A presidente Dilma Rousseff usou, em meio �s manifesta��es de junho de 2013, a cadeia nacional de r�dio e televis�o para dizer que “ouviu as vozes da rua”. Mas nem todos os brasileiros puderam afirmar tamb�m que entenderam as promessas da chefe de Estado sobre as reivindica��es. Restou aos cerca de 9 milh�es de deficientes auditivos apenas a tentativa de uma leitura labial para decifrar o recado da presidente. O Minist�rio P�blico Federal do Distrito Federal (MPF-DP) abriu inqu�rito para investigar por que essa parcela da popula��o, n�o raro, � exclu�da da comunica��o oficial.
Ao todo, Dilma usou a rede de televis�o 17 vezes. N�o houve int�rprete de Libras em nenhum dos pronunciamentos do ano passado. A diretora de Pol�ticas Educacionais da Federa��o Nacional de Educa��o e Integra��o dos Surdos (Feneis), Patr�cia Rezende, diz que o uso de legendas n�o � suficiente para garantir a acessibilidade aos deficientes auditivos. “Temos que atender a pluralidade de surdos brasileiros. H� uns que preferem int�rpretes de Libras, h� outros que preferem legenda.”
Em 21 de junho, antes do pronunciamento, a Feneis procurou a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para pedir acessibilidade aos surdos. A chefe da pasta respondeu horas depois da exibi��o do discurso “silencioso” de Dilma, com uma promessa. “Vou falar com a ministra Helena (Chagas, da Secretaria de Comunica��o da Presid�ncia) para providenciar para os outros pronunciamentos”, escreveu Gleisi. Nos seguintes, houve legenda, mas sem int�rprete.