(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Restos mortais de Jango ser�o recebidos com honras militares em Bras�lia

Restos mortais do presidente da Rep�blica deposto pelos militares em 1964 ser�o recebidos hoje no aeroporto de Bras�lia com cerim�nia oficial e a presen�a de Dilma


postado em 14/11/2013 07:58 / atualizado em 14/11/2013 07:06

Peritos na exumação dos restos mortais de Jango, em São Borja: início do processo de investigação (foto: Itamar Aguiar/Futura Press/ Estadão Conteúdo)
Peritos na exuma��o dos restos mortais de Jango, em S�o Borja: in�cio do processo de investiga��o (foto: Itamar Aguiar/Futura Press/ Estad�o Conte�do)

Depois de complica��es no processo de exuma��o, os restos mortais do ex-presidente da Rep�blica Jo�o Goulart chegam a Bras�lia na manh� desta quinta-feira, a bordo do avi�o presidencial. Eles ser�o recebidos com honras militares no hangar da Base A�rea de Bras�lia, em cerim�nia restrita a familiares, autoridades e convidados. Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva confirmaram presen�a. J� Fernando Henrique Cardoso avisou que n�o participar� da recep��o, por conta de compromissos anteriormente agendados e de problemas de sa�de. No Senado, um projeto de resolu��o apresentado pelos senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Simon (PMDB-RS) pretende restituir o mandato de Jango.

O procedimento para a retirada do caix�o com os restos mortais de Jango, em S�o Borja (RS), foi iniciado ontem por volta das 8h, com a retirada da tampa de pedra do jazigo da fam�lia Goulart, que pesa cerca de 300 quilos. Al�m de familiares do ex-presidente, a exuma��o foi acompanhada pelos ministros Jos� Eduardo Cardoso (Justi�a) e Maria do Ros�rio (Direitos Humanos). “� um momento hist�rico. Todo pa�s democr�tico precisa fazer esse resgate da verdade”, disse Cardozo. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), tamb�m esteve presente. O objetivo da exuma��o � determinar se o ex-presidente foi realmente v�tima de um infarto, como diz a vers�o oficial, ou se foi assassinado por agentes da Opera��o Condor, organizada por ditaduras militares latino-americanas para exterminar opositores pol�ticos.

As dificuldades come�aram por volta das 13h, quando a equipe de peritos constatou que o caix�o do ex-presidente estava �ntegro. A equipe optou por retirar e armazenar os gases de dentro do f�retro, o que foi feito por meio de uma sonda e levou cerca de tr�s horas. O perito Amaury de Souza J�nior, chefe da equipe, explicou que os gases ser�o analisados em laborat�rio, pois existe a possibilidade de encontrar subst�ncias que estavam no corpo. Amaury ressaltou que a exuma��o � parte de um processo que vinha sendo planejado com grande anteced�ncia. “S�o seis meses de trabalho de especialistas brasileiros e estrangeiros. Isso n�o come�a hoje, nem termina amanh�. A exuma��o representa s� uma etapa", disse ele.

No fim da tarde, a ministra Maria do Ros�rio disse que os atrasos no processo de exuma��o se devem ao cumprimento estrito das normas internacionais para o tema. Ela ressaltou que os peritos trabalharam ininterruptamente desde o in�cio das atividades. Durante a entrevista, o m�dico-legista cubano Jorge Caridad Perez, que participou da exuma��o do corpo de Ernesto Che Guevara, disse que o processo poderia se estender at� a manh� de hoje. “N�o estamos tendo nenhuma dificuldade, este � o tempo do processo”, disse ele.

O cemit�rio permaneceu isolado sob forte esquema de seguran�a da PM ga�cha durante todo o dia. Do lado de fora, manifestantes portavam cartazes pedindo puni��o para torturadores e condenando o regime militar. “N�s estamos realizando um trabalho bastante dedicado, seguindo protocolos t�cnicos. O cumprimento desses protocolos � a garantia de um procedimento que possa oferecer resultados mais confi�veis. N�s j� cont�vamos com isso desde o in�cio”. disse Maria do Ros�rio.

As �ltimas horas no poder

Em 1964, o pa�s estava mergulhado em uma forte crise econ�mica e social, com infla��o alta e greves de trabalhadores. Havia conflitos entre grupos de esquerda, que exigiam a implementa��o de reformas de base, sobretudo a reforma agr�ria, e os conservadores, que acusavam o governo de deixar o comunismo tomar conta do pa�s. Jo�o Goulart, um vice que assumiu a Presid�ncia ap�s a ren�ncia de J�nio Quadros, em 1961, e que tinha forte apoio popular, ficou do lado dos esquerdistas. No com�cio de 13 de mar�o, ele defendeu seu plano de reformas de base.

Manh� de 31 de mar�o

7h Jango acorda no Pal�cio Laranjeiras, no Rio de Janeiro, assustado com as manchetes dos jornais pedindo sua deposi��o. Na noite anterior, em evento no Autom�vel Club, fez seu �ltimo discurso como presidente em defesa das reformas de base.

9h Jango recebe a informa��o de que tropas do general Ol�mpio Mour�o Filho iam de Juiz de Fora (MG) para o Rio. Jango manda o Regimento Sampaio e o Grupamento de Obuses se juntar ao Batalh�o de Petr�polis para deter os recrutas de Mour�o e decide pela interven��o em Minas, onde o governador Magalh�es Pinto articulava com militares sua queda.

10h Nas Laranjeiras, o deputado San Tiago Dantas (PTB-MG), seu amigo, liga para Afonso Arinos, ministro de Magalh�es Pinto, e ouve dele que Minas ia resistir e declarar estado de beliger�ncia, permitindo que o estado receba apoio financeiro e militar dos EUA. Arinos informa que uma frota norte-americana se encaminha para o litoral paulista. Goulart desiste da interven��o em Minas.

Tarde de 31 de mar�o


Jango tenta negociar com os comandos militares, mas recebe ultimatos. Ele se encontra com o general Peri Bevilacqua, que leva um manifesto de generais: eles garantem Goulart no poder desde que ele declare ilegal o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) e perseguisse os comunistas. Jango n�o aceita entregar os amigos.

Noite de 31 de mar�o


Jango espera o apoio do comandante do 2º Ex�rcito, Amaury Kruel, que se mostra leal aos militares. Kruel diz que o apoia desde que ele feche o CGT e prenda os amigos. Jango se recusa e, nesse momento, o ent�o presidente percebe que perdeu.

Manh� de 1º de abril

O 2º Ex�rcito toma a Via Dutra, indo para o ent�o estado da Guanabara. O governador Carlos Lacerda manda prender sindicalistas e espancar estudantes. Militares leais a Jango o aconselham a sair da Guanabara e ir para Bras�lia. O jornal carioca Correio da Manh� estampa a manchete: “Fora”.

11h
O presidente embarca para Bras�lia.

Tarde de 1º de abril


No Pal�cio do Planalto, Jango re�ne-se com Waldir Pires, consultor-geral da Rep�blica, e Darcy Ribeiro, chefe da Casa Civil, que o aconselham a ir para o Rio Grande do Sul e esperar. Redigem a �ltima comunica��o de Jango endere�ada ao Congresso, assinada por Darcy, informando que o presidente vai para o Sul.

19h Jango embarca para Porto Alegre. Leva cinco horas para chegar � capital ga�cha. Nesse meio-tempo, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declara vaga a Presid�ncia e convoca o presidente da C�mara, Ranieri Mazzilli, a assumir o comando do pa�s. Mazzilli toma posse no Planalto, com a presen�a do presidente do Supremo Tribunal Federal, �lvaro Ribeiro da Costa.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)