O ex-diretor da �rea Internacional da Petrobras, Nestor Cerver�, disse nesta quarta que a compra da Refinaria de Pasadena (EUA) “estava perfeitamente enquadrada dentro do planejamento estrat�gico da estatal e na agrega��o de valor ao nosso petr�leo”. Segundo ele, a expans�o do refino para o exterior est� previsto no plano da empresa que, na �poca, n�o tinha como expandir refinarias no pa�s mas registrava crescimento da produ��o, em fun��o, principalmente, dos resultados da Bacia de Campos - que era de petr�leo pesado e de menor pre�o de comercializa��o.
Ao explicar o neg�cio fechado em 2006 para deputados, em audi�ncia conjunta das comiss�es de Fiscaliza��o Financeira e Controle, Desenvolvimento Econ�mico e Rela��es Exteriores, Cerver� lembrou ainda que a escolha pelo territ�rio norte-americano tamb�m foi analisada pela empresa. "O mercado americano � consumidor voraz energ�tico. Dos 80 bilh�es de barris [de petr�leo] consumidos no mundo [diariamente], 25% s�o consumidos pelos Estados Unidos”, disse.
“A partir de 2001 as margens de refino dos EUA explodiram, caracterizando os anos dourados de refino americano”, completou Cerver�, que foi convidado para explicar o relat�rio que elaborou sobre a compra da refinaria de Pasadina, quando comandava a �rea internacional da empresa.
O ex-diretor da estatal foi apontado pela presidenta Dilma Rousseff, como o respons�vel pelo erro que a levou a aprovar o neg�cio com o grupo belga Astra Oil. Uma reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo revelou que a compra da refinaria teve o aval da presidenta, que na �poca era ministra-chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administra��o da Petrobras.
No documento, Cerver� teria omitido qualquer refer�ncia a duas cl�usulas importantes que integravam o contrato: a Cl�usula Marlim e a Cl�usula de Put Option. A Put Option obriga uma das partes da sociedade a comprar a outra, em caso de desacordo entre os s�cios. Ap�s desentendimentos sobre investimentos com a belga Astra Oil, s�cia no neg�cio, a estatal brasileira teve que ficar com toda a refinaria. J� a Cl�usula Marlim prev� a garantia � s�cia da Petrobras de um lucro de 6,9% ao ano, mesmo que as condi��es de mercado sejam adversas.
De acordo com o governo, o Conselho de Administra��o da estatal s� tomou conhecimento da exist�ncia das cl�usulas em mar�o de 2008, quando foi consultado sobre a compra da outra metade das a��es da refinaria. O neg�cio est� sendo investigado pela Pol�cia Federal, pelo Tribunal de Contas da Uni�o e pelo Minist�rio P�blico.
Ontem (15), no Senado, a presidenta da Petrobras, Gra�a Foster, lembrou que a falha no relat�rio de Cerver�, foi apresentada em 2006 e o diretor foi ent�o remanejado para o Conselho de Administra��o da BR Distribuidora, subsidi�ria da Petrobras que atua no mercado brasileiro de distribui��o de combust�veis. Ele ocupou o cargo at� o m�s passado, quando foi afastado da estatal.
Durante a audi�ncia, deputados voltaram a reivindicar a vinda de Gra�a Foster e do ministro de Minas e Energia, Edison Lob�o, para que tamb�m respondam quest�es sobre os neg�cios da estatal. Os dois foram convidados a comparecer � C�mara na pr�xima quarta-feira (23) mas, segundo parlamentares de oposi��o, ainda n�o confirmaram presen�a.