Juliana Cipriani
O apetite dos vereadores de Belo Horizonte para estar perto do povo no ano em que quase metade dos 41 tentar� subir algum degrau na carreira pol�tica dobrou. Em apenas dois meses – entre 10 de fevereiro e 10 de abril –, eles fizeram 49 reuni�es para tratar dos mais diversos temas com a popula��o, sendo que 19 delas foram em sal�es, escolas, igrejas ou pra�as nos bairros da capital. No mesmo per�odo do ano passado, a Casa contabilizou 25 audi�ncias, sendo apenas tr�s realizadas fora da sede do Legislativo. Os encontros s�o divulgados com as devidas fotos e logomarcas dos vereadores autores dos requerimentos que os pediram.
Aro mant�m, ainda, cavaletes itinerantes nas ruas, com sua foto e nome em destaque anunciando o seu gabinete parlamentar m�vel. Tudo isso, assim como as fotos das reuni�es, devidamente compartilhado em sua p�gina no Facebook. “Agora estamos nos bairros Prado e Calafate. Quantas demandas! Isso demonstra a aus�ncia do poder p�blico na vida das pessoas”, postou o vereador.
Quem tamb�m engrossou as audi�ncias este ano foi o vereador Gilson Reis (PCdoB), que tamb�m concorre este ano a uma vaga na Assembleia. O parlamentar aprovou requerimentos e fez encontros sobre a regulariza��o fundi�ria no Bairro Montes Claros, tratou de adicional de risco para os guardas municipais, melhoria em um campo de futebol no Bairro Paulo VI e obras na Avenida Pedro II. Al�m disso, chancelou uma reuni�o sobre a BH Ativos. Todas foram feitas na C�mara.
Quem tamb�m optou pelas audi�ncias internas, nas quais os interessados v�o at� a C�mara, foi Adriano Ventura (PT), que tentar� uma vaga no Legislativo estadual. Ele discutiu a situa��o das comunidades de Vila Bandeirantes, no Luxemburgo e Non Lajedo, no Vetor Norte de BH. Outro assunto de audi�ncia promovida a pedido do vereador foi a gest�o de res�duos s�lidos.
J� Iran Barbosa, vereador e pr�-candidato a deputado estadual, fez duas audi�ncias para discutir o programa Vila Viva, reivindicando um campo de futebol para a comunidade S�o Tom�z. Tamb�m fez uma visita t�cnica a um campo de futebol no Bairro Planalto e � autor de requerimentos de reuni�es sobre a situa��o de um terreno no Bairro Lagoa e dos postos de sa�de no Gl�ria. Outros vereadores pr�-candidatos que fizeram audi�ncias foram Marcelo �lvaro Ant�nio (PRP), S�rgio Fernando (PV) e Bim da Ambul�ncia (PTN).
Entre os colegas, o aumento das visitas aos bairros e audi�ncias na C�mara � visto, nos bastidores, como uma estrat�gia dos pr�-candidatos para conseguir uma exposi��o maior. “�s vezes o tema nem � t�o relevante para se fazer reuni�o na cidade. � claro que � um palanque”, afirma um vereador. Outro, que n�o quis se identificar para n�o causar indisposi��o com os colegas, confirma: “� totalmente eleitoreiro”.
Aproxima��o Os autores das audi�ncias, enquanto isso, justificam as reuni�es e negam interesse eleitoral. “N�o fiz s� agora, fui o que mais fiz no mandato. No ano passado fiz 27 audi�ncias, sendo nove nos bairros, n�o tem nada a ver com ano eleitoral”, garante Marcelo Aro. Segundo o vereador, as audi�ncias s�o a melhor forma de trazer a popula��o para o debate. “Se temos esse instrumento, para que desperdi�ar?”, pergunta. Aro admite que as reuni�es lhe d�o divulga��o, mas afirma que isso � “apenas consequ�ncia do trabalho”. O vereador afirmou ainda que ser candidato � uma op��o que ele tem at� junho para fazer.
Gilson Reis, que estava iniciando mais uma audi�ncia no Bairro Paulo VI quando o Estado de Minas entrou em contato, tamb�m alegou que as audi�ncias s�o uma forma de se aproximar das demandas da popula��o. “O vereador tem as fun��es de legislar, representar e atuar na rela��o com a comunidade, ent�o, � isso que estamos fazendo”, afirmou. Reis tamb�m alega que at� junho n�o � candidato, e que ruim � a C�mara estar sem votar nos �ltimos meses. “A cada dois anos tem elei��o no Brasil, se formos deixar de cumprir as fun��es de representa��o do mandato em fun��o disto, n�o fazemos nada”, afirmou.
O vereador Adriano Ventura tamb�m admite que as audi�ncias d�o visibilidade, mas afirma que as suas, por tratarem do movimento social dos sem casa, trazem � dor de cabe�a. “Eu tenho um foco que � a reforma urbana, todas as minhas audi�ncias caminham na mesma linha. O que me estranha � quando parlamentares fazem diversos eventos ou mesmo audi�ncias com temas d�spares. Talvez a� esteja o ind�cio de algo eleitoreiro”, afirmou. O vereador Iran Barbosa foi procurado, mas o seu celular estava desligado.