
“Na minha administra��o, o metr� ser� prioridade. Um transporte r�pido e barato para a popula��o da capital”, garantiu o candidato ao governo de Minas. “A d�vida de Minas alcan�ou um valor calamitoso, comprometendo as finan�as do estado. � inexplic�vel que a administra��o deixasse chegar a essa situa��o”, discursou o outro candidato. As palavras acima, muito parecidas com o que tem sido dito pelos atuais candidatos ao Pal�cio Tiradentes, s�o propostas feitas h� mais de tr�s d�cadas. Na primeira disputa eleitoral pelo governo de Minas durante o processo de redemocratiza��o – ainda nos �ltimos anos da ditadura militar –, os candidatos Tancredo Neves (PMDB) e Eliseu Resende (PDS) apontavam temas que at� hoje est�o na lista de promessas dos que pretendem assumir o governo a partir do ano que vem.

As semelhan�as entre a campanha eleitoral em andamento e a de 1982 n�o param nas promessas dos candidatos. Assim como agora, quando partidos e pol�ticos aumentam a movimenta��o ap�s uma grande decep��o nacional no futebol com o fracasso da Sele��o Brasileira na Copa do Mundo, h� 32 anos uma outra derrota foi parar nos palanques. Em 5 de julho, dias antes do in�cio oficial da campanha, a Sele��o de Tel� Santana, que encantava torcidas no Mundial da Espanha, foi derrotada pela It�lia, no epis�dio que ficou conhecido como Trag�dia do Sarri�, em refer�ncia ao est�dio onde ocorreu a elimina��o brasileira. Dois dias depois, Tancredo falava sobre o impacto da derrota nas elei��es. “A derrota da Sele��o faz com que a elei��o ganhe intensidade e recrudescimento”, previu.
A corrida pelo voto dos 6,8 milh�es de eleitores mineiros – menos da metade dos mais de 15 milh�es que votar�o neste ano – tamb�m foi levada pelos partidos aos tribunais naquele ano. Ainda no fim do primeiro m�s de campanha, o PMDB questionou, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), uma propaganda de Eliseu Resende veiculada no r�dio e televis�o, que teria sido feita antes do prazo autorizado pela legisla��o. O PDS tamb�m tentou na Justi�a barrar atos de campanha de Tancredo Neves. Nenhuma das tentativas resultou em puni��o aos candidatos.
MOBILIDADE As propostas sobre a mobilidade deram o tom da campanha eleitoral que marcou o retorno da democracia em Minas Gerais. Apoiado pelo ent�o presidente Jo�o Baptista Figueiredo, �ltimo general no comando do pa�s no per�odo militar, Eliseu se apresentou como homem capaz de entregar aos mineiros as principais obras reivindicadas pelo estado. “Como ministro dos Transportes (entre 1979 e 1982) sei o caminho e as demandas para fazer as obras necess�rias em Minas Gerais. Vamos transformar o estado em um canteiro de obras”, garantiu ele durante inaugura��o do viaduto da Mutuca, na BR-040, ao lado de Figueiredo.
Tancredo criticou as promessas do ex-ministro, afirmando que o partido de seu advers�rio estava no poder desde 1964 e pouca coisa tinha sido feita at� ent�o. Ele criticava a falta de di�logo entre os governantes, apoiados pelo regime militar, e a popula��o. “Antes de pensar em novas obras, Minas precisa terminar o que come�ou. Meu governo ter� um Pal�cio diferente desse dos �ltimos 12 anos, transformado em resid�ncia dos representantes da ditadura”, afirmou o senador.
Por sua vez, Tancredo tinha que enfrentar a afirma��o dos advers�rios de que, se eleito em 1982, n�o concluiria seu mandato, uma vez que teria interesse em disputar as elei��es presidenciais de 1985, que j� come�avam a ser planejadas. Eleito, ele deixou o Pal�cio da Liberdade dois anos depois para tentar – e vencer – a corrida para presidente, decidida indiretamente em col�gio eleitoral do Congresso.