A Comiss�o da Verdade da Assembleia Legislativa de S�o Paulo ouviu nesta especialistas na hist�ria do general franc�s Paul Aussaresses, militar que entre 1973 e 1975 esteve no Brasil ensinando t�cnicas de tortura e combate a guerrilhas aos oficiais brasileiros e de pa�ses da Am�rica Latina. Aussaresses morreu no dia 4 deste m�s.
Aussaresses veio ao pa�s como adido militar. “� um eufemismo para colabora��o estrita de informa��es e controle dos exilados”, explicou Leneide Duarte-Plon, jornalista e escritora. O general deu aulas no Centro de Instru��o de Guerra (CIG), que ainda existe em Manaus. Fermino explica que a escola, hoje, � famosa por oferecer bons cursos de sobreviv�ncia da selva. O centro surgiu para proteger as fronteiras brasileiras, por�m, a partir de 1973, passou a ser uma “escola do terror”.
Fermino defendeu que os documentos referentes �s atividades da escola naquela �poca sejam divulgados. “N�o sabemos quantos oficiais foram formados. No site da escola de Manaus se diz que foram 400 estrangeiros treinados, mas eu acho que foram at� mais. S� o Chile mandava de um a 12 oficiais por m�s”.
O pesquisador questiona a falta de informa��es sobre o trabalho do CIG durante a ditadura. “O que a escola tem a esconder? J� se passou tanto tempo e o Brasil precisa saber da sua hist�ria. Quem � que fez curso l�? Quais foram os instrutores? Por que essa escola foi direcionadas para ser uma escola do terror?” Fermino contou que j� foram solicitadas c�pias dos documentos � Comiss�o Nacional da Verdade, mas acredita que nenhum desses dados tenha sido divulgado.
Segundo Leneide Duarte-Plo, que est� escrevendo um livro sobre Aussaresses, a pol�mica em torno dele teve in�cio em 2000, quando o jornal franc�s Le Monde publicou uma entrevista chocante com uma ex-torturada por soldados franceses durante o conflito da Arg�lia, responsabilizando o general. No final daquele mesmo ano, Aussaresses reapareceu na imprensa reconhecendo as torturas praticadas e dizendo n�o se arrepender delas. “Ele diz que a tortura pode ser necess�ria”, conta ela.
Posteriormente, explica Leneide Duarte-Plo, Aussaresses escreve mais tr�s livros em que admite e detalha execu��es sum�rias que praticou. Nas publica��es, ele faz revela��es como o envolvimento de militares brasileiros, que teriam colaborado ativamente no golpe militar chileno. O general franc�s chegou a ser processado por apologia � guerra, mas recebeu anistia.
Aussaresses fala que era bom amigo do falecido general Jo�o Baptista Fiqueiredo, que presidiu o pa�s de 1979 a 1985, durante o regime militar, e foi chefe do Servi�o Nacional de Informa��es (SNI), e de S�rgio Paranhos Fleury, o delegado que comandou o Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops) de S�o Paulo, um dos centros de tortura da ditadura militar. Fleury, que morreu em 1979, dirigia pessoalmente as sess�es de tortura, sendo respons�vel por v�rios homic�dios decorrentes da a��o ilegal.