Bras�lia - O PT discute a indica��o da ministra das Rela��es Institucionais, Ideli Salvatti (SC), para vaga de ministra do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU). O objetivo � tornar a Corte mais governista e resolver a situa��o da petista, j� que, sem espa�o no seu partido em Santa Catarina, ela n�o deve disputar nenhum cargo nas pr�ximas elei��es. Al�m disso, n�o continuar� na Esplanada se a presidente Dilma Rousseff se reeleger.
Pelas regras constitucionais de escolha de ministros do TCU, cabe ao Senado as duas pr�ximas indica��es, Casa em que o governo tem ampla maioria e que n�o gerou grandes problemas a Dilma durante seu mandato. A �ltima escolha de ministro do TCU coube � C�mara, em abril de 2012. Na ocasi�o, a ministra Ana Arraes, m�e do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), foi escolhida. O pernambucano era da base aliada na �poca mas, no ano passado, rompeu com Planalto para disputar a Presid�ncia. Em raz�o disso, Ana Arraes agora � considerada advers�ria na Corte, principalmente por sua atua��o contr�ria aos interesses do governo no julgamento das concess�es portu�rias.
A articula��o pr�-Ideli ser� usada pelo PT nas negocia��es com o PMDB, que pretende indicar o senador Gim Argelo (PTB-DF) para a outra vaga a ser aberta no TCU at� o fim do ano. Em outubro, o ministro Valmir Campelo chega � idade limite e tamb�m ter� de se aposentar. O nome do sucessor dele no cargo ter� de ser aprovado pelos senadores.
Apadrinhado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com as ben��os de Jos� Sarney (PMDB-AP), Gim recebeu a promessa de ser nomeado por Dilma para o TCU e j� pede votos abertamente aos colegas de plen�rio. Em contrapartida, a outra vaga deve ser reservada ao PT, que por ora s� tem Ideli no radar.
O ministro Mercadante conversou com Gim na ter�a-feira, dia 11, e assegurou que Dilma o apoia e para o TCU. O principal entrave para a ascens�o dele � condi��o de "fiscal do dinheiro p�blico" n�o � pol�tico, mas o pr�prio hist�rico de questionamentos �ticos.
No ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello determinou a abertura de inqu�rito para apurar ind�cios de lavagem de dinheiro por parte do senador, em raz�o de movimenta��es at�picas nas contas da mulher e do filho dele. A reportagem n�o conseguiu falar com Gim nesta quinta.
Em 2010, Gim foi alvo de questionamentos do Minist�rio P�blico junto ao TCU ap�s o jornal O Estado de S. Paulo mostrar que R$ 1,4 milh�o em emendas dele ao Or�amento foram repassados a institutos fantasmas. Gim nega qualquer irregularidade.
Por outro lado, o nome de Ideli ainda enfrenta resist�ncia de setores do PMDB. O l�der do partido na Casa, Eun�cio Oliveira (CE), disse a interlocutores que a vaga do Senado no TCU n�o ser� dada a uma pessoa de fora.
A ministra n�o comenta as articula��es para conduzi-la � corte de contas, mas aliados da petista dizem que ela n�o se op�e � solu��o. "Ela tem todas as credenciais para o cargo no TCU", resume um dirigente do PT nacional, citando as dificuldades que ela enfrenta no partido.
Ideli n�o conseguiu maioria no PT catarinense para disputar um cargo majorit�rio nas elei��es deste ano. O partido no Estado � controlado pelo ex-deputado Cl�udio Ant�nio Vignatti, que fechou as portas para a ministra no diret�rio estadual numa esp�cie de troco por ela t�-lo exonerado quando assumiu a Secretaria das Rela��es Institucionais (SRI).
Os partidos da base aliada sempre reclamaram da falta de autonomia de Ideli � frente da pasta. "Mas a ministra n�o � culpada. Quem tem a caneta � a presidente Dilma", disse o l�der do PMDB na C�mara, Eduardo Cunha (RJ). Nos bastidores do Planalto, o cargo de Ideli � definido como "o pior minist�rio do governo".
Bastante criticada pela pr�pria base aliada por problemas na articula��o pol�tica, Ideli perdeu parte de suas fun��es para o novo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT-SP), que assumiu neste m�s as principais negocia��es do Planalto com o Congresso e os partidos. A indica��o dela ainda precisa do aval da presidente, mas, segundo dirigentes do PT e lideran�as do partido no Senado, serviria aos prop�sitos do governo.