Grasielle Castro e
Paulo de Tarso Lyra


O dia de reuni�es come�ou ainda no voo que trouxe Temer a Bras�lia. Antes de embarcar, ele tentou amenizar a crise. “N�o � A nem B ou C, nem sou eu quem vai dizer se o partido vai para um lado ou para outro. � a conven��o nacional que decide para onde vai o PMDB”, disse. Na aeronave, ele acertou com Raupp o tom a ser adotado com a presidente. �s 18h15, o vice-presidente entrou no Pal�cio da Alvorada para o encontro com Dilma.
Ao todo, foram duas horas de reuni�o, que tamb�m contou com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Ela se colocou a disposi��o do PMDB para acertar uma sa�da para os impasses nas alian�as regionais, mas cobrou do PMDB que controle a rebeli�o na C�mara at� a volta da viagem ao Chile para a posse de Michele Bachelet – o retorno est� programado para a quarta-feira, mas pode ser antecipado. Ela ainda acenou com uma nova reuni�o at� o fim da semana, para tratar da reforma ministerial.
DE FORA Nesta segunda-feira, a presidente ter� reuni�es com Raupp e os presidentes da C�mara, Henrique Eduardo Alves (RN), e do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador Eun�cio Oliveira (PMDB-CE). Al�m de mais um minist�rio para os peemedebistas, os maiores conflitos entre PT e PMDB est�o na defini��o de palanques de cinco estados: Rio de Janeiro, S�o Paulo, Cear�, Paran� e Rio Grande do Sul. A movimenta��o de Dilma, no entanto, mostra que o Planalto segue com a estrat�gia de isolar Eduardo Cunha de qualquer decis�o referente � reforma ou �s composi��es estaduais.
A guerra entre Cunha e o Planalto azedou de vez desde o fim de janeiro, quando a presidente sugeriu que um senador peemedebista ficasse � frente de um minist�rio comandado por um peemedebista da C�mara — a oferta do Minist�rio do Turismo a Vital do Rego (PB) foi repetida ontem. Os deputados, que j� estavam insatisfeitos, entenderam que perderiam mais espa�o no governo. Cunha, reuniu outros descontentes com as rela��es com o Planalto e criou o bloc�o para marcar posi��o na Casa.
REVOLTA Os rebeldes do PMDB questionam a autonomia do partido dentro do governo. O fato de a presidente ter escolhido apenas o vice-presidente, Michel Temer, como interlocutor do partido desanimou os parlamentares. A desconfian�a � de que, ao discutir apenas com Temer, a presidente tenha mais facilidade para colocar panos quentes na situa��o.
Por isso, a tentativa do Planalto de isolar Eduardo Cunha deve ter um teste de fogo na C�mara dos Deputados logo na sess�o de amanh�. Parlamentares do bloc�o prometem aprovar a cria��o de uma comiss�o especial para investigar as den�ncias de recebimento de propinas por funcion�rios da Petrobras na Holanda. Al�m disso, ainda est� marcada a vota��o do texto-base do Marco Civil da Internet.
Vota��o fatiada do Marco Civil
Bras�lia – Sem conseguir conter a revolta do PMDB, o governo pode come�ar a colher os frutos desses atritos com mais uma derrota nas vota��es da C�mara dos Deputados. A expectativa � que os mais de 200 parlamentares que aderiram ao bloc�o — grupo de insatisfeitos com as rela��es com o Planalto — sigam o l�der peemedebista, Eduardo Cunha (RJ), na vota��o do Marco Civil da Internet. O PMDB � o partido que mais tem resist�ncias ao projeto. O principal ponto de tens�o � a neutralidade da rede, defendida pelo Planalto e duramente criticada pelo partido aliado. O governo defende que a regra atual garante aos internautas acesso irrestrito rede, sem diferenciar a velocidade de conex�o de acordo com o tipo de conte�do. J� o PMDB alega que o item fere a liberdade das empresas e usu�rios.
A proposta est� na pauta da Casa desta semana. A estrat�gia do governo � colocar o texto-base para aprecia��o e deixar os destaques para an�lise posterior. A ministra de Rela��es Institucionais, Ideli Salvatti, tem defendido que, se n�o houver consenso, a mat�ria deve ser decidida no voto. Inicialmente, o objetivo da ministra poderia ser favor�vel ao governo, que, at� a rebeli�o ser deflagrada, tinha o apoio da maioria das legendas para emplacar o projeto.
Encarado como uma resposta as den�ncias de espionagem, o texto foi aperfei�oado e desde o �ltimo trimestre do ano passado o governo negocia com as legendas para votar a mat�ria. O Planalto quer aprovar o projeto antes de abril, quando ocorre uma confer�ncia internacional sobre governan�a na internet em S�o Paulo. (GC)