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Estado de Minas

Mensaleiros entre vaias e pedradas em Belo Horizonte

Depois da primeira noite na pris�o, condenados tiveram um dia movimentado e tenso. Durante o trajeto da PF ao IML e at� o aeroporto, eles foram hostilizados por populares


postado em 17/11/2013 00:12 / atualizado em 17/11/2013 12:03

(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Nas primeiras 24 horas de pris�o dos sete condenados do esquema do mensal�o que se apresentaram � Superintend�ncia da Pol�cia Federal em Belo Horizonte, os r�us foram alvo de vaias e xingamentos por populares. Alguns chegaram a atirar pedras contra a van que os transportou ap�s o exame de corpo de delito no Instituto M�dico Legal (IML). Ao longo do trajeto entre o IML e o aeroporto da Pampulha – onde embarcaram para Bras�lia – motoristas buzinaram comemorando a pris�o. Na chegada da van ao terminal, dezenas de pessoas receberam os condenados aos gritos de “ladr�o, ladr�o” e “devolve meu dinheiro”.


Estava previsto que a transfer�ncia dos mensaleiros da sede da PF para o IML se iniciasse �s 11h de ontem, mas, devido ao atraso da sa�da do avi�o da PF da capital federal rumo a S�o Paulo e depois Belo Horizonte, somente �s 13h03 os condenados deixaram a sede da PF numa van. Escoltada por duas caminhonetes com cinco policiais em cada, o ve�culo demorou 12 minutos at� o Bairro Gameleira.

J� no IML, os presos passaram pelo exame de corpo de delito. Na chegada, Marcos Val�rio se indignou com os agentes da PF, acusando-os de exp�-los � imprensa e � popula��o. “Incompet�ncia total”, reclamou. Incomodado por estar sendo filmado, o empres�rio ainda deu um tapa na m�o do produtor de uma rede de TV que registrava o trajeto no segundo andar do IML.


Os exames de corpo de delito dos sete foram conclu�dos em 30 minutos. Mas, com os moradores do bairro inflamados, a van teve dificuldade para sair do local. Aos berros, um grupo de cerca de 100 pessoas, formado principalmente por adolescentes, impediu a sa�da do ve�culo. Quando finalmente o comboio conseguiu deixar o local, os populares avan�aram contra a van atirando objetos, esmurrando as janelas e xingando os sete condenados.

Outros 12 minutos foram suficientes para a van se deslocar at� o aeroporto. Pelo caminho, motoristas aplaudiam e buzinavam, enquanto uns gritaram “acorda Brasil!”. O auxiliar de transportes Alan Jeferson Rolando, de 31 anos, acompanhou todo o trajeto do cortejo. Enquanto dirigia ele erguia o punho cerrado para repetir o gesto do movimento dos Panteras Negras, ironizando o gesto usado pelos petistas Jos� Dirceu e Jos� Genoino ao se entregar em S�o Paulo. “Sinto um al�vio. Mesmo que s� 1% dos que merecem v�o para a cadeia � um sinal de que a justi�a est� sendo feita”, entende.

No aeroporto Os sete presos foram levados para um setor isolado do aeroporto da Pampulha de responsabilidade da Infraero. At� o embarque, no entanto, tiveram que esperar quase uma hora. A aeronave que vinha de S�o Paulo com Jos� Genoino e Jos� Dirceu demorou para decolar. No trajeto de S�o Paulo a BH, Genoino se sentiu mal e foi atendido no aeroporto. Foi a primeira vez que ele viajou de avi�o desde que passou por uma cirurgia no cora��o. Uma ambul�ncia estacionou ao lado da aeronave, mas o ex-presidente do PT n�o desembarcou. O procedimento atrasou o embarque.

O avi�o pousou �s 15h20, mas ficou parado mais de uma hora na pista devido ao atendimento m�dico. Durante esse intervalo no aeroporto, mais manifesta��o. O principal alvo foi Marcos Val�rio, que usava uma camisa vermelha. Sempre que avistado era ofendido com palavr�es. Durante a espera no aeroporto os condenados puderam ser vistos v�rias vezes, principalmente quando iam ao banheiro. Eles entraram um a um, escoltados por agentes da PF. Quando a aeronave finalmente decolou, a plateia vibrou.

Duas celas para sete

O primeiro ato dos condenados no processo do mensal�o ao chegar � sede da Pol�cia Federal, no Bairro Gutierrez, na noite do feriado de sexta-feira, foi receber o auto de pris�o. Em uma sala perto das celas onde ficariam at� a autoriza��o da transfer�ncia para Bras�lia, um delegado notificava cada condenado. Assinada, uma c�pia lhes era entregue e o preso encaminhado para a cela. Com a autoriza��o da PF, parentes puderam tamb�m levar alimentos. � noite, eles comeram frutas e biscoitos e beberam sucos, segundo relatos de agentes federais.

Os cinco homens presos dividiram as duas celas dispon�veis na unidade e as duas mulheres ocuparam uma sala improvisada. Cristiano Paz compartilhou um espa�o de cerca de tr�s metros de largura por dois metros de comprimento, com apenas um beliche, com o advogado Ramon Hollerbach, seu antigo s�cio. Na outra ficaram Marcos Val�rio, o ex-deputado Romeu Queiroz e Jos� Roberto Salgado, ex-diretor do Banco Rural. Um dos tr�s dormiu no ch�o, em um colchonete. Simone Vasconcelos e K�tia Rabello ocuparam outro setor do pr�dio. Por todo o tempo, um agente foi designado para a vigia das celas para monitorar os presos. Para ir ao banheiro, localizado fora da cela, era preciso solicitar aos agentes.

Devido ao hor�rio de chegada do �ltimo dos condenados, �s 22h45, e � movimenta��o, somada ao estresse gerado pela pris�o, nenhum dos presos teve tranquilidade para dormir. A chegada de agentes respons�veis pela apreens�o de 200 quilos de pasta base de coca�na faltando pouco para meia-noite aumentou o tumulto na sede da PF. Somente �s 2h a unidade silenciou.

Ao amanhecer, a partir de 8h, a todo momento chegavam amigos e familiares com objetos pessoais e sacolas contendo garrafas de suco, barrinhas de cereal e outros alimentos. Enquanto isso, alguns dos advogados criminalistas mais renomados do estado iam acompanhar a situa��o de seus clientes � espera de informa��es sobre a transfer�ncia para Bras�lia. “Dentro do poss�vel ele est� tranquilo. Se eu n�o consegui dormir, imagino que eles tenham tido dificuldade”, disse, pela manh�, o advogado de Hollerbach, Hermes Vilchez Guerreiro.

O advogado deve impetrar o pedido de habeas corpus em favor de seu cliente. Ele critica a decis�o do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, de ter inclu�do Ramon na lista dos re�s que foram presos imediatamente depois do julgamento da primeira fase de recursos. O advogado disse ter faltado crit�rio para o ministro na sele��o de quem deveria cumprir a pena. “Poderia ter prendido quem estaria no regime fechado. Mas n�o. Tem preso que est� no semiaberto, enquanto teve gente na mesma situa��o que n�o foi presa”, diz. Os demais advogados aguardam ter acesso � decis�o do ministro para avaliar a possibilidade de pedir a soltura e tamb�m para solicitar a transfer�ncia dos presos para as cadeias pr�ximos de suas resid�ncias. 

A lista dos presos

Veja a situa��o* de cada um dos condenados que se encontram sob cust�dia da Pol�cia Federal e do �nico r�u que est� foragido

REGIME INICIAL FECHADO

Marcos Val�rio
Empres�rio
Pena total: 40 anos, 4 meses e 6 dias
Crimes: corrup��o ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evas�o de divisas e forma��o de quadrilha
Multa: R$ 3,06 milh�es

Cristiano Paz
Publicit�rio
Pena total: 25 anos, 11 meses e 20 dias
Crimes: corrup��o ativa, peculato, lavagem de dinheiro e forma��o de quadrilha
Multa: R$ 2,53 milh�es

K�tia Rabello
Ex-presidente do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gest�o fraudulenta, evas�o de divisas e forma��o de quadrilha
Multa: R$ 1,5 milh�o

Jos� Roberto Salgado
Ex-executivo do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gest�o fraudulenta, evas�o de divisas e forma��o de quadrilha
Multa: R$ 1 milh�o

Ramon Hollerbach
Publicit�rio
Pena total: 29 anos, 7 meses e 20 dias
Crimes: corrup��o ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evas�o de divisas e forma��o de quadrilha
Multa: R$ 2,79 milh�es

Henrique Pizzolato (FORAGIDO)
Ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil
Pena total: 12 anos e 7 meses
Crimes: corrup��o passiva, lavagem de dinheiro e peculato
Multa: R$ 1,316 milh�o

REGIME INICIAL SEMIABERTO

Jos� Dirceu
Ex-ministro da Casa Civil
Pena total: 10 anos e 10 meses
Crimes: corrup��o ativa e forma��o de quadrilha
Multa: R$ 676 mil

Jos� Genoino
Deputado federal (PT-SP)
Pena total: 6 anos e 11 meses
Crimes: corrup��o ativa e forma��o de quadrilha
Multa: R$ 468 mil

Del�bio Soares
Ex-tesoureiro do PT
Pena total: 8 anos e 11 meses
Crimes: corrup��o ativa e forma��o de quadrilha
Multa: R$ 325 mil

Simone Vasconcelos
Ex-diretora financeira da SMP&B
Pena total: 12 anos, 7 meses e 20 dias
Crimes: corrup��o ativa, lavagem de dinheiro e evas�o de divisas.
Multa: R$ 263,9 mil

Romeu Queiroz
Ex-deputado do PTB-MG
Pena total: 6 anos e 6 meses
Crimes: corrup��o passiva e lavagem de
dinheiro
Multa: R$ 828 mil

Jacinto Lamas
Ex-assessor parlamentar do extinto PL
Pena total: 5 anos
Crimes: lavagem
de dinheiro
Multa: R$ 260 mil

 


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