
Ele aparece com apenas um ponto percentual em todas as pesquisas de inten��o de voto, mas foi quem mais chamou a aten��o no primeiro debate entre os presidenci�veis na noite da �ltima ter�a-feira (26). A participa��o do m�dico sanitarista e candidato do PV � Presid�ncia da Rep�blica, Eduardo Jorge, 65 anos, foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Chegou a ser chamado de “Mujica brasileiro”, refer�ncia ao presidente do Uruguai, Jos� Mujica, que, como ele, � a favor do aborto e da libera��o da maconha. Como o uruguaio, Eduardo Jorge nunca usa terno – era o �nico no debate que n�o portava o traje – e costuma ser visto chegando aos compromissos de campanha de transporte coletivo. A defesa pelo candidato de temas considerados tabus foi alvo de v�rios memes positivos, como s�o chamadas as refer�ncias feitas a determinadas pessoas ou assuntos que alcan�am grande popularidade na internet. Mas tamb�m “apanhou” por causa de um coment�rio a respeito da apar�ncia da candidata do PSB, Marina Silva, chamada por ele de “magrinha”. O PV aproveitou a onda de popularidade e compilou em sua p�gina na internet as declara��es do candidato que mais geraram coment�rios.
Ao questionar a candidata do PSB sobre a d�vida p�blica brasileira, Eduardo Jorge disse que, se ela fosse auditada, sairia “magrinha”. “Parecida com voc�”, disse o candidato, arrancando risadas da plateia e um olhar fulminante da advers�ria, que n�o rebateu a coloca��o durante o debate. Feministas e defensores dos direitos das mulheres acusaram o candidato de reproduzir a cultura machista ao usar a apar�ncia da mulher para desqualificar ou fazer piadas. Marina postou ontem, em sua p�gina no Facebook, um v�deo para quem a considera “magrinha e fraquinha”. “O pessoal diz que a Marina � magrinha, fraquinha. Eu sou magrinha. Mas, olha, eu venho da Amaz�nia”, afirma candidata no v�deo, gravado durante um com�cio, onde ela se compara a uma �rvore que n�o se verga nem com machado e ainda “solta fa�sca”.
Mas n�o foi s� Marina que se irritou com Eduardo Jorge. Nessa quarta-feira, em entrevista a um portal de not�cias, ele defendeu o fim do sal�rio para vereadores. Segundo ele, se eleito, vai propor projeto para acabar com o sal�rio dos vereadores em todo o pa�s. Na opini�o do candidato, com essa medida seria poss�vel aumentar o n�mero de vereadores e fortalecer a democracia representativa. “Porque a gente quer que o povo volte a gostar da democracia representativa”, defendeu o candidato, que, at� 2003, era filiado ao PT.
Proposta semelhante foi defendida por ele em Belo Horizonte, em campanha no in�cio deste m�s, ao lado dos vereadores Leonardo Mattos (PV) e S�rgio Fernando (PV), que, na mesma hora, protestaram contra a fala do candidato. A rea��o levou Jorge a admitir que h� falta de apoio ao projeto dentro do partido. Na capital mineira, o candidato fez campanha andando de bicicleta pela orla da Lagoa da Pampulha.
‘Lei cruel’
Na ter�a-feira (26), em sua participa��o no debate, Eduardo Jorge criticou a atual legisla��o brasileira, que considera crime a interrup��o da gravidez e permite que ela seja feita apenas se n�o houver outra forma de salvar a vida da gestante ou no caso de gravidez resultante de estupro. Para ele, a legisla��o � cruel. “Ela (a lei) coloca 800 mil mulheres � pr�pria sorte, procurando cl�nicas clandestinas e morrendo ou ficando com sequelas”, disse Jorge, que questionou o candidato do PSDB, A�cio Neves, sobre o tema e ouviu do tucano que, se eleito, n�o mudaria a lei que trata do assunto.
Ao ser indagado sobre formas de reduzir a viol�ncia, Eduardo Jorge surpreendeu ao defender a regulamenta��o das drogas como uma maneira de combater a esse problema. Em entrevistas anteriores, o candidato j� vinha defendendo a regulamenta��o da maconha, proposta que consta inclusive de seu programa de governo. No debate, ele se posicionou ainda a favor do sistema parlamentarista e do fim do voto obrigat�rio, citou Leon Tolst�i , John Lennon e Mahatma Gandhi ao defender a cultura de “paz e amor”.