
Morto em 6 de dezembro de 1976, o ex-presidente Jo�o Goulart foi enterrado pela segunda vez, agora com honras de chefe de Estado, nesta sexta-feira, em S�o Borja, na fronteira com a Argentina. As homenagens reuniram a fam�lia Goulart, pol�ticos como o senador Pedro Simon (PMDB), o ex-deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB), a ministra dos Direitos Humanos Maria do Ros�rio (PT), o deputado federal Vieira da Cunha (PDT) e o governador em exerc�cio Pedro Westphalen (PP), al�m de alguns amigos ainda vivos do ex-presidente, admiradores e militantes trabalhistas.
Por decreto do prefeito, a cidade de 60 mil habitantes, que tamb�m foi ber�o do ex-presidente Get�lio Vargas e do algumas vezes presidente interino Ibsen Pinheiro (presidente da C�mara durante o governo Itamar Franco), parou para homenagear um de seus filhos mais ilustres. Centenas de pessoas foram ao aeroporto esperar pela fam�lia e pelo caix�o e outras centenas acompanharam o vel�rio na catedral S�o Francisco de Borja.
O corpo chegou a S�o Borja por volta das 13 horas. Depois do desembarque, passou diante de 150 soldados do Ex�rcito, que dispararam tr�s tiros de fuzil e executaram a marcha f�nebre. Na sequ�ncia, foi colocado sobre um caminh�o do Corpo de Bombeiros e levado em cortejo guardado por cavaleiros da Brigada Militar at� a igreja. No trajeto, diversas fam�lias ficaram diante de suas casas com bandeiras do Brasil. Por onde o caix�o passou foi aplaudido e diversas vezes o ex-presidente foi homenageado com gritos "Jango, Jango, Jango".
O segundo enterro deu a Jango as honras que n�o teve no primeiro e complementou o ato de exuma��o dos restos mortais para investiga��o da causa da morte. O ex-presidente morreu em 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, na Argentina, durante o ex�lio. A causa oficial, parada card�aca, foi contestada por um ex-agente da repress�o uruguaia, que diz ter participado de uma opera��o de envenenamento de Goulart. O primeiro enterro ocorreu em clima tenso. Tr�s mil pessoas desafiaram a ordem militar de um vel�rio r�pido e carregaram o caix�o pelas ruas de S�o Borja.
Em 14 de novembro os restos mortais foram removidos e transportados para Bras�lia para coleta de amostras. Uma equipe de peritos internacionais vai usar o material para identificar a verdadeira causa da morte ou informar se isso se tornou miss�o imposs�vel. O segundo enterro foi acompanhado por um p�blico menor, pr�ximo de mil pessoas, tanto porque, passados 37 anos, a como��o n�o � mais a mesma. Al�m disso, como lembrou um contempor�neo an�nimo, grande parte da gera��o de Jango morreu e a muitos adultos de hoje n�o tiveram informa��es sobre o ex-presidente nas escolas do regime militar.