico ligado a Dilma, que esvaziou a grande influ�ncia de Figueiredo no arranjo das concess�es.
Menos conhecidos do p�blico, os pontos de tens�o ligados ao Minist�rio dos Transportes est�o relacionados ao campo de a��o do seu titular, Cesar Borges, pol�tico baiano indicado pelo PR. Logo ap�s a sua posse, em abril, ele tentou, em v�o, ampliar a sua influ�ncia sobre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), comandado pelo general Jorge Ernesto Pinto Fraxe. Servidores da Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) tamb�m reclamam da inger�ncia de Borges.