
Mais de um milh�o de eleitores dos deputados estaduais que conquistaram vagas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais h� quatro anos est�o �rf�os em outubro. Equivalentes a cerca de 8% do eleitorado mineiro, que contabiliza cerca de 15 milh�es de t�tulos registrados, eles ter�o de procurar outro candidato porque os seus “eleitos” resolveram migrar para o Executivo, concorrer a uma vaga em Bras�lia ou simplesmente deixar a pol�tica. Na lista est�o donos das maiores vota��es no estado que, juntos, conquistaram a prefer�ncia de 1.205.403 eleitores.
Mais votado entre os eleitos para a Assembleia, o deputado estadual Dinis Pinheiro (PP), que hoje preside a Casa, vai concorrer a vice-governador na chapa do candidato tucano ao governo, ex-ministro das Comunica��es Pimenta da Veiga. Em 2010, quando concorreu pelo PSDB, ele teve 159.422 votos para deputado estadual. Sem Dinis da disputa, espera-se que pelo menos uma parcela desse eleitorado opte pela irm� do parlamentar, Ione Pinheiro, que concorrer� pelo DEM.
O segundo mais votado na lista, eleito com 106.519 votos, foi o ex-deputado Mauri Torres, que agora � conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Como Dinis, ele tamb�m tenta transferir o prest�gio nas urnas para o filho, Tito Torres (PSDB). Outro que virou conselheiro e deixa uma marca expressiva de 80.419 votos dispon�veis � Doutor Viana, que em 2010 conquistou uma cadeira na mesma coliga��o dos tucanos pelo DEM.
O secret�rio do PSDB de Minas Gerais, deputado Carlos Mosconi, que tamb�m vai liberar os 79,7 mil votos de 2010 para tentar conseguir uma cadeira na C�mara dos Deputados, pretende distribuir a vota��o. O parlamentar disse que optou por apoiar alguns nomes da base aliada ao PSDB em vez de tentar transferir todos os votos para algum tucano. “� at� algo que o PSDB precisa reavaliar, temos tido a pol�tica de valoriza��o das alian�as, que acho correta, mas depois das elei��es precisamos pensar em um programa para o crescimento do PSDB”, disse. Mosconi listou parcerias com nomes do PMN e PTB, al�m do PSDB.
Outro que optou por pulverizar o apoio do eleitor � o deputado Tenente L�cio (PDT), que tinha 49,2 mil votos em 2010 e agora tenta ampliar o n�mero para se eleger para uma cadeira em Bras�lia. “N�s dobramos com v�rios outros estaduais, v�o ser umas oito ou 10 dobradas”, conta.
Por motivos diferentes, os mais votados do PMDB tamb�m n�o ter�o seus n�meros dispon�veis nas urnas. O ex-vice-presidente da Assembleia, Jos� Henrique, que na sua �ltima elei��o foi dono de 93.622 votos, faleceu em agosto. Outros dois dos preferidos dos eleitores do PMDB, Ant�nio J�lio e Bruno Siqueira, trocaram o Legislativo por cadeiras no Executivo, deixando respectivamente 59.739 e 68.437 votos.
Nos bastidores, comenta-se que as bases de Z� Henrique, nas regi�es do Vale do Rio Doce e Leste mineiro, devem ficar com a cunhada dele, Celise Laviola. O deputado federal Jo�o Magalh�es, que desta vez concorre � Assembleia, tamb�m estaria capitalizando uma fatia do eleitorado de Z� Henrique, j� que fazia dobradinhas com ele enquanto concorria � C�mara. J� o prefeito de Par� de Minas, Ant�nio J�lio, deve distribuir boa parte de sua cidade para o colega Ivair Nogueira. O prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira, estaria apoiando o vereador Isauro Calaes (PMN).
Para a deputada Luzia Ferreira, mais votada do PPS na elei��o passada, o trabalho ser� manter os 50.620 votos na legenda. Ela iria apoiar o vereador Ronaldo Gontijo, de quem foi colega na C�mara Municipal, mas ele declinou de concorrer h� cerca de 15 dias. “Com isso, tem o ex-secret�rio de Sa�de Ant�nio Jorge e estamos discutindo tamb�m com o Tiago Cota (filho do prefeito de Mariana Celso Cota) e o Fabiano Tolentino”, contou.
O ex-deputado D�lio Malheiros (PV), atual vice-prefeito de Belo Horizonte, tamb�m � fiel � legenda. “Os votos v�o ser de quem correr atr�s, mas em alguns casos estou dando apoio a candidatos do partido. Pelo perfil do meu eleitor, que � de BH, indico o vereador S�rgio Fernando, que � advogado e militante verde, um perfil pr�ximo ao meu”, disse. No interior, Malheiros pretende transferir parcela dos seus 62,8 mil votos para Tiago Ulisses, “por sua vis�o municipalista.”
J� o deputado Jayro Lessa (DEM), que deixa a cadeira na Assembleia para voltar a ser somente empres�rio, n�o d� colher de ch�. Os 54,5 mil votos que o deixaram na primeira supl�ncia na coliga��o dos mais votados, como Dinis e Mauri, ser�o de quem trabalhar por eles. “N�o tive essa preocupa��o de passar para ningu�m, porque acho que o voto � meu e o pessoal j� tomou tudo que eu tinha. Pol�tica � assim, um tirou o p� o outro coloca”, afirmou. Parte dos votos, que s�o espalhados em diferentes regi�es, ele acredita terem ficado com Jo�o Magalh�es.
Quociente eleitoral
Nem sempre um candidato bem votado se elege para o Legislativo. E a culpa disso � do sistema adotado no Brasil para as cadeiras de vereador, deputado estadual e federal, conhecido como “proporcional”. A regra � que primeiro computa-se o voto de cada partido ou coliga��o para ent�o partir para a lista de vota��o dos candidatos. Ou seja, primeiro � preciso saber qual o n�mero m�nimo de votos para que cada partido ou coliga��o conquiste uma cadeira, o chamado “quociente eleitoral”. Ele � definido pela soma do n�mero de votos v�lidos dividido pelo n�mero de cadeiras em disputa. O saldo dessa conta corresponder� ao n�mero de cadeiras a serem ocupadas. Definidas as vagas de cada partido ou coliga��o, verifica-se a ordem de vota��o dentro de cada agremia��o. Os mais votados ficam com as vagas.