Montevid�u - Tr�s empresas uruguaias contratadas pela Alstom e pela Siemens para dar consultoria sobre projetos do Metr� e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) s�o de fachada. Investigadores brasileiros e su��os suspeitam que essas empresas foram usadas para pagar propina a agentes p�blicos das estatais de S�o Paulo dentro do esquema do cartel.
A Pol�cia Federal e os �rg�os de registro de S�o Paulo nunca conseguiram encontrar dados sobre essas empresas no Brasil ou suas atividades no Pa�s, apesar das tentativas.
A pr�tica de contrata��o de consultorias fict�cias para o pagamento de propina levou as duas multinacionais a serem condenadas judicialmente fora do Brasil. A Siemens foi condenada na Alemanha e nos Estados Unidos; e a Alstom, na Su��a.
O escrit�rio que sedia as tr�s empresas uruguaias n�o disp�e de expertise para presta��o de servi�os de consultoria na �rea de transportes. O Uruguai n�o tem tradi��o na �rea metroferrovi�ria. N�o tem metr� e disp�e de apenas uma linha de trens de passageiros que conta com cinco carros e transporta somente cerca de 1.200 pessoas por dia.
As tr�s empresas nem sequer est�o registradas como consultorias no pa�s vizinho, mas como “assessoramento de investimentos financeiros”.
A reportagem foi at� o pr�dio onde fica o escrit�rio de contabilidade, mas um funcion�rio informou n�o ter autoriza��o para permitir a entrada.
O promotor criminal uruguaio Juan Gomez disse que s� poderia iniciar uma investiga��o sobre as empresas com um pedido de coopera��o judicial do Brasil, o que nunca foi feito desde o in�cio dos inqu�ritos sobre a Alstom e a Siemens.
Contratos
Segundo o Minist�rio P�blico su��o, a Alstom firmou, em 1999, contratos com a Gantown e a GHT Consulting. O objetivo era a presta��o de consultoria para fornecer 129 composi��es � CPTM. A promotoria su��a sustenta que as empresas eram “destinat�rias do pagamento de comiss�es efetuadas por companhias da Alstom no �mbito dos projetos da CPTM”.
J� a Siemens assinou dois contratos id�nticos, um com a Gantown e outro com a Leraway, no mesmo dia de abril de 2000, para consultoria relativa � implanta��o da Linha 5 (Lil�s) do Metr� - o maior dos seis contratos que a Siemens denunciou ao Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica por forma��o de cartel.
Nem a Siemens nem a Alstom concordaram em revelar ao Estado quais os relat�rios produzidos pelos consultores. Tamb�m n�o informaram com quem trataram nas empresas uruguaias. A Siemens tamb�m n�o esclareceu por que fez contratos id�nticos, assinados no mesmo dia de abril de 2000, com duas das sociedades an�nimas para o mesmo projeto do Metr�.
Delator
Em colabora��o premiada feita na Pol�cia Federal, o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer disse que os fornecedores de equipamentos da Linha 5 pagaram de propina 9% do total do contrato de R$ 945 milh�es, em valores atualizados.
A Gantown, a Leraway e a GHT fazem parte de uma lista de empresas que o Minist�rio P�blico da Su��a e Rheinheimer atribuem aos consultores Arthur Teixeira e S�rgio Teixeira. S�rgio morreu em 2011. Arthur � hoje um dos indiciados pela Pol�cia Federal no inqu�rito do cartel, suspeito de intermediar as propinas. Segundo os investigadores su��os, o dinheiro transitava entre contas das empresas e de seus donos no Uruguai, na Su��a e na Inglaterra e depois era transferido por doleiros para destinos desconhecidos.
O doleiro Marco Antonio Cursini disse � PF que fez opera��es de d�lar cabo para o ex-diretor da CPTM Jo�o Roberto Zaniboni, que recebeu na Su��a valores de Arthur Teixeira. Cursini trouxe os valores para o Brasil.