A for�a dos pol�ticos evang�licos, que se apoiam em cadeias de r�dio e TV mantidas por denomina��es religiosas ligadas a eles, est� provocando o esfriamento das rela��es entre o PT e os movimentos de defesa dos direitos da minoria gay.
A situa��o atual contradiz a hist�ria do partido de Dilma, que, desde seu surgimento, na d�cada de 1980, foi simp�tico �s causas do movimento gay.
Do total de 97 proposi��es que tramitam no Congresso envolvendo de maneira direta ou indireta assuntos relacionados a essa minoria, 38 s�o de autoria de petistas, segundo pesquisa conclu�da dias atr�s, com patroc�nio do Minist�rio da Justi�a. Intitulada Estudo Sobre Direitos Sexuais, essa pesquisa tamb�m mostra que, em segundo e em terceiro lugares, aparecem, bem atr�s, o PMDB, com 10 proposi��es e o PV, com 9. O PSDB est� em sexto lugar nessa lista.
Ao chegar � Presid�ncia da Rep�blica, em 2003, o PT sinalizou que manteria a proximidade com o movimento gay. Foi no governo de Luiz In�cio Lula da Silva que surgiu o programa Brasil Sem Homofobia. Tamb�m foi organizada a 1ª Confer�ncia Nacional LGBT, em 2008, da qual sa�ram o 1.º Plano Nacional LGBT, contra a discrimina��o, e um programa de enfrentamento da epidemia de Aids voltado para gays e travestis.
Apesar das boas inten��es, a maior parte dessas propostas n�o saiu do papel, na avalia��o de Oswaldo Braga, coordenador de projetos do Movimento Gay de Minas. "No caso do Brasil Sem Homofobia, surgiram grupos de trabalho e muitos documentos, mas poucas a��es concretas", afirma Braga.
O coordenador lembra que em 2011 a presidente Dilma Rousseff vetou a distribui��o de material educativo sobre diversidade sexual em escolas; e, em fevereiro do ano passado, mandou retirar do ar o v�deo que estimulava o uso de preservativo entre jovens homossexuais."Os evang�licos pressionaram e a propaganda focada no segmento mais vulner�vel � Aids, n�o foi veiculada"D, diz.
Para Luiz Henrique Coletto, vice-presidente da Liga Humanista Secular, "h� um apag�o deste governo em rela��o � popula��o LGBT". Ele assinala que parte da bancada petista e setores do Executivo, como a Secretaria de Direitos Humanos, mant�m a tradi��o de defesa dos gays. Essa n�o seria, no entanto, a dire��o do n�cleo pol�tico do Planalto.
A prova mais recente da guinada petista, segundo Coletto, ocorreu na semana passada, no Senado. Ao votarem o destino do Projeto de Lei 122 de 2006, que criminaliza a homofobia, assim como racismo e o antissemitismo, os senadores decidiram apens�-lo ao debate do projeto do novo C�digo Penal. Essa era a solu��o que menos interessava aos gays, porque vai arrastar o debate por v�rios anos. "Mas era a solu��o que interessava ao Planalto, que n�o queria votar a mat�ria antes das elei��es", diz Coletto.
Na vota��o, os senadores do PMDB e outros partidos da base de apoio do governo apoiaram o apensamento, assim como os do PSDB. Quanto aos petistas, n�o votaram de forma homog�nea. Dos doze senadores que comp�em a bancada do partido de Dilma, apenas seis estavam presentes na hora da vota��o. Desses, quatro votaram contra o apensamento, como desejavam os gays e de acordo com a orienta��o da lideran�a partid�ria. Mas um se absteve e outro votou pelo apensamento, ao lado dos evang�licos. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.