Condenados pelo mensal�o buscam ref�gio antes do c�rcere

 

Os r�us condenados na A��o Penal 470 ter�o um longo fim de semana � espera da decreta��o da pris�o pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Dois dos principais personagens do caso — o ex-chefe da Casa Civil Jos� Dirceu e o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) — recolheram-se no interior. Dirceu, em Vinhedo (SP), e Jefferson, em Levy Gasparian, munic�pio da regi�o serrana do Rio de Janeiro.

Dirceu vai passar o feriado prolongado com as filhas, Joana e Camila, e s� pretende deixar a casa de campo quando o STF decidir onde e quando ele deve se apresentar para cumprir a pena. Aos amigos, tenta passar uma imagem de resigna��o. “Ele est� tranquilo, sempre teve muito sangue frio”, declarou o amigo e prov�vel bi�grafo, Fernando Morais. “Ele vai cumprir a decis�o do Supremo. Eu vou apresentar meu cliente. Eu n�o sei ainda onde. Minha inten��o � fazer uma apresenta��o discreta,” declarou o advogado de Dirceu, Jos� Lu�s Oliveira Lima.

Recluso no interior fluminense, Jefferson utilizou o seu blog para afirmar que “nem tudo est� perdido” e garantir que n�o se arrepende de ter denunciado o esquema do mensal�o. “H� oito anos, denunciei ao pa�s o maior esc�ndalo que jamais presenciei no Planalto central desde que me tornei deputado. Tudo realizado por quem, por d�cadas, apontou o dedo para muitos, acusando-os de corruptos, dando in�cio � nefasta judicializa��o da pol�tica brasileira”, escreveu. Ele acrescentou que o resultado final para o pa�s poder� compensar a inconformidade que sente em rela��o � pr�pria condena��o: “Estou satisfeito com a decis�o? Mentiria se dissesse que sim. Conforta-me, por�m, a cren�a de que a pol�tica brasileira, daqui para a frente, pode ser melhor.” O petebista encerrou as sess�es de quimioterapia para tratar um c�ncer no p�ncreas, mas adquiriu uma anemia cr�nica e uma febre que os m�dicos n�o conseguem detectar a origem.

Quem aguarda tamb�m a pris�o � o operador do esquema, Marcos Val�rio. As janelas e portas da fazenda Santa Clara, pr�xima a Sete Lagoas, onde reside, permaneceram fechadas ontem, sem sinais de movimenta��o. Ele reorganizou sua vida mudando para o campo na tentativa de cumprir pena no pres�dio Promotor Jos� Costa, em Sete Lagoas e evitar a Penitenci�ria Nelson Hungria, de seguran�a m�xima, em Contagem. O advogado do empres�rio, Marcelo Leonardo, disse que o cliente vai se apresentar espontaneamente para cumprir a ordem de pris�o. Os publicit�rios Cristiano Paz e Ramon Hollerbach j� decidiram viajar para Bras�lia para se apresentar � Pol�cia Federal.

Refrigerantes e chocotone O deputado Jos� Genoino (PT-SP) recebeu a visita de amigos e parentes ontem. O primeiro a chegar na casa, um sobrado em um bairro de classe m�dia da capital paulista, foi o advogado Jos� Carlos Alves, que foi aluno do petista. Ele levava nas m�os o livro Escolhas pol�ticas, escrito por Genoino. Pouco depois, a jornalista Denise Paran�, amiga da fam�lia, chegou com um vaso de orqu�deas roxas, refrigerantes e um chocotone. Bastante exaltada, a filha Miruna Kayano Genoino, que, no ano passado, escreveu uma dura carta acusando a imprensa de ter condenado seu pai, xingou os rep�rteres e acelerou o carro contra eles para dispers�-los.

J� o deputado Valdemar Costa Neto (PR) est� em Bras�lia desde segunda-feira, mas n�o ser� preso na primeira leva de condenados porque tem recursos pendentes. Assessores negaram a informa��o de que ele pretende renunciar ao mandato.

Enquanto isso...

… Presidenci�veis apoiam decis�o

Os dois principais advers�rios do PT na disputa presidencial de 2014 — o senador A�cio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) — defenderam ontem a decis�o do Supremo Tribunal Federal (STF) de decretar a pris�o imediata de parte dos r�us do mensal�o. “O encerramento dessa etapa do julgamento, com a puni��o daqueles que foram considerados culpados, vai ao encontro de uma expectativa da sociedade brasileira. Em nenhum momento, acusei A ou B, eu dizia apenas que era preciso que houvesse um encerramento do processo”, declarou A�cio. Para ele, aqueles que comprovadamente cometeram crimes devem ser punidos: “O Supremo escreve mais uma p�gina importante na hist�ria do Brasil, e que, de alguma forma, restabelece a confian�a dos brasileiros nas nossas institui��es.” J� Eduardo Campos disse que a pris�o era algo mais do que esperado. “A sociedade conhecia a decis�o do Supremo, sabia que havia um processo de procrastina��o que utilizava as brechas do C�digo Penal e o Supremo finalmente entendeu que era hora de fazer cumprir a pena”, afirmou.