S�o Paulo - O PT acelerou as filia��es ao partido durante o governo Dilma Rousseff e nos �ltimos tr�s anos arrecadou a cifra recorde de R$ 49,7 milh�es apenas com os petistas de carteirinha que, pelo estatuto da legenda, s�o obrigados a pagar a chamada contribui��o partid�ria. Na compara��o com os dois mandatos do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, o processo de arregimenta��o foi aperfei�oado e o PT filia atualmente quase 8 mil pessoas por m�s.
O aumento da arrecada��o por meio da contribui��o partid�ria coincide com a possibilidade de as siglas n�o poderem contar mais com recursos de empresas para financiar suas atividades e as campanhas eleitorais dos seus candidatos.
No in�cio de abril, a maioria do pleno do Supremo Tribunal Federal se posicionou contra tais doa��es ao julgar a��o movida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O julgamento foi interrompido na ocasi�o por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.
Crescimento
A ascens�o do PT ao governo federal, com a elei��o presidencial de Luiz In�cio Lula da Silva em outubro de 2002, levou a um aumento no n�mero de filiados. Na �poca, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, eram 828 mil filiados. Em abril passado, a legenda atingiu a marca de quase 1,6 milh�o - um crescimento de expressivos 91%. A t�tulo de compara��o, o aumento m�dio dos filiados de todos os partidos foi de 37% no per�odo. O PMDB, que sempre ocupou a dianteira como maior partido em n�mero de filados, cresceu apenas 6% nos �ltimos 12 anos - tem atualmente 2,3 milh�es de filiados.
O maior aumento tem ocorrido no governo Dilma. Foram 196 mil filiados entre janeiro de 2011 e abril passado, n�mero mais de duas vezes maior do que o segundo colocado no per�odo, o PSB, com 92 mil novos membros.
A tabela de contribui��es do PT parte da contribui��o m�nima de R$ 15 por semestre, para os casos de quem � filiado sem ocupar qualquer cargo p�blico e recebe at� 3 sal�rios m�nimos, mas pode superar os R$ 3,2 mil por m�s, quando se trata de ocupante de cargo eletivo na esfera federal.
Para o secret�rio-geral do PT, o deputado federal Geraldo Magela (DF), o crescimento do partido est� ligado �s campanhas mensais de filia��o � legenda. Segundo ele, o processo de elei��o direta tamb�m estimula as novas ades�es � sigla. Ele lembrou que, recentemente, foi aprovada uma mudan�a segundo a qual era preciso estar em dia com as obriga��es financeiras para ter direito a votar na elei��o direta do PT. "Houve um processo de refinamento do crit�rio (de filia��o)", disse.
Para o deputado federal Paulo Teixeira (SP), antecessor de Magela na Secretaria-Geral, as contribui��es de filiados s�o o "caminho necess�rio" para os partidos se manterem, caso o Supremo decrete o fim das doa��es de empresas. Segundo ele, o PT tem potencial para incrementar as doa��es dos filiados comuns (sem cargos p�blicos) - respons�veis no ano passado por R$ 10 milh�es dos R$ 32 milh�es destinados � dire��o nacional.
Preocupa��o
Confrontados com os n�meros de arrecada��o do PT apenas com os filiados, presidentes de partidos se surpreenderam. "A� est� a preocupa��o dos partidos quando acabar o financiamento privado: o PT n�o sofreria tanto", reconhece o presidente em exerc�cio do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), que j� tentou lan�ar uma campanha de arrecada��o na legenda, sem sucesso. Com o maior n�mero de filiados, o PMDB de Raupp tem contribui��es s�o optativas.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), avaliou que o PT consegue tal desempenho porque tem uma participa��o efetiva em cargos no Executivo, principalmente no governo federal. Ele admite que n�o ser poss�vel ter contribui��es partid�rias semelhantes aos dos petistas e que o principal desafio do PP �, primeiro, mobilizar os j� filiados.
"N�o temos como objetivo arrecadar com as pessoas agora e n�o temos como fazer", disse, ao criticar a discuss�o sobre o financiamento privado no Supremo. "Jogaram muito para a plateia e, no meu ponto de vista, at� irresponsavelmente."
Procurada, a assessoria de imprensa do presidente do PT, Rui Falc�o, disse que ele n�o se pronuncia sobre quest�es envolvendo filia��o e arrecada��o de recursos e recomendou � reportagem procurar a assessoria de comunica��o do partido.
A reportagem enviou questionamentos, por e-mail, para a legenda, mas at� a conclus�o desta edi��o, n�o obteve retorno. Contatado pelo celular, o secret�rio Nacional de Organiza��o, Florisvaldo Souza, tamb�m n�o quis se pronunciar sobre o assunto.