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Estado de Minas DE XEIQUE A PRESIDI�RIO

Ex-diretor da Petrobras foi de xeique a presidi�rio

Ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa atingiu status de todo-poderoso na estatal, com supersal�rios, mas viu seu prest�gio ruir ao ser alvo de investiga��o da Pol�cia Federal


postado em 11/05/2014 06:00 / atualizado em 11/05/2014 08:29

Maria Clara Prates

(foto: Marcos Arcoverde/Conteúdo Estadão)
(foto: Marcos Arcoverde/Conte�do Estad�o)
O engenheiro Paulo Roberto Costa – que est� preso na carceragem da Pol�cia Federal em Curitiba (PR) por participar de uma organiza��o criminosa especializada em lavagem de dinheiro – pode ser definido como uma das pessoas que vivenciaram as del�cias do c�u e agora est�o conhecendo o inferno das pris�es, isso tudo nas �ltimas tr�s d�cadas de sua vida. Funcion�rio de carreira desde 1977 da Petrobras, galgou postos de chefia na estatal que o transformaram em um todo-poderoso, e um verdadeiro xeique, dono de um sal�rio anual de R$ 710 mil, fora outros benef�cios.

A ascens�o de Costa na Petrobras chamou a aten��o de seu conterr�neo, o ent�o deputado Jos� Janene (PP-PR) – morto em 2010 –, que se transformou em seu padrinho pol�tico e o fez chegar ao estrat�gico posto de diretor de Refino e Abastecimento da estatal. Se Janene lhe apontou a porta do c�u apontou tamb�m a do inferno, ao lhe apresentar o doleiro Alberto Yousseff, que terminou por lhe abrir a porta de uma cela, ao inclu�-lo em seu esquema de lavagem de dinheiro e evas�o de divisas.

A bem-sucedida carreira de Costa na Petrobras, que ele deixou em 2012, o transformou em um homem estrat�gico para que empreiteiras pudessem negociar com a estatal. Status que o levou a abrir empresas de consultoria – algumas apenas de fachada –, por interm�dio das quais fazia a movimenta��o da propina que recebia para “facilitar” os neg�cios das construtoras com a Petrobras.

Para dar uma fachada legal � transa��o, Costa tamb�m usava as empresas de seu amigo doleiro Yousseff, preso com ele durante a Opera��o Lava Jato, da Pol�cia Federal, desencadeada em 17 de mar�o, para desmontar um esquema de lavagem de dinheiro em v�rios estados. Costa foi preso porque tentava destruir pap�is que revelariam as negocia��es escusas de suas empresas. Mas, desta vez, ele n�o obteve sucesso: os documentos em posse da PF comprovam que as maiores empreiteiras do pa�s e as principais vendedoras de combust�vel do planeta pagavam comiss�o para fazer neg�cio com a estatal.

BARGANHA O engenheiro Costa chegou ao cargo de diretor da Petrobras numa barganha de cargos em 2003, ainda no primeiro governo de Luiz In�cio Lula da Silva. O PP queria a diretoria de G�s e Energia, mas o especialista em energia Ildo Sauder j� havia sido convidado para a fun��o e o partido da base aliada aceitou, ent�o, a diretoria oferecida a Costa. Antes da diretoria, ele era superintendente da TBG, empresa constitu�da pela Petrobras e pela Enron – grupo americano que quebrou no fim dos anos 90 –, para construir o gasoduto Brasil-Bol�via.

Como diretor da Petrobras, Costa teve outros neg�cios importantes sob sua gest�o como o polo petroqu�mico do Rio de Janeiro (Comperj) e a Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. Ambos tiveram seus or�amentos inflacionados em escala jamais vista em empreendimentos da mesma natureza. E como n�o poderia deixar de ser, o engenheiro se meteu tamb�m na compra da refinaria de petr�leo de Pasadena, nos EUA, em 2006, e hoje alvo de uma investiga��o do Minist�rio P�blico Federal em raz�o das perdas que o neg�cio trouxe aos cofres da estatal e tem como um dos suspeitos tamb�m Costa, al�m de outros diretores.

O engenheiro se manteve no prestigiado cargo entre 2003 e 2012, mas, entre 2003 e 2007, recebeu de presente com outros diretores um aumento salarial de 90%, enquanto a infla��o acumulada no per�odo foi de 28,16%, segundo o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA). Documentos encaminhados pela estatal ao Minist�rio da Previd�ncia e � Receita Federal mostram que os vencimentos – sal�rios mais b�nus – de cada um dos diretores fecharam 2007 em torno de R$ 710 mil, o que deu uma m�dia mensal salarial de R$ 60 mil. O valor � o dobro dos sal�rios dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), de R$ 29,4 mil, fixado como teto salarial do funcionalismo p�blico pelo Conselho Nacional de Justi�a (CNJ).

MILH�ES O polpudo sal�rio de Costa, mais os neg�cios de suas empresas de consultoria, entre elas a Costa Global, fez dele um verdadeiro xeique, que se dava ao luxo de dormir sobre mais de R$ 1 milh�o. Quando foi preso o engenheiro teve apreendidoS em sua casa R$ 700 mil, al�m de U$S 200 mil. E muito mais. Somente nos �ltimos cinco anos, Costa, a mulher, duas filhas e dois genros – que tamb�m foram denunciados criminalmente pelo Minist�rio P�blico – desembolsaram cerca de R$ 5,8 milh�es para a compra de 13 im�veis no Rio de Janeiro, de acordo com registro em cart�rio. Hoje, eles est�o avaliados em R$ 14,4 milh�es, sem considerar duas salas comerciais tamb�m adquiridas pela fam�lia.

Agora, o imp�rio de Costa come�a a ser esmiu�ado pelo Minist�rio P�blico, que teve autorizada pela Justi�a a quebra do sigilo banc�rio do engenheiro e da Petrobras, especialmente nas transa��es financeiras a partir de contratos para a constru��o da Refinaria de Abreu e Lima. Mas quem pensa que o engenheiro est� morto, se engana. Ele tem consigo mais de tr�s dezenas de pen drives, hoje apreendidos pela Pol�cia Federal, nos quais arquivou anota��es detalhadas sobre os neg�cios em que atuou como diretor de Abastecimento da Petrobras e registrou nomes de executivos com os quais se relacionou, os tipos de problemas que trataram e as “solu��es” encontradas.

Esse material de alto teor explosivo pode vir � tona logo ap�s a instala��o da CPI da Petrobras, na qual Costa ter�, novamente, um papel estrat�gico. Integrantes oposicionistas do governo na CPI j� anunciaram que pretendem ir at� o Paran� para ouvir o engenheiro, antecipando ao trabalhos da comiss�o.


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