
O senador e pr�-candidato � Presid�ncia da Rep�blica, A�cio Neves (PSDB), pediu nesta quarta-feira, durante pronunciamento no plen�rio do Senado, que a compra pela Petrobr�s da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006, seja investigada. Em um discurso duro, o tucano afirmou que a presidente Dilma faz uma “gest�o temer�ria” da estatal e que a transa��o se tratou de uma “negociata” al�m de ser a mais “ruinosa e mais lesiva opera��o feita pela empresa”. Ele ainda afirmou que durante os �ltimos anos, a empresa, juntamente com a Eletrobr�s, perdeu mais de U$ 100 bilh�es. Ainda segundo o senador, Dilma e os outros integrantes do conselho administrativo devem dar explica��es sobre o neg�cio. “A resposta dada pela presidente n�o � suficiente, n�o permite que os brasileiros conhe�am as motiva��es dessa negociata”, criticou.
O tucano ainda afirmou que a Comiss�o de Fiscaliza��o e Controle deve abrir procedimento para acompanhar as den�ncias. Segundo ele, as explica��es da Presid�ncia de que a compra ocorreu sobre um parecer falho, dado por Nestor Cever�, ex-diretor da Petrobras, n�o s�o convincentes. Ainda de acordo com o tucano, n�o pode haver terceiriza��o das justificativas. "Em nenhum momento colocamos em xeque a honradez da presidente. Considero a presidente uma senhora proba. Mas ela n�o buscou se embasar nos crit�rios da boa gest�o”, afirmou. O senador tamb�m questionou o atual cargo de Cever�, que atualmente � diretor financeiro da BR Distribuidora. “Aquele que levou a empresa ao preju�zo foi promovido”, atacou.
A�cio ainda ironizou as explica��es da presidente sobre o valor da compra, que teria sido feita 1500% acima da quantia de mercado. “A Petrobr�s se tornou a OGX da presidente Dilma”, disse.
Logo ap�s a fala de A�cio, a senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann(PT), questionou o tom com que o tucano fez seu discurso. Segundo a ex-ministra, a oposi��o tem o papel de pedir explica��es, mas chamou de “oportunista” a fala de A�cio. “O assunto n�o � novo, porque Vossa Excel�ncia n�o veio a p�blico anteriormente?”.
O l�der do governo Eduardo Braga (PMDB) tamb�m saiu em defesa da presidente. Ele lembrou que a Casa aprovou nesta quarta-feira, requerimentos para que a Petrobr�s preste informa��es. O presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB) afirmou que o assunto “� velho”. “ O que h� de novo nisso � a presen�a de Cever� na Petrobr�s”, comentou.
J� o l�der do PSDB, Alo�sio Nunes, disse que a presidente foi “incompetente”. Segundo ele, n�o resta d�vidas sobre a honestidade de Dilma, mas ela se comportou de forma temer�ria nesse assunto. “A presidente Dilma falhou como presidente do conselho de administra��o”, afirmou, dizendo que ela deveria ter registrado em ata que havia ressalvas sobre a transa��o.
Den�ncia
Segundo den�ncia devulgada nesta quarta-feira pelo jornal 'O Estado de S�o Paulo', a presidente Dilma Rousseff aprovou a compra de 50% da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), quando era chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administra��o da Petrobras, em 2006, conforme mostram atas e documentos in�ditos da estatal. O neg�cio, que viria a se completar em 2012, � alvo de investiga��o da Pol�cia Federal, Minist�rio P�blico, Tribunal de Contas da Uni�o e de uma comiss�o externa da C�mara dos Deputados por suspeitas de superfaturamento e evas�o de divisas.
Os pap�is mostram que “n�o houve nenhum voto em sentido contr�rio” na decisiva reuni�o do conselho em favor da opera��o de compra de metade da refinaria. Os documentos esclarecem a posi��o da ent�o ministra de Luiz In�cio Lula da Silva na origem do neg�cio que viria a se tornar um problema para o governo, obrigado, mais tarde, a comprar os outros 50% da refinaria.
A ata 1.268, de 3 de fevereiro de 2006, no item cinco, mostra a posi��o un�nime do conselho mesmo j� havendo, � �poca, questionamentos sobre a refinaria, considerada obsoleta. A estatal acabou desembolsando US$ 1,2 bilh�o na compra - o pol�mico neg�cio acabou revelado no ano seguinte pelo Broadcast, servi�o em tempo real da Ag�ncia Estado.
Em 2005, um ano antes de a Petrobras decidir fazer o neg�cio, a empresa de origem belga Transcor/Astra havia comprado a refinaria por US$ 42,5 milh�es.
Os ent�o ministros Antonio Palocci (Fazenda), atual consultor de empresas, e Jaques Wagner (Rela��es Institucionais), hoje governador da Bahia pelo PT, integravam o Conselho de Administra��o da Petrobras. Eles seguiram Dilma. A posi��o deles sobre o neg�cio tamb�m era desconhecida at� hoje.
A compra da refinaria foi feita em duas partes. Para aprovar a primeira parte do neg�cio, o conselho se baseou no “resumo executivo” da diretoria internacional da Petrobras, comandada por Nestor Cerver�, que defendia a compra da refinaria como medida para expandir a capacidade de refino no exterior e melhorar a qualidade dos derivados de petr�leo brasileiros.
A refinaria n�o processa o �leo pesado produzido pela Petrobras. Indicado para o cargo pelo ex-ministro Jos� Dirceu, na �poca j� fora do governo federal por causa do mensal�o, Cerver� � hoje diretor financeiro de servi�os da BR-Distribuidora.
Controle
Enquanto Dilma atuou como presidente do conselho, nenhuma decis�o foi tomada sem que tivesse sido combinada com ela antes da reuni�o. O ent�o presidente da empresa, Jos� Sergio Gabrielli, costumava discutir os temas com a ent�o ministra da Casa Civil com anteced�ncia, quando a municiava de dados e informa��es. Cabia a Dilma convocar as reuni�es do conselho de administra��o e definir a pauta.
A �nica vers�o sobre a opini�o da presidente a respeito do neg�cio de Pasadena conhecida at� hoje � a de que se posicionou contra a compra da segunda metade da refinaria, quando teria sido r�spida com Gabrielli que insistia na aprova��o. Os documentos da estatal confirmam a posi��o contr�ria da presidente na segunda etapa. A Petrobras teve de comprar os outros 50% ap�s um lit�gio.
Com Ag�ncia Estado