A presidente Dilma Rousseff procurou nessa quarta-feira desvincular o governo da suspeita de participar, em dobradinha com o PT, de uma estrat�gia para combinar perguntas e respostas com os depoentes da CPI da Petrobras no Senado, evitando preju�zos ao projeto de reelei��o. "Acho estarrecedor que seja necess�rio algu�m de fora da empresa elaborar perguntas para a Petrobras”, afirmou Dilma.
Dilma chegou a fazer men��o de deixar a entrevista, mas decidiu prosseguir com a resposta. "Eu queria saber se voc�s podiam me informar quem elabora perguntas e respostas sobre petr�leo e g�s para a oposi��o. Muito obrigada. N�o � o Pal�cio do Planalto nem nenhuma sede de nenhum partido", afirmou.
Horas depois da entrevista da presidente, o secret�rio executivo da Secretaria de Rela��es Institucionais, Luiz Azevedo, divulgou nota afirmando ter atuado na CPI da Petrobras. Ele justificou a iniciativa sob a alega��o de que atender �s demandas da comiss�o faz parte de suas atribui��es.
"Por se tratar de uma a��o investigativa do Parlamento envolvendo uma empresa estatal, evidentemente a articula��o pol�tica do governo n�o deve se omitir de participar dos debates com parlamentares, inclusive para a forma��o do roteiro e da estrat�gia dos trabalhos", escreveu Azevedo, que, segundo o jornal Folha de S.Paulo, coordenou a atua��o da Petrobras e da lideran�a do PT na CPI do Senado. "Trabalhos esses que foram, desde o in�cio, boicotados pela oposi��o, que agora se utiliza de oportunismo para explorar politicamente o factoide criado", afirmou o secret�rio executivo na nota.
Segundo reportagem da revista Veja, o servidor Paulo Argenta, tamb�m da Secretaria de Rela��es Institucionais, foi um dos autores das perguntas encaminhadas ao relator da CPI, Jos� Pimentel (PT-CE), para que elas fossem repassadas � presidente da Petrobras, Gra�a Foster, ao ex-presidente da estatal Jos� Sergio Gabrielli e ao diretor internacional Nestor Cerver�. O minist�rio, comandado por Ricardo Berzoini, respons�vel pela articula��o pol�tica do Planalto com o Congresso, nega atua��o eleitoreira no epis�dio.
"Quem sabe das perguntas sobre petr�leo e g�s s� tem um lugar no Brasil... (Ali�s), eu n�o diria um, eu diria v�rios lugares no Brasil: a Petrobras e todas as empresas de petr�leo e g�s", afirmou Dilma. Questionada se esquecera de mencionar a Ag�ncia Nacional de Petr�leo, a presidente emendou: “Mas a Petrobras sabe mais. H� uma simetria de informa��es entre n�s, mortais, e o setor de petr�leo. O setor de petr�leo � altamente oligopolizado, extremamente complexo tecnicamente."
Indagada sobre o que achava da possibilidade de Gra�a Foster ter bens bloqueados pelo Tribunal de Contas da Uni�o no processo que apura o caso Pasadena, Dilma disse � rep�rter: "Voc� j� julgou, querida?". "Eu te agrade�o por n�o fazer isso. Acho que, se n�o houve julgamento, n�o gera constrangimento nenhum. Pe�o para voc� n�o fazer uma pergunta sobre o julgamento de uma corte que n�o foi feito. N�o � correto."
"Omiss�o"
Para o ministro da Secretaria-Geral da Presid�ncia, Gilberto Carvalho, a oposi��o "for�a a barra" para atingir a candidatura de Dilma. "Vejo uma tentativa de criar um esc�ndalo que, se ocorreu, ocorreu por uma brutal omiss�o da oposi��o que entendeu que n�o deveria participar da CPI", disse Carvalho, que criticou A�cio Neves, candidato do PSDB � Presid�ncia, insinuando que ele n�o comparece ao Senado.